O Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, afirmou esta quinta-feira, 16 de maio 2019, que o silêncio por parte do atual governo em relação às exigências das duas centrais sindicais do país revela a falta de sentido do Estado dos governantes guineenses.
Júlio Mendonça falava à imprensa à saída do encontro com Chefe de Estado para abordar as razões que estão na base das sucessivas paralisações na Função Pública. Mendonça reconhece que a convulsão política tem sempre reflexos ou a sua influência negativa na vida pública do país e confessa que os funcionários públicos já não confiam tanto na classe política do país, sendo assim as organizações sindicais estão a lutar para dignificar os trabalhadores guineenses.
Perante o imbróglio