Federação de Natação: ATLETA DENUNCIA “TEIA” DE CORRUPÇÃO, DESCRIMINAÇÃO E FRAUDES NA FEDERAÇÃO E COMITÉ OLÍMPICO 

[ENTREVISTA] Siphiweka Baleka, atleta norte-americano-guineense, que representa as cores nacionais na modalidade de natação, denunciou a existência de “teia de aranha” de corrupção, descriminação e fraudes na federação de natação e a nível do Comité Olímpico da Guiné-Bissau, afirmando que foi alvo de traição e discriminação na federação de natação.

“Apesar da discriminação e traição de que fui alvo e dos dirigentes da federação e do Comité Olímpico terem cometido um crime de perjúrio na justiça internacional para me penalizar, nunca me arrependi de ter escolhido a Guiné-Bissau, porque estou aqui para cumprir uma missão dos meus ancestrais. Por mais que essa missão seja complicada, tenha riscos e todos os constrangimentos deste mundo, eu vou continuar a lutar pela federação de natação”, disse o atleta, revelando que foi vítima de crimes de fraude, traição, discriminação, incompetências e impunidade que se registam atualmente na federação de natação na Guiné-Bissau. 

O nadador Siphiweka Baleka é um atleta norte-americano, que decidiu procurar as suas raízes na Guiné-Bissau, que por meio de análise de DNA descobriu-se que pertence ao grupo étnico balanta.

O atleta foi visto pela primeira vez no pódio no Campeonato Internacional de Natação Masculino, realizado no Egito em Outubro de 2019, com a bandeira da Guiné-Bissau, onde estava escrito BALANTA e pintou seu corpo de pinturas da etnia Balanta, ou seja, de ‘Nghayé’. Baleka dominou aquele campeonato e conquistou três medalhas de ouro em três provas disputadas.

ATLETA ACUSA SÉRGIO MANÉ COMO MAIOR ESTRANGULAMENTO À MODALIDADE QUE COMITE OLÍMPICO REPRESENTA

Siphiweka Baleka afirmou que não está disposto a trabalhar mais com Duarte Ioia e Sérgio Mané, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, por serem “persona non grata”, tendo apontado Sérgio Mané como um estrangulamento à modalidade que o Comité Olímpico representa, em particular à federação de natação.

“Tenho enviado correspondências ao Duarte, ao ministro dos desportos e ao próprio Sérgio a pedir uma mediação e reconciliação, mas este último nunca se dignou responder uma única carta minha. Depois da legalização da federação de natação, solicitamos a nossa participação num torneio da zona II da África Ocidental, mas Sérgio Mané bloqueou a nossa tentativa e chamou-me de cidadão americano”, denunciou.

Na carta com a data de 21 de abril de 2022, endereçada ao Secretário-geral   da Confederação Africana de Natação, Mohamed Diop, o Comité Olímpico da Guiné-Bissau disse que estava a acompanhar com preocupação a tentativa de desestabilização da Federação por um cidadão americano, Siphiweka Baleka, que adquiriu a nacionalidade bissau-guineense que pretendia representar nos jogos Olímpicos de Tokyio, porque “não entendeu os critérios de elegibilidade que lhe permitiriam participar nos jogos”.

Na mesma carta, o Comité afirmou não reconhecer “a outra entidade que não seja a que estava a ser chefiada por Duarte Ioia, cuja composição de órgãos estava com a Federação Internacional de Natação”.

Sobre este assunto, Siphiweka Baleka disse que a atitude de Sérgio Mané revela o quanto é grave a discriminação que sofreu dele e os prejuízos que teve de consentir por causa de uma pessoa que não o vê a progredir na federação de natação, tendo lembrando que não cometeu nenhuma fraude ou crime para conseguir a nacionalidade guineense, mas disse presumir que essa luta não se deve apenas ao fato de ele ter sido um cidadão americano, mas sim de ter-se identificado com a etnia balanta na Guiné-Bissau.

“Sérgio Mané e Mohamed Diop conhecem-se muito bem e deve ter sido fácil manipulá-lo com informações falsas sobre mim e quando viajamos para o Senegal simplesmente bloqueou a nossa participação. Se tivesse participado no evento do Senegal com o mesmo tempo que o do Gana, conseguiria uma medalha. Foi na competição de Dakar que Pedro Rogeri, de 25 anos de idade, foi chamado pela primeira vez para competir pela Guiné-Bissau”, indicou.

