O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Central Sindical (UNTG-CS), Júlio António Mendonça, afirmou esta quarta-feira, 14 de julho de 2021, que o ato perpetrado por agentes da Polícia da Ordem Pública (POP) e de Intervenção Rápida (PIR) contra os trabalhadores guineenses “é um insulto e menosprezo total ao sofrimento do povo da Guiné-Bissau”.
Júlio António Mendonça reagia à intervenção das forças policiais que dispersaram hoje dezenas de manifestantes que estavam concentrados na sede nacional da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) para marchar, entre outros assuntos, contra 1 “subsídios milionários” e impostos aplicados pelo governo aos trabalhadores públicos.
A intervenção da polícia, que abortou os protestos que nem se quer tinham sido iniciados, terá resultado em quatro feridos, disse Júlio Mendonça. Os agentes das forças da ordem chegaram muito cedo ao local e cercaram os manifestantes quando estes se preparavam para iniciar a marcha que teria o itinerário da sede da UNTG à Assembleia Nacional Popular, bloqueando-lhes a passagem.
No meio de muita confusão, a polícia lançou novamente o gás lacrimogénio dentro da sede da UNTG para dispersar alguns dos marchantes que ainda resistiam à pressão policial.
Perante estes fatos, o sindicalista frisou que o povo deve saber que se não lutar, continuará a viver na penúria e sofrimento. Assim a luta da UNTG vai continuar, porque “é uma missão que as organizações sindicais assumiram para defender os trabalhadores”.
“Pela informação que temos, foram feridas 4 pessoas no lançamento do gás lacrimogênio. Essas pessoas já foram encaminhadas para o hospital”, afirmou e acrescentando que mesmo com esse “ato de terror” que acontecera, “não vamos desistir da nossa luta”.
Júlio Mendonça anunciou para o próximo dia 28 do mês em curso a nova manifestação dos trabalhadores e disse esperar que os governantes percebam que hoje estão no poder, e amanhã poderão não estar, por isso cada um deve assumir as suas responsabilidades.
Júlio Mendonça responsabilizou as forças da ordem por todas as violações cometidas contra os funcionários públicos que queriam marchar contra os subsídios milionários e impostos aplicados pelo governo aos servidores públicos.
Júlio Mendonça acusou o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian e o ministro do Estado e do Interior, Botche Candé, de serem eles, os cabecilhas dessa “violação perpetrada pelos agentes da POP e da Polícia da Intervenção Rápida (PIR)”. Segundo Júlio Mendonça, essas figuras sabem perfeitamente que os atos praticados pelas forças policiais não coadunam com aquilo que é plasmado na Constituição da República.
Questionado por que razão a UNTG decidiu realizar a marcha numa altura em que está em negociação com o executivo, Júlio Mendonça disse que os sindicatos não estão em nenhuma negociação com o governo.
Esclareceu que o ciclo de manifestações e protestos convocados pelos trabalhadores públicos e que teria o seu início hoje vem no quadro da celebração do dia 03 de agosto, data dos Mártires de Pindjiquiti, dia nacional dos trabalhadores, para mostrar a sua indignação face à forma como os direitos dos funcionários públicos são violados sistematicamente.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: Marcelo Na Ritche