[SEMANA 23_2022] Um camponês e comerciante decidiu desembolsar uma quantia de mais de cinco milhões de francos cfa para a construção de uma escola em Encheia, sua aldeia natal. A nova escola comunitária que conta com dois pavilhões, cada um com duas salas de aulas e alberga um total de 373 alunos, que frequentam do 1° ao 8° ano de escolaridade, foi batizada com o nome do combatente da liberdade de pátria e cineasta Flora Gomes, em homenagem ao seu trabalho para o bem-estar do país.
Queletche Tanhilé é natural de Encheia e deixou a sua aldeia na década 90 para a capital Bissau, com o intuito de prosseguir os estudos e em busca de melhores oportunidades de vida para ajudar na sobrevivência da sua família, explicou ao semanário O Democrata que financiou a construção da escola sozinho sem ajuda.
“Construi a escola com recursos próprios para ajudar as crianças que são obrigadas a atravessar o rio para ir à escola noutra aldeia, porque a escola que temos aqui é muito pequena tendo em conta o número da população desta seção. Construímos uma escola para lecionar do 1° ao 8° ano tudo para ajudar as nossas crianças. Ainda temos espaços que podemos aproveitar para fazer outro pavilhão, mas pedimos às pessoas de boa vontade para nos apoiarem nesta tarefa” disse, para de seguida explicar que os salários dos professores são assegurados por ele porque muitas vezes, são obrigados a tirar dinheiro de outra escola que tem em Bissau, também denominada Flora Gomes, para pagar os professores da escola de Encheia.
Encheia é uma seção de nove aldeias, com uma população estimada em mais de 16 mil pessoas, segundo a administração do setor de Bissorã.
O administrador do setor, Abna Embana, agradeceu o gesto de Queletche Tanhiléi, lembrando que a escola é a chave para a promoção do desenvolvimento de qualquer nação.
BIOGRAFIA
Queletche Tanhilé, de 52 anos de idade, nasceu em Encheia, setor de Bissorã, região de Oio. Começou a escola primária naquela aldeia e muito cedo decidiu migrar para a capital Bissau, com o intuito de prosseguir os estudos e em busca de melhores condições de vida.
Estudou na escola Patrício Lumumba até a 5ª classe enquanto trabalhava como auxiliar de pedreiro nas obras e no período da tarde, ia à escola. Deixou a escola com apenas a 5ª classe, mal aprendeu a escrever e ler e a fazer as contas, aventurando-se no comércio e na lavoura.
Vendeu óleo alimentar, cebola e outros produtos alimentares em diferentes mercados da capital Bissau, depois passou a comercializar aguardente e outras bebidas alcoólicas e refrigerantes. A atividade acabou por render-lhe mais e abriu lojas no setor de Bissorã, São Domingos e Bafatá.
Construiu uma escola privada em Antula (Bissau) que batizou com o nome de Flora Gomes e outra na sua aldeia natal, Encheia, denominada também com o nome de combatente e cineasta, Flora Gomes.
Por: Assana Sambú