Siphiweka Baleka revelou que no primeiro evento em que Pedro Rogeri participou ficou nas três últimas posições da lista dos concorrentes, não trouxe nenhuma medalha e nadou sete segundos de atraso do que ele, uma eternidade, o que revela que não tem futuro.

Disse ter sido travado, porque se tivesse tido a oportunidade de representar o país nos jogos Olímpicos, estaria nos olhos dos media internacionais e revelaria os estrangulamentos, comportamentos eróticos dos dirigentes e as dificuldades que os atletas desta modalidade enfrentam e isso exporia Sérgio Mané.

“Mas não era isso que estava em causa. A minha participação com a idade que tem chamaria atenção do mundo e atrairia investidores, mas a falta de visão de alguns dirigentes colocaram-me no interno”, lamentou.

Afirmou que se fosse reconhecido e se lhe fosse confiada a liderança da federação, trabalharia primeiro para que a FINA o reconhecesse, porque com esse reconhecimento a federação beneficiaria de um programa de apoio de 30  mil dólares para fazer prospecção de novos talentos em todo o território nacional, organizaria a primeira competição interna, mobilizaria fundos junto dos seus contatos para financiar a modalidade  e apoiar o treinamento completo de 20 atletas, 10 rapazes e 10 raparigas que iriam competir no próximo torneio mundial e nos próximos jogos Olímpicos, bem como construir uma piscina de qualidade para competições internas.

Revelou ter elaborado um plano de cinco anos que foi submetido ao diretor-geral de desporto e acusou Sérgio Mané de sequestrar a sua visão e os seus planos para o setor de natação, porque “de onde saem fundos para levar o Pedro mais duas pessoas para competir num só evento, alojarem-se num hotel de referência por seis dias, incluindo as refeições completas, sem resultados?”

“Se fosse comigo, teria sido diferente. Com 50 anos de idade, poder-me-ia inscrever em seis provas e conquistar, pelo menos, duas medalhas importantes. Desde 1996, Sérgio Mané sempre foi secretário ou presidente do Comité. Volvidos quase trinta anos que resultados palpáveis teve ou trouxe para o país”, criticou e disse que estatisticamente que a participação do país em mundiais e jogos Olímpicos é crítica.

“Em 1996, a Guiné-Bissau levou três atletas para os jogos Olímpicos, 2000 três, 2004 três, 2008 três, 2012 quatro, 2016 cinco e em 2021 quatro”, indicou, sublinhando estas que estatísticas revelam que não houve nenhuma melhoria nesse setor e que Sérgio Mané colocou o país em maus lençóis, porque “não é justo que uma pessoa que não teve nenhuma performance durante quase 30 anos continue à testa do Comité”.

“Em Tokyo, o país foi representado por 4 atletas mais 12 pessoas. De onde saiu o dinheiro para suportar as despesas e as férias dessas pessoas? De quatro em   quatro anos durante quase 30 anos, Sérgio apenas foi às férias, passear. Ele é membro da federação dos comités olímpicos que a cada ano realizam as suas assembleias gerais, que também são férias. Duvido que o Comité Olímpico não receba dinheiro do Comité Olímpico Internacional em nome de cada Federação criada. Dinheiro que deveria ter sido canalizado para cada federação executar o seu programa. Nunca realizou uma única atividade na Guiné-Bissau. Se for mentira, que apresente relatórios. Quem recebeu os trinta mil dólares da federação de natação, uma nova federação dentro do comité? É uma questão que fica para quem quiser respondê-las, mas tenho certeza que Sérgio é capaz de tudo, de tomar o dinheiro para o seu interesse pessoal”, disse.

“PARA ALÉM DE SER DESCENDENTE GUINEENSE, O GOVERNO QUERIA QUE COMPETISSE PARA A GUINÉ-BISSAU”

Revelou que na carta do Ministério da Justiça que aprovou a naturalização constavam duas razões, primeiro por ser descendente guineense da etnia balanta, segundo porque era do interesse nacional que representasse a Guiné-Bissau e desafiou as autoridades nacionais a esclarecerem quem tem a legitimidade de liderar a federação.

