[ENTREVISTA] O líder do Partido de Solidariedade e Trabalho (PST), Iancuba Indjai disse numa entrevista exclusiva ao semanário O Democrata, que há muito tempo tomou a iniciativa de perdoar todas as pessoas que estiveram envolvidas na tentativa de assassiná-lo no dia 22 de outubro de 2012, em nome de uma verdadeira reconciliação, que segundo ele, deveria ser a atitude de todos aqueles que sentiram-se injustiçados ou torturados.
Djola Indjai criou e dirigiu a Frente Nacional Anti Golpe (FRENAGOLPE), uma iniciativa que exigia reposição da ordem constitucional, depois do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, conduzido pelo ex-chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General António Indjai. Indjai fora sequestrado por um grupo de pessoas desconhecidas nas instalações da sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), onde se encontrava a reunir com os dirigentes daquela formação política, que também faziam parte da FRENAGOLPE.
Em entrevista ao nosso semanário para abordar a questão do seu regresso bem como falar da sua condição de saúde, explicou que está 100 por cento disponível para regressar ao país que o viu nascer. Acrescentou que está muito bem de saúde e assegurou que o seu estado de saúde é o resultado do trabalho de muitos médicos tradicionais e modernos, desde os médicos de ECOMIB em Bissau, médicos do hospital militar de Dakar (Senegal) e por último os médicos neurologistas franceses que o trataram durante oito meses.
Assegurou ainda que na qualidade do combatente da liberdade da pátria, sente o dever de voltar à Guiné-Bissau para poder dar a sua modesta contribuição para o desenvolvimento democrático e sustentável do país. Lembrou, neste particular, que o regresso dos exilados é o resultado da vontade popular expressa por mais de 70 mil guineenses que subscreveram a petição pública para o regresso de todos os exilados políticos.
Sublinhou por isso, que a iniciativa não é de um grupo de pessoas como se diz, mas de milhares de pessoas que, sob a coordenação do Movimento “Nó Djunta Mon pa Fidju di Guiné Riba Casa”, pedem o regresso de todos os guineenses à pátria. Avançou ainda que o processo conduzido pelo movimento deve ser aproveitado para a reconciliação da sociedade guineense, porque “é um momento histórico encarado pelo povo que exige o regresso dos guineenses exilados no exterior. A ocasião deveria ser aproveitada para perdoarmo-nos em nome da reconciliação nacional e pensar no desenvolvimento do nosso país”.
Indagado se acredita na garantia de segurança dada pelo executivo guineense aos exilados, tendo em conta as circunstâncias em que saiu do país, Djola Indjai respondeu que qualquer governo que tenha recebido 70 mil assinaturas dos seus cidadãos que pedem regresso das pessoas exilados no exterior, deve simplesmente cumprir com o desejo do povo. Frisou ainda que qualquer executivo no mundo, a sua missão visa principalmente garantir a segurança de todos os seus cidadãos e diz acreditar que a preocupação do executivo guineense é de manter a segurança dos seus cidadãos.
“Eu acredito que o actual executivo criará as mínimas condições para que eu possa voltar a minha terra que ajudei libertar do jogo colonial, de forma a poder dar a minha contribuição para o desenvolvimento do nosso país”, asseverou.
Sobre a data fixa para o seu regresso ao país, líder do Partido de Solidariedade e Trabalho, informou que será definida pelo movimento, depois de o mesmo terminar ou resolver todos os aspectos que garantem o regresso.
Solicitado a pronunciar se o seu regresso está condicionado na verdade com a falta do dinheiro para aquisição do bilhete de avião, disse que na verdade o movimento está a trabalhar duramente para encontrar os meios que permitam o regresso dos exilados, por isso “deixei tudo com o movimento e assim que me confirmarem que tudo está pronto, eu voltarei ao meu país, aliás, é como se diz em crioulo ‘biás sanhá’ e já tenho as malas prontas”.
Questionado sobre a sua intenção de intentar uma queixa-crime na justiça guineense contra as pessoas que tentaram assassiná-lo e incluindo os responsáveis, nega ter abordado este assunto com ninguém.
“Eu não conheço as pessoas que me tentaram matar e como vou avançar para a justiça, se não consigo reconhecer nenhum deles e muito menos saber quem estaria por detrás daquele acto fatídico?!. Sou um homem político que luta para o bem-estar do seu país, portanto estou ciente que na luta pela liberdade, pela democracia e pelos direitos humanos não se pode ficar com o rancor e nem ressentimento contra ninguém! Eu, Iancuba Djola Indjai, perdoo todas as pessoas que estiveram envolvidas na tentativa de me assassinar”, assegurou o líder do PST.
No entender do político, a Guiné-Bissau pode encontrar o caminho de reconciliação nacional se houver uma iniciativa voluntária de perdão entre as vítimas e os agressores, que na sua opinião, devem assumir as suas responsabilidades para poderem beneficiar do perdão. Acredita, no entanto, que o país sairá da situação em que se encontra só com uma reconciliação de verdade.
Por: Assana Sambú