“PALMCORP” ANUNCIA INVESTIMENTO NA TRANSFORMAÇÃO DE ÓLEO PALMA EM BUBAQUE

Uma empresa norte-americana, a “African Palm Corporation”, anunciou em Bubaque na última sexta-feira, 02 de fevereiro, que vai investir na transformação do óleo de palmeira em Bubaque, Arquipélagos dos Bijagós, zona insular da Guiné-Bissau.

Para além da transformação de óleo de palma, o projeto da empresa, para uma duração de dez anos, renovável automaticamente, deve intervir também na compra, coleta, repovoação, classificação, armazenamento, processamento e transporte dos produtos e todos os derivados da palmeira Africana da ilha dos Bijagós, numa área estimada em milhão  (1000 000) de hectares que tem como zona da sua intervenção.

Em consequência disso, a empresa e as diferentes ilhas que fazem parte da zona assinaram, na casa do ambiente local, uma aliança (acordo preferencial) em que as diferentes ilhas e comunidades do Arquipélago dos Bijagós comprometem-se em fornecer o produto apenas à aquela empresa norte-americana.

O documento diz que os régulos das comunidades das ilhas do Arquipélago dos Bijagós assumiram que vão engajar-se e cooperar com a empresa African Palm Corporation, para facilitar o intercâmbio e a interação com os membros das comunidades locais na realização de atividades relacionadas direta ou indiretamente com os produtos de palmeira e seus derivados.

Em declarações depois de rubricar o acordo, Oscar Faria, presidente da empresa, diz que a sua equipa compromete-se, mediante o acordo, contribuir para o desenvolvimento extraestrutural social nas ilhas com dez por cento do seu rendimento anual, nomeadamente: Centros de Saúde, Escolas, centros recreativos, transporte marítimo, água potável, formação profissional, capacitação e treinamento, bem como outras necessidades requeridas pelas comunidades.

“E mais, no âmbito desse acordo comercial, vamos atribuir 90% de empregos diretos e indiretos, ou seja, empregar trinta e nove mil (39 000) membros da comunidade das ilhas dos Arquipélagos dos Bijagós”, garantiu.

Outra abertura que o documento prevê tem a ver com a criação de infraestruturas logísticas operacionais para o desenvolvimento das atividades comerciais nas ilhas, incluindo centros de armazenamento dos produtos, vias de acesso marítimo, instalação de um centro de produção de energia elétrica e de água potável.

Oscar faria revelou, no entanto, que todo esse investimento será da responsabilidade da empresa que lidera, tendo sublinhado que o preço da venda do produto será estabelecido pelas comunidades, antes de ser praticado.

“Portanto, fica expressamente entendido que esta aliança comercial é especificamente para a comercialização e processamento industrial, na qual a empresa African Palm Corp realizará as suas atividades com recursos e meios próprios”, ressalvou o empresário de origem venezuelana, mas com passaporte americano.

Finalmente, o documento estabelece que a empresa não é possuidora dos direitos de propriedade direta das terras, mas será responsável pela coleta, caraterização, qualificação (embalagem), armazenamento, processamento industrial e transporte do produto a base da palmeira dos Bijagós e os seus derivados.

 

 

