PRIMEIRO-MINISTRO PEDE A CIPRIANO CASSAMÁ QUE APRESENTE PROVAS DO TRÁFICO DE DROGAS NO PAÍS

O primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, pediu hoje, 28 de julho 2018, ao líder da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, que apresente as provas do tráfico de drogas no país, que ponha a disposição de todos os serviços nacionais e estrangeiros os dados de que dispõe sobre o tráfico de droga, a fim de colaborar na resolução do problema.

O Chefe do executivo respondia assim à questão sobre a denúncia de tráfico de droga no país feita pelo líder do parlamento durante uma das sessões parlamentares desta semana, depois da sua chegada ao Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, proveniente de Conacri (Guiné-Conacri), onde se reuniu com o Presidente Alpha Conde, mediador da crise política e parlamentar da Guiné-Bissau, com o propósito de lhe informar do processo eleitoral, em particular, das dificuldades com que se depara o executivo na mobilização de fundos.

Gomes recordou, na sua declaração à imprensa, que foi a primeira autoridade do país a denunciar e a fazer uma análise da questão bem como a apresentação de propostas concretas sobre a questão do tráfico de droga.

“Agora quem tiver cabeça para fazer isso, que faça! Nós estamos a espera dessa personalidade que citou que apresente os seus argumentos e que apresente propostas nesta matéria. Que eu saiba, houve uma reunião com uma instituição das Nações Unidas que se ocupa disso. E nós ouvimos as declarações do principal responsável dessa instituição, portanto todos estamos livres de fazer exercício intelectual, na condição de termos dados e que tenhamos propostas concretas”, explicou o primeiro-ministro.

Sobre o encontro mantido com o mediador da crise guineense, o Presidente Alpha Conde, assegurou que a sua deslocação à Conacri visava pedir ao Presidente Alpha Conde no sentido de respeitar o seu compromisso de sensibilizar os Chefes de Estados da CEDEAO relativamente ao engajamento assumido em apoiar a realização das eleições legislativas.

“O Presidente Conde vai insistir novamente com os seus pares da CEDEAO para que a participação financeira destes seja imediata. Estamos num período ‘morto’ nos países tradicionalmente parceiros da Guiné-Bissau que prometeram ajudar, mas estão no período de férias em particular na Europa e no Japão. A União Europeia e o Japão prometeram montantes mais importantes, mas neste momento estão em férias, de modo que a disponibilização dos meios prometidos tem algumas dificuldades”, notou.

Aristides Gomes disse que é preciso que a CEDEAO, depois do governo da Guiné-Bissau, seja o segundo parceiro a intervir neste processo, de forma a permitir a realização das eleições na data prevista, 18 de novembro do ano em curso.

Questionado sobre a disponibilidade de empresas ou de países no sentido de conceder equipamentos de recenseamento, respondeu que em virtude da urgência para a criação das condições técnicas para o recenseamento eleitoral previsto para o dia 23 do mês de agosto, deslocou-se a Conacri para pressionar os Chefes de Estado da sub-região no sentido de cumprirem as suas promessas, porque conforme disse, o executivo enfrenta algumas dificuldades na mobilização dos kits necessários para o recenseamento.

“Aquando da visita do presidente da Comissão da CEDEAO a Bissau na semana passada, havia esse compromisso da CEDEAO participar também na procura de Kits para que possamos iniciar o recenseamento. Mas há outros parceiros em quem depositamos grande confiança. Havia a República de Timor Leste, que tinha fornecido os Kits em 2014. Havia a Nigéria, que precisamente foi relançada novamente neste encontro de Conacri. O Presidente da Nigéria estará na Cimeira e nós pensamos que será uma ocasião para que ele possa fazer acelerar as coisas para que possamos dispor do material”, observou para de seguida avançar que é preciso continuar a pressionar os países da CEDEAO, porque alguns acabaram de fazer eleições e que, no seu entender, é possível conseguir os kits a partir desses países.

Solicitado a pronunciar-se sobre a vaga de greves na função pública e nos órgãos da comunicação social pública, Aristides Gomes respondeu que as greves da função pública não têm nada a ver com a falta de capacidade de resposta do seu executivo ou de falta de vontade de negociação. No entanto, voltou a lembrar que a missão do seu governo é essencialmente organizar as eleições. Mas “somos interpelados no terreno de acção para o qual não estávamos legitimamente armados, porque somos o resultado dos acordos internacionais assinados por diferentes intervenientes e a nossa missão principal é organizar eleições”.

“Nós nunca recusamos negociar com os sindicatos. Pessoalmente recebi o sindicato duas vezes. Na segunda vez, fizemos uma reunião que durou quase um dia inteiro. Nessa reunião instituímos uma comissão técnica que deveria ser presidida pelo ministro da Função Pública e que deveria comportar diferentes membros de organismos técnicos, na qual também deveria participar o sindicado. Eu vejo que essa comissão não trabalhou com intensidade”, informou o chefe do executivo, que entretanto, assegurou que a partir da próxima segunda-feira vai assumir pessoalmente a direcção dessas negociações.

“Vamos provar à opinião pública que as afirmações que foram feitas por diferentes personalidades e dirigentes sindicais, que uma coisa não tem nada a ver com outra. As despesas actuais do governo são as despesas que têm relação directa com a organização das eleições. Os Conselheiros que são pagos, são pagos legalmente. Não há nenhuma tentativa da parte do governo de sair do esquema instituído pelo orçamento do Estado para o pagamento dos Conselheiros e dos Assessores”, informou.

Em relação à compra de carros para os membros do governo, assegurou que ouviu a informação em como o governo teria disponibilizado 200 milhões para a compra de viaturas e que a iniciativa estaria a inviabilizar o reajuste de salários, facto que considera de “uma inconsistência terrível”.

“O reajuste salarial, tal como preconizado neste momento, não poderia ser inferior a um aumento substancial da massa salarial mensal que poderia gerar em terno de 360 milhões de francos cfa por mês. Se disponibilizarmos alguma coisa, mais de 200 milhões de francos cfa para comprar os carros, lembrem-se que não comprarmos carros todos os meses. No quadro do reajuste salarial, teríamos que fazer uma despesa suplementar de mais de 360 milhões de francos cfa mensais. Portanto é preciso esta verdade, porque senão, vamos viver na ilusão, no panfletismo e na demagogia”, observou o chefe do governo, que entretanto, avançou que os interesses individuais das pessoas têm que ser acautelados e subordinar-se aos interesses coletivos da Nação.

Aristides Gomes assegurou ainda que o país está no período eleitoral, razão pela qual o executivo deve comprar os carros para a Polícia Judiciária, os Serviços de Informação do Estado, bem como para alguns membros do Governo, para a Comissão Nacional de Eleições e para o Gabinete técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE).

 

 

Por: Assana Sambú

Foto: AS   

 

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