O Comissário Provincial da Polícia da Ordem Pública (POP) e mais alguns agentes da polícia foram agredidos com pauladas e outros objetos na manhã desta sexta-feira, 14 de maio de 2021, por populares da aldeia de Contuba no setor de Ganado, região de Bafatá no leste da Guiné-Bissau. Segundo as informações apurada pelo jornal O Democrata junto de responsável da organização da sociedade civil na região, os populares terão decidido fazer a reza de “Eid Mubarak – ramadã” na manhã desta sexta-feira, ao contrário da maioria das aldeias da região e do país que rezou ontem (quinta-feira).
Contuba é uma aldeia constituída por cerca de três mil habitantes que na sua maioria professam a fé islâmica, e situa-se entre Gã-Mamudo, sede do setor de Ganado e a ponta de Capé. De acordo com a correspondente da emissora católica, Rádio Sol Mansi, em Bafatá, contactada pelo O Democrata, a polícia foi informada que algumas tabancas na região, designadamente: Bidjini, Gã-Fati e Contuba, iriam rezar na manhã desta sexta-feira. A polícia conseguiu demover as populações das aldeias de Bidjini e Gã-Fati, a não rezar e de deixar o campo da reza para voltar às suas casas.
Frisou que já em Contuba, a população local nem sequer aceitou ouvir o Comissário da Província que fez questão de deslocar-se até a aldeia e agrediram-no, juntamente com os polícias que o acompanharam. Esta informação foi confirmada pelo presidente da organização da sociedade civil da região de Bafatá, Braima Darame, que por telefone, assegurou que foram as populações que agrediram os polícias a pauladas e outros objetos.
“O Comissário foi retirado do local por um habitante da própria tabanca que o levou para a sua casa. Ainda assim, algumas pessoas foram até lá tentaram entrar na casa do homem para retirar o Comissário a ele e os policiais. O homem que abrigou o Comissário foi obrigado a pegar em uma arma e ameaçou atirar contra quem tentasse violar a porta da sua casa” contou para de seguida, avançar que foi desta forma que o Comissário teria conseguido sair daquele local e voltar para a cidade de Bafatá.
PIR REFORÇA POP DE BAFATÁ E INVADIR A ALDEIA DE CONTUBA
O Democrata apurou que quatro viaturas da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) saíram da capital Bissau para reforçar os elementos da POP de Bafatá e desencadear uma operação de detenção de responsáveis pelas agressões aos polícias.
A polícia chegou à aldeia de Contuba e viu barricadas (pedras e ramos de árvores) no caminho colocados por populares. Algumas pessoas seguravam alguns materiais e ramos de árvores e a polícia usou gás lacrimogêneo e recorreu a bastões e cinturões para dispersar populares.
O presidente da organização da sociedade civil da região de Bafatá explicou que no confronto entre as forças de segurança e os populares de Contuba, registaram-se onze feridos, dos quais, seis civis e cinco polícias, incluindo o Comissário da POP de Província. Uma fonte da aldeia informou ao nosso jornal que até as 22 horas, as forças de segurança detiveram 36 pessoas incluindo o próprio imame da tabanca de Contuba, que dirigiu a reza.
A fonte da esquadra de Bafatá contactada pelo O Democrata, disse que o imame foi chamado para ser ouvido na qualidade de testemunha e que será dispensado para voltar à aldeia.
HOSPITAL DE BAFATÁ CONFIRMA EXISTÊNCIA DE FERIDOS LIGEIROS E NEGA QUE TENHA HAVIDO MORTES
Entretanto, a médica que esteve de serviço nas urgências do hospital regional de Bafatá, disse a O Democrata por telefone que deram entrada naquele serviço onze pessoas com ferimentos ligeiros e apenas uma é que partiu o braço. Explicou que dos onze feridos, seis são civis e cinco polícias.
“Atendemos cinco polícias feridos e com algumas contusões, mas apenas uma mulher da Guarda Nacional é que chorava devido às dores que sentia, porque disse que foi agredida com paus. Uma pessoa também da parte da polícia teve ferimentos na cabeça e apanhou alguns pontos, mas todos tiveram alta e foram para as respetivas casas. Da parte da população foram seis civis feridos, um teve um corte na cabeça e levou oito pontos, e uma pessoa partiu o braço (pulso) direito e um dedo anelar esquerdo”, relatou a médica que esteve de serviço nas urgências até às 18 horas.
A médica negou quaisquer casos de óbito resultantes do confronto entre as forças de segurança e os populares da tabanca de Contuba.
Por: Assana Sambú
