A polémica instalou-se no seu dos clubes desportivos da Guiné-Bissau, depois do Comité Executivo da Federação de Futebol do (FFGB) anular o campeonato nacional de futebol da época desportiva 2019-2020, que estava suspenso desde mês do março último, quando as autoridades decretaram o estado de emergência no país, devido à covid-19.
Numa deliberação datada de 06 do mês em curso a que a secção desportiva do Jornal O Democrata teve acesso, o órgão que gere o futebol nacional justifica a decisão na base das opiniões subscritas pelos clubes e associações filiais da FFGB.
“O organismo no uso das suas prerrogativas estatutárias decide anular o campeonato, que foi interrompida ao meio da época”, lê-se na deliberação do Comité Executivo da FFGB.
Em reação à decisão, o presidente do Sport Bissau e Benfica, Wilson Pereira Batista, disse que o seu clube transmitiu uma proposta à FFGB que permitiria concluir o campeonato.
“Foi com muita pena que recebemos esta decisão, porque a opinião do meu clube que entregamos à federação não era para anular o campeonato, mas para arranjar uma solução melhor que permitisse a continuidade do campeonato”.
Pereira Batista entende que não “foi elegante” terminar a prova desta forma, porque vários campeonatos tinham sido suspensos por razões de ordem sanitária, porém, as entidades federativas de outros países adotaram as melhores soluções para concluir as provas.
Pereira falava aos jornalistas, na sede do clube, no passado dia 20 de novembro, após a cerimónia de apresentação de duas reforços da equipa de futebol feminino das águias de Bissau para época desportiva 2020-2021, ainda sem data indicativa para o seu início.
Quem também não gostou da decisão da FFGB de anular o campeonato é a equipa do FC Cuntum, um dos três clubes que estavam atrás do FC Canchungo, líder da prova com 28 pontos, após a conclusão da primeira volta da época desportiva 2019-2020.
Em uma declaração à Rádio Jovem e ao Jornal O Democrata esta terça-feira, 25 de novembro, o presidente do FC Cuntum, Pedro Bucar Sanhá, frisou que o clube transmitiu à federação que está contra a decisão de anulação do campeonato nacional.
“Recebemos um formato da FFGB, onde o nosso clube mostrou a sua posição para encontrar a solução para concluir a época desportiva e depois de todos os clubes apresentarem os seus depoimentos, a federação não chamou ninguém e decidiu deliberar de forma isolada anular o campeonato”.
Sanhá considera “grave” a decisão do Comité Executivo e fez lembrar ao organismo das verbas gastas pelos respetivos clubes desde início da época, que agora terminou sem campeão da prova.
Numa entrevista à Lusa, Bonifácio Sanhá, um dos vice-presidentes do órgão, disse que o país conheceu períodos de chuvas intensas entre os meses de junho e outubro, pelo que a maioria dos campos de jogo não tinham condições para a prática de futebol.
Na altura da paragem do campeonato, os clubes da primeira e segunda divisão preparavam-se para iniciar a segunda volta da prova e também já tinham disputado a primeira mão da Taça da Guiné-Bissau.
A reportagem de O Democrata tentou, sem sucesso, obter a reação do líder do campeonato nacional da primeira divisão, FC Canchungo. Na conversa telefónica com segundo vice-presidente do clube, Humberto Tavares, disse que a sua equipa vai falar depois do encontro com a direção da FFGB.
O Democrata soube que encontro entre direção do FC Canchungo e o organismo que dirige o futebol nacional terá lugar amanhã, quinta-feira, 26 de novembro, na sede da federação, no Alto Bandim.
Por: Alison Cabral