A jovem empreendedora Satam Injai, afirmou que o setor de empreendedorismo está à deriva tal como o próprio país, tendo criticado a ausência de leis favoráveis para o bom funcionamento do empreendedorismo, como também a falta de financiamentos ou de bancos de investimento que apoiassem o empreendedorismo.
Injai fez esta crítica na entrevista ao nosso semanário no âmbito da comemoração do dia de empreendedor guineense que se assinala a 23 de setembro e que este ano foi celebrado sob o lema “Empreendedorismo é o caminho para o desenvolvimento”.
A jovem empreendedora assegurou que a instabilidade política e governativa é um dos fatores que dificultam muito os empreendedores, porque “qualquer tipo de instabilidade coloca em causa os sonhos e investimentos de um empreendedor”.
“Quando se vai pedir crédito aos bancos comerciais, pedem muitas garantias que um empreendedor que começa a montar um negócio não tem, mas há pessoas na praça de Bissau que conseguem empréstimos de milhões de francos CFA”, criticou e disse que “isto não é bom para um país que quer crescer e ajudar os jovens a saírem do desemprego”.
Defendeu que é preciso que haja uma política favorável ao crescimento dos negócios, a criação de um banco de investimento ou convencer os bancos comerciais para que os empreendedores recenseados possam ter acesso a créditos bancários e facilidades na forma de taxas de juros.
“O Estado não pode continuar a ser o maior empregador na Guiné-Bissau. É preciso criar as condições para que os empreendedores tenham empresas credíveis que possam dar emprego aos jovens, ajudando o Estado a descongestionar a função pública”, precisou.
Injai criticou o governo pela falta de políticas favoráveis ao empreendedorismo na Guiné-Bissau e que, quando um empreendedor monta um negócio, não encontra um quadro legislativo que regulamenta o seu negócio, porque a direção-geral de contribuições e impostos faz cobranças, o comércio faz assim como a Câmara Municipal e a indústria também fazem cobranças e o empreendedor acaba por não ter nada em termos de ganhos que lhe permitam pagar as despesas e os trabalhadores.
A empreendedora enfatizou que a implementação do Programa Maior defendida pelo pai da nacionalidade guineense, Amílcar Cabral, não foi bem sucedida, “porque o país criou e promoveu tipos de políticos que sempre colocaram o interesse pessoal em cima dos interesses comuns, resolvendo problemas das suas famílias”.
Assegurou que a mentalidade dos guineenses não cresceu, razão pela qual os governantes não fazem política para servir o povo, alertando que neste momento todas as coisas estão à deriva, tanto para os empreendedores, os jornalistas e quanto os outros setores por causa da má política de sucessivos governantes.
“Celebramos 49 anos com muita deficiência. No entanto, temos algumas conquistas. Lembro-me quando era pequeno havia várias casas de palha no meu bairro, mas hoje todas foram cobertas de zinco. É um sinal de crescimento, também temos várias pessoas com formação superior, mas os interesses pessoais continuam no centro da atenção e a minar os sonhos de milhares de outros cidadãos”, sublinhou.
Por: Aguinaldo Ampa