 “Temos uma certidão do Ministério da Justiça que nos reconhece como representantes da federação, também do Ministério da Juventude, Cultura e Desportos, apenas o Comité Olímpico tem estado fora de todas as orientações, por indícios de corrupção. O Comité moveu uma queixa contra mim, mas até ao momento não há nenhuma decisão, porque o juiz detentor do processo estava a ser acusado de corrupção num outro caso e abandonou o país. Há impunidade e falta de justiça”, afirmou.  

Siphiweka Baleka disse que entrou com uma queixa-crime no Tribunal Internacional de Desporto com sede na Suíça, contra o presidente do Comité Olímpico da Guiné-Bissau e o da Federação da Natação, Sérgio Mané e Duarte Ioia respetivamente, por serem cúmplices na inscrição do atleta guineense, Pedro Rogeri, que participou, em nome da Guiné-Bissau no último campeonato do mundo de natação de Doha, Qatar.

Disse que está a ser vítima, há dois anos, de discriminação e tentativa de exclusão pelos dirigentes da federação de Natação e do Comité Olímpico, lembrando que, enquanto atleta nacional, foram violados os seus direitos e impedido de competir pela Guiné-Bissau.

Siphiweka Baleka disse estranhar por que razão, enquanto presidente interino da federação, não foi informado da chamada do Pedro Rogeri para representar o país num evento internacional sem que tenha conhecimento e acusou Duarte Ioia e Sérgio Mané de cumplicidade na indicação deste atleta de 25 anos de idade.

“Num país, onde as regras e as instituições funcionam, antes de indicar um atleta para representar o seu país, primeiro deve haver um campeonato nacional para escolher os melhores e os atletas mais rápidos nesta modalidade. Se havia intenção de indicá-lo, porque não fui contatado? Que critérios foram usados que levaram à escolha de Pedro Rogeri? Tudo isso leva-me a concluir que estou a ser discriminado, por isso movi uma queixa contra esses senhores”, esclareceu.

Na entrevista, exibiu vários documentos, entre os quais um onde teria sido formulado o convite para vir representar a Guiné-Bissau e que teria todos os apoios necessários para fazê-lo e a carta do Comité Olímpico que teria sido endereçada no mesmo dia e assinada por Sérgio Mané, presidente do organismo.

O Atleta naturalizado guineense, que representou duas vezes a Guiné-Bissau, no Egito num torneio de qualificação para os jogos Olímpicos de Tokyo e na 14ª edição do torneio de competição africana em Gana, revelou que as duas entidades teriam assumido um compromisso em ajudá-lo a atingir os seus objetivos, jogos Olímpicos de Tokyo.

“Foi nessa altura que o antigo secretário de Estado de Desporto, Dionísio do Reino Pereira, enviou-me uma carta a informar que o meu processo de naturalização tinha sido iniciado para que pudesse competir nos Jogos Olímpicos de Tokyo”, esclareceu.

Informou que depois de todas as promessas que recebeu das autoridades nacionais e de Duarte Ioia e de Sérgio Mané, manifestou publicamente, nos Estados Unidos da América, a sua intenção de fixar a sua residência na Guiné-Bissau e, em duas semanas, após o anuncio, dominou praticamente as capas da imprensa desportiva americana e The dropped the Sport to Drive Semis, o que terá levado um grupo de pessoas e a Associação dos aposentados norte-americanos a anunciarem apoios à sua decisão.

“Depois deste anúncio, passei pela televisão num programa nacional visto por muitas pessoas. Foi então que recebi várias propostas de patrocínio, incluindo um contrato de dez mil dólares assinado com um grupo de aposentados americanos”, disse, esclarecendo que sabiam que não seria de tudo fácil conseguir uma medalha de ouro nesta competição, mas ainda assim apostaram na minha pessoa e fui objeto de notícias nos Média locais, porque eu seria o nadador mais velho  na história Olímpica com cinquenta anos de idade, o primeiro afro americano a representar o seu país de origem nos jogos Olímpicos e por cima de tudo, o primeiro atleta guineense a representar o país nos Jogos Olímpicos.

“Seriam três legados meus que atrairiam fundos para a Guiné-Bissau. Foi justamente isso que motivou muitas pessoas a anunciarem apoios e investimentos e decidi deixar a minha família, uma esposa e os meus dois filhos, e a minha empresa para fixar a minha residência cá em Bissau. O contrato com o aposentado seria para preparar um documentário de toda a minha preparação, desde os Estado Unidos da América, a Guiné-Bissau e até aos Jogos Olímpicos. Depois dos jogos Olímpicos, o documentário seria divulgado seguido de uma série de entrevistas e discursos pelo mundo fora, para mostrar a minha performance de que apesar de ter cinquenta anos ainda tenho condições físicas para competir em grande nível. O documentário tinha sido pago e cada entrevista seria também pago pelos aposentados”, esclareceu e disse ter recebido, no âmbito deste contrato, um valor estimado em seis mil dólares, que investiu na sua viagem e nas primeiras semanas da sua estadia na Guiné-Bissau.

Segundo Siphiweka Baleka, o restante valor foi bloqueado por  não ter  participado nos jogos Olímpicos de Tokyo, não por incapacidade  e porque também concluiu que a nível de organização, o país não tinha feito  nada  para um atleta do seu nível, não há piscinas para sua preparação, lembrando que para que pudesse participar era necessário o país entrar com um pedido de Universalidade e fê-lo, pela primeira vez ,  a  17 de junho de 2021 com as assinaturas de Duarte Ioia e Sérgio Mané e deu entrada a 27 de junho do mesmo ano, foi submetido antes do prazo.

Disse ter ficado surpreendido com a decisão da Federação Internacional de Natação (FINA), porque o evento em que participaria não era uma competição que dava acesso à qualificação para os Jogos Olímpicos, por isso o documento foi rejeitado e indeferido.

Sustentou que para não perder essa oportunidade teve que responder a pressa antes do dia 27 de junho, data limite, para que pudesse participar no dia 26 do mesmo mês no Gana num dos eventos que daria o país o passaporte para os jogos Olímpicos, porque quer Duarte Ioia, quer Aniceto Bernardo nenhum dos dois fala francês ou inglês.

Para Siphiweka Baleka, esses constrangimentos revelam que os dois não têm nenhuma experiência na natação nem contatos nas organizações regionais, continentais e internacionais, tendo lembrado que os contatos e a própria sua intenção pela Guiné-Bissau começaram quando em 2019 ganhou, a título pessoal, num evento realizado no Egito, seis medalhas de ouro, exibindo a bandeira da Guiné-Bissau, que levou o jornal O Democrata a elegê-lo com a Figura da Semana numa das edições.

“Depois da minha participação neste evento, conheci pessoas, fiz contatos e no evento seguinte, uma competição nacional, pedi que me fosse permitido representar a Guiné-Bissau. A minha performance de 2019 influenciou os organizadores. A federação do Egito pediu que a federação da Guiné-Bissau enviasse a minha ficha de inscrição de que poderia participar no Egito e foi daí que conheci Duarte Ioia e Sérgio Mané. Deram-me o e-mail e passe para que preenchesse o documento que me credenciou como atleta guineense. Fui e competi”, afirmou e frisou que depois de o país submeter a segunda inscrição, a FINA rejeitou-a com o argumento de que o prazo para depositar a inscrição de Universalidade era 20, não 27 de junho de 2021.

“Em todas as plataformas da FINA não constava o prazo de 20 de junho, apenas 27. Pedi ao Sérgio Mané que recorrêssemos a uma instância contra o comportamento da FINA porque o prazo de 20 não estava em nenhuma plataforma dessa organização, mas não ajudou. Toda a minha vida, família, negócios dependiam dessa participação minha nos jogos Olímpicos de Tokyo e porque também era um direito nosso reclamar contra o que a FINA estava a fazer para penalizar a Guiné-Bissau e a mim”, revelou.

O atleta informou que depois de toda essa história, consultou os documentos da FINA e descobriu que ele sozinho, sem a Federação de Natação, podia mover um processo e fê-lo com ajuda de alguns dos seus fãs, porque precisava de mil dólares e na fase seguinte do processo teria que pagar 20 mil dólares, que foram assumidos por uma empresa de produções que teria o direito de fazer um documentário do atleta sobre a sua vida e a sua participação no Tokyo e uma parte desse documentário seria da Guiné-Bissau, incluindo todos os pormenores necessários.

“Era um caso contra a FINA, não o Comité Olímpico da Guiné-Bissau. Todas as partes tinham que apresentar provas e na sessão de descoberta de provas, apareceu uma carta da Federação de Natação da Guiné-Bissau escrito em francês a dizer que, de 21 de junho a 8 de julho, o e-mail da federação tinha sido violado e que não era a federação que tinha o controlo do correio. A FINA pediu informações sobre a violação do e-mail até ao momento não recebeu nada de Duarte, nem de Sérgio”, disse.

De acordo com o atleta, foi nessa altura que o Tribunal anunciou que divulgaria a sua decisão a 28 de julho, dois dias antes da sua primeira competição em Tokyo, por isso tinha que estar antes no Japão e caso a decisão fosse favorável poderia competir, mas dada à situação da pandemia da Covid-19 teve dificuldades, mas graças aos seus apoiantes conseguiu pagar a sua viagem.

“Fui credenciado como atleta guineense, porque o Comité Olímpico da Guiné-Bissau tinha constado o meu nome na lista da caravana nacional. Em Tokyo, não me foi permitido circular porque o crachá tinha sido cancelado. Permaneci lá por seis dias no aeroporto por conta própria a aguardar o dia do julgamento, que infelizmente não foi favorável a mim. Ninguém da Guiné-Bissau interveio para solucionar a minha situação”, denunciou.

Admitiu que uma das razões que o levou a perder a justiça são duas cartas, uma de nulidade de todos os documentos e outra de violação do e-mail, enviadas pelo Comité à FINA, mas parece reticente quanto à legalidade da decisão e a clareza do processo, porque “como é que Sérgio Mané e Duarte Ioia explicam as suas assinaturas num dos documentos que põe em causa as minhas provas, por cima de tudo assinaturas originais com carimbos em uso nessa instituição, apenas sabem da violação do e-mail?”.

Disse não duvidar que a fraude tenha iniciado na Guiné-Bissau com a cumplicidade dos três elementos, nomeadamente Duarte Ioia, Sérgio Mané e Aniceto José Bernardo, contudo ilibou Duarte Ioia dessa matéria por este não ter domínio das tecnologias.

Acusou Sérgio Mané de ter instruído Duarte a agir dessa forma contra a sua pessoa e cometer perjúrio perante a justiça, afirmando que apesar da sua cumplicidade no caso, Duarte Ioia humildemente decidiu pedir-lhe desculpas, porque “ficou constrangido com tudo o que se passou à minha volta, assumiu a responsabilidade da história do Japão e ajudou-me a competir a nível continental para que pudesse ter acesso ao torneio mundial de natação que seria em outubro de 2021 “.

“Depois da minha participação no torneio do Gana, Duarte Ioia colocou o seu cargo à disposição no dia 25 de outubro de 2021 e indicou-me como o presidente interino da Federação de Natação até à realização da Assembleia Geral da organização. A federação não tinha nem sequer personalidade jurídica, apenas estava nos papéis e parecia que os apoios que Duarte recebia do Comité Olímpico eram legítimos. Quando assumi interinamente as funções, informei ao ministro dos desportos e à FINA de que estávamos num processo de revitalização da organização e de renovação dos corpos sociais”, indicou.

Disse que foi a partir desse momento que soube que nada tinha sido feito internamente sobre natação e assumiu o engajamento de legalizar a federação na Guiné-Bissau e, consequentemente, na FINA, mas surpreendentemente recebeu uma carta de Duarte Ioia a dizer que tinha reassumido as suas funções, porque “eu não consegui cumprir a minha promessa de organizar os estatutos da organização e realizar a Assembleia Geral”.

Um dos argumentos apresentados por Duarte Ioia para colocar o seu cargo à disposição a que O Democrata teve acesso num dos documentos que consultou é que indicaria Siphiweka Baleka como presidente interino, submeteria a sua figura à aprovação dos órgãos competentes.

Em reação, o atleta revelou que conseguiu elaborar os estatutos que deram entrada a 29 de janeiro de 2022, bem como realizado a Assembleia Geral em março do mesmo ano, uma das suas missões.

Salienta-se que a secção desportiva e a redação de O Democrata contataram o secretário-geral  do Comité Olímpico da Guiné-Bissau, Eugénio de Oliveira Lopes, para reagir às denúncias que foram alvos, mas disse-nos que precisaria de contactar primeiro o presidente do organismo, Sérgio Mané, antes de reagir.   

Por: Filomeno Sambú

Foto: Aguinaldo Ampa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *