Os empresários da Guiné-Bissau podem exportar do país para a República da Índia sem serem sujeitos ao pagamento de impostos, revelou o próprio Embaixador deste país continental asiático para a Guiné-Bissau com residência em Dacar, Senegal, Rajjev Kumar.
Rajjev Kumar falava na última quinta-feira, 18 de Janeiro 2018, à margem do ‘1.º Encontro de Identificação e Exploração de Oportunidades de Negócio entre a Índia e a Guiné-Bissau’, na qual avança também que os empresários da Guiné-Bissau não precisam pagar os vistos para entrar no território indiano.
O diplomata indiano, disse acreditar que os dois países continuarão a realizar encontros do género, esclarecendo que o referido evento não se resume apenas a castanha de cajú, mas sim serve para descobrir outros produtos, sublinhando que caju é já conhecido entre os indianos, por isso, considera que há necessidade de avançar para outras identificações e exploração. “Cajú já foi identificado e explorado”.
Para Rajjev Kumar, este tipo de evento pode servir de um fórum para compartilhar informações com vista a elevar ainda mais o nível de relacionamento entre os empresários guineenses e indianos, referenciando que cajú é a base do relacionamento entre a Índia e a Guiné-Bissau. Revelou que o valor comercial da Índia estima-se em 250.000.000 (duzentos e cinquenta milhões) de dólares americanos, frisando que a Índia exporta para o nosso país apenas cerca de 10 milhões de dólares e o resto é na compra dos produtos guineenses, sustentando que ambos os países são importantes um para o outro.
De acordo com os dados estatísticos, cerca de oitenta por cento (80%) da castanha de cajú é encaminhada para Índia. Cajú é principal produto comercial que representa 93% das receitas de exportação da Guiné-Bissau.
O empresário guineense, Agnelo Augusto Regala Lima Gomes diz ao Jornal O Democrata que fizeram uma revista dos 30 anos de cooperação comercial com a Índia centrada no cajú.
“A Índia é um exemplo da economia, mas em dois sentidos. Nós não podemos permitir que as empresas indianas continuem vir a Guiné-Bissau desestabilizar as empresas nacionais que precisam de trabalhar, de vender, de empregar e de investir, depois de três meses irem embora! Nós temos que continuar numa relação com a Índia, economicamente saudável no sentido de poder proporcionar investimentos sérios e noutras áreas”, adverte Lima Gomes.
Na visão deste empresário guineense, ter um armazém não é um investimento, realçando que um investimento tem a ver com aplicação do capital, na criação de fábricas, construção de hotéis, investir no setor turístico, criar empresas e gerar empregos, acrescentando que a classe política guineense ainda não entende, mas que deve entender. Disse que a Índia é dos países mais fechados do mundo, onde segundo disse, para criar uma empresa leva “dez anos”, o que na sua opinião não é nada mau, alertando que a Guiné-Bissau deve ir procurar estes componentes.
Para Lima Gomes, a Guiné-Bissau não deve continuar a viver numa economia de ralenti, incrementando a economia e a consolidar o produto interno, o que no seu entender não é uma forma justa de fazer funcionar uma economia.
Desafiou a classe política para criar um fórum de concertação económica, onde possam dialogar de uma forma franca, no sentido de criar regras e leis fortes para o bem-estar da economia do país, considerando que alguma coisa está mal no setor económico guineense.
O empresário Jorge Mandinga também defende a criação de um fórum, onde os empresários com poderes de decisão poderão definir o que fazer para o futuro, ou seja, projetar o que é que a Guiné-Bissau precisa fazer dentro de 20 anos, como fazem outros países.
“E é neste fórum que vamos trabalhar neste sentido, nós todos: nós empresários; a polícia; os governantes e a comunicação social, todos têm que conhecer o nosso objetivo e não vamos estar a criticar mais. Ai de nós [guineenses] se Luís Cabral não tivesse plantado a castanha de cajú”, conclui Jorge Mandinga.
Por: Sene Camará
Foto: SC