Editorial: ACORDO DE PESCA: GUINÉ-BISSAU PAGA FATURA DE MESQUINHEZ E INCOMPETÊNCIA!

O anúncio público pelo governo guineense de um acordo de pesca com a União Europeia é a confirmação da falta de ambição, de visão e de transparência de sucessivos dirigentes deste país. Segundo o executivo, ao abrigo do acordo renovado, o bloco europeu pagará anualmente 15,6 milhões de euros à Guiné-Bissau, um acréscimo de 6,1 milhões de euros, comparado ao precedente acordo. Motivo de celebração por muitos guineenses – verdadeiros mesquinhos e adeptos de dinheiro fácil, “fresco”, independentemente da forma como é obtido.

A cultura de facilitismo está na base de improdutividade e acelerado retrocesso que têm caracterizado esta pátria há várias décadas. É revoltante a atitude de “eterno pedinte” que caracteriza a maioria dos que se auto-apelidam de dirigentes nesta terra. Falência do amor em defesa do país e dos seus recursos. Como se pode explicar a forma leviana, total falta de transparência e partilha de informações sobre os meandros de (últimas) negociações que culminaram em mais um desastroso e vergonhoso memorando com a UE?

A propoganda em torno deste acordo com os países europeus que se limitou a referir aos mesquinhos ganhos da parte guineense, ocultando os  exorbitantes lucros da parte europeia, ilustra apenas a gritante incompetência! Só na Guiné-Bissau se orgulha de um acordo que não incide na criação de empregos e transformação local de produtos pesqueiros. Nenhuma cláusula do acordo obriga as empresas europeias beneficiárias a operar investimentos geradores de empregos. 

Por que é que os acordos de pesca não são publicados e seus conteúdos serem objeto de debate público? Será que o acordo determina o número exacto de navios da UE admitidos anualmente a pescar na  Zona Económica Exclusiva (ZEE) guineense? Esta exigência é extensiva a outros países não europeus (China, Rússia, etc) que descaradamente roubam peixes nas nossas águas.

É tempo de o guineense deixar de ser mesquinho e afirmar-se como um ser capaz. Este país se encontra nas águas turvas porque a mesquinhez e incompetência tornaram-se uma norma na gestão do Estado, facilitada pela inércia das organizações cívicas cujas agendas confundem-se com as dos desorganizados políticos.

Desde assinatura do acordo, nenhuma palha mexeu da parte da sociedade civil. Uma passividade cúmplice! Sem esquecer do ‘mukur-mukur’ [silêncio cúmplice] do senhor Presidente da República que, em 31 de janeiro de 2017, num discurso populista na visita ao Porto de pesca de Bandim, afirmara que ‘doravante, qualquer barco que pratique atividade de pesca nas águas territoriais da Guiné-Bissau deve descarregar uma parte do pescado no mercado guineense’.

A mudança da Guiné-Bissau só será  uma realidade com a emergência de organizações cívicas responsáveis, capazes de animar e incitar uma agenda cidadã, condição indispensável para a afirmação de uma  liderança comprometida e patriótica, que não se contenta com trocos e migalhas.

É possível, sim, mudar o paradigma e colocar a Guiné-Bissau no clube de países que inspiram a confiança e respeito através de novas atitudes de rigor para com os interesses do povo.

 

 

Por: Redação

4 thoughts on “Editorial: ACORDO DE PESCA: GUINÉ-BISSAU PAGA FATURA DE MESQUINHEZ E INCOMPETÊNCIA!

  1. Este politicos nao tem capacidade de estar a nossa frente, nao tem orgulho de ver o país no alto nivel, muitos deles sao produtos dos ocitentais.
    Ficam a babar pelos países dos seus amigos adimiravelmente, perdido que nem sabem como organizar a nossa terra. Sao crianças” eta bim e da elis chupeta i etira elis brinco de uru na oredja”.

  2. O governo da Guine Bissau é o pior violador das Leis emanada por ele se tomamos em conta de Decreto 23/92, publicado no B.O No l2 de 23/03 do mesmo ano. Documento este que deu espaço para a criaçao das ONG’s nacionais e estrangeiras, consideradas de parceiros do governo para o desenvolvimento do Pais.
    Numa das situaçoes que se trata de negociaçao de aCordo de pesca, entendemos que o titular munido da proposta de negiciaçao deveria assim ouvir todos os parceiros e operadores no.sector para poder ter uma versao final para apresentar na negociacao, este nunca se verificou,. Apos negociacao ninguem faculta a copia de acordo aos parceiros. Na plena negociaçao, nunca é pensado que nos fundos de compensaçao, uma parte seja investida na construçao das infraestrusturas(Camaras frigilorificos, armazens, escola de formaçao dos maritimos na Guine Bissau. Parceiros nao parceiros estamos em luta para contribuir no dedenvolvimento da nossa Guine.
    Os governantes guineenses sao a se enriquerem a custa do bem do Povo,. A falta de infraestruturas causa o alcanso esperado na negociaçao. Nos acordos de pescas nunca é pensado nos estados dos navios, as condiçoes indispensaveis de trabalhos, a violaçao da Lei 11/76 sobre a prioridade de emprego dos nacionais nas empresas estrangeiras que praticam as suas actividades na Guine Bissau.
    Nestas circonstancias, A ONG AIRHOMAR,enquanto interlocutor valido no sector maritimo guineense, fica em alerta, apelanso para uma mudança de mentalidade pensando para geraçao vindoura.
    Que o Senhor Deus Abençoa a Guine Bissau

  3. Não poderia estar mais de acordo com este artigo de opinião, que é crítico e (corajosamente) vigoroso, mas sólido e consubstanciado em ideias e ponderações de cariz alternativo ao que é criticado.
    Abraços fraternais de um europeu (português) que não se orgulha destas políticas oportunistas de exploração da vulnerabilidade

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