Por: Filomeno Sambú

Foto: F.S

4 thoughts on ““PALMCORP” ANUNCIA INVESTIMENTO NA TRANSFORMAÇÃO DE ÓLEO PALMA EM BUBAQUE

  1. Recebi esta notícia, ontem, de uma amiga e fiquei deveras excitado com uma tal promessa de investimento na exploração do óleo de palma na Guiné-Bissau. De facto, a palma africana “Elaeis guineensis” representa um potencial fantástico para o desenvolvimento econômico da Guiné-Bissau, onde as condições edafo-climáticas são altamente favoráveis e onde vegeta de forma espontânea. É a oleaginosa mais importante atualmente no mercado mundial de óleos vegetais, superando de longe o seu concorrente mais próximo que é a soja, devido a sua alta produtividade, e a sua diversidade em termos de composição em ácidos graxos. Seu processamento agrícola e industrial demanda uma quantidade considerável de mão de obra, de qualidade, no campo, o que seria ótimo para a geração de renda para as nossas populações rurais e uma alternativa a perigosa monocultura do cajueiro em que estamos envolvidos.
    Contudo precisamos estar atentos às promessas mirabolantes de investimentos, para não cairmos em “contos do vigário” ou em contratos de cavalos e cavaleiros, como acontece no caso da matemática de Boé ou melhor, de Dakar!…
    Pelo que eu li no O Democrata, a intenção é das melhores. Mas alguns números e procedimentos previstos me provocaram inquietude. Senão vejamos:
    1) Falou-se em 1 milhão (1.000.000) de hectares reservados como zona de intervenção da empresa. Ora a Guiné-Bissau tem uma extensão territorial de 3,6 milhões de hectares apenas (36.125 km2). Ou seja, quase um terço do país fica reservado a uma única empresa estrangeira;
    2) Alguém (o guineense que assinou o acordo) já procurou saber se a empresa “African Palm Corporation” existe realmente; qual o seu percurso e know how em matéria de produção e transformação de óleo de palma e qual a idoneidade de seus proprietários?;
    3) Falou-se num tal “acordo preferencial” em que a comunidade do Arquipélago dos Bijagós se comprometeu em fornecer o “produto” exclusivamente para a empresa “African Palm Corporation”. Ou seja, uma empresa capitalista americana impondo um monopólio medieval e vergonhoso sobre um recurso de um país e controle de 1/3 do território deste país que, por acaso é meu também, com a complacência da dita “Casa do Ambiente”!
    Já passou da hora para que criemos juízo e cuidemos daquilo que pertence a todos os guineenses com maior zelo e responsabilidade. Recentemente caímos na lábia de um tal empresário brasileiro que ia construir um hospital de referência regional em Bissau, a troco do nada, mas que no fundo queria apenas um título de cônsul honorário e um passaporte diplomático para continua a aplicar os seus golpes em nome da Guné.
    Quais as reais intenções dos donos da African Palm Corporation? E já agora, alguém investigou ao fundo as reais motivações, origem dos fundos, viabilidade e impactos desse propalado projeto Augustus Bolama?
    A responsabilidade de sermos atentos e defendermos o futuro do nosso país e das futuras gerações de guineenses é nossa, só nossa e de mais ninguém! Si nô discuda, discuda na discuda cu nôss.
    Ampus!…

  2. Esta empresa Norte Americana, há quanto tempo os seus responsáveis vivem e conhecem bem a Guiné-Bissau?

    O problema de comercializacao de óleo de Palma no Arquipelágo dos Bijagós e o interesse por este produto já vem de longe.

    Um pouco antes da Primeira Grande Guerra Mundial, os Alemaes estiveram nesse Arquipelago, onde montaram uma unidade industrial que operaou durante esse period incluindo o da Segunda Grande Guerra e mais tarde a unidade foi transferidada para as maos de colonislistas portugueses e operou durante todo o tempo colonial. Porém, após a Guerra ganha pelo PA.I.G.C. (e nao pelo grupo de 15), a unidade ainda operou por alguns anos. Entretanto,os problemas da Guiné-Bissau ligados a qualificacao de quadro superior e a competente manutencao da unidade obrigou, a que essa viesse entrar em colapso quando uma das caldeiras de processamento do produto explodiu e esta situacao levou a que a fábrica dos alemaes fosse definitivamente fechada.

    Entretanto e quase meio século depois, torna assim surgir um investimento neste sentido.

    É ESPERADO QUE ESTE PROJECTO SEJA BEM ANALISADO E ACOMPANHADO POR PERTO E POR PESSOAS (QUADRO NACIONAL SUPERIOR) COMPETENTE. Pois, contemporaneamente, a sitauacao mundial é de certa forma diferente e muito exigente. Isto significa que é necessário respeitar AS DIRECTIVAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE. Mas, este dilema obriga a que se tenha em atencao o respeito pela comunidade local. Visto que, os tempos que se seguiram aos alemaes, foram de facto periodos horríveis e que é completamente liminar e inaceitável que uma coisa daquela se volte a repetir nesse Arquipelágo da República da Guiné-Bissau.

    REPITO, DIZENDO QUE A SER IMPLEMENTADO ESTE PROJECTO, ELE DEVE SER SEGUIDO POR UMA EQUIPA NACIONAL DE QUADRO SUPERIOR MULTIDISCIPLINAR DE MODO A GARANTIR QUE NADA SE VENHA SER DEIXADA AO ACASO. POIS, OS ERROS SERAO PAGOS E SEMPRE PELOS NACIONAIS E DIFICILMENTE OU NUNCA PELO INVESTIDOR ESTRANGEIRO.

    ESTES PROJECTOS QUE FERVILHAM NO HORIZONTE, TODOS ELES DEVERIAM AVANCAR AQUANDO DE UM GOVERNO CREDÍVEL NESSE PAÍS.

    Eng. Braima Tambarina

  3. Compreendi, Senhores O DEMOCRATA!
    O meu comentário, apesar de ser da minha exclusiva responsabilidade, não passou pelo vosso crivo, por conter termos abusivos e linguagem inadequada, conforme as regras do vosso prestigiado Jornal. Assim, venho humildemente solicitar, considerando o grande apreço que tenho pelo vosso trabalho, que me indiquem esses termos e linguagens inadequados, para que na próxima vez eu evite de os utilizar, na medida em que quero continuar a poder usar este nobre espaço que é o vosso jornal, para compartilhar com os guineenses, algumas preocupações minhas, sobre aquilo que é comum a todos nós. Respeitosamente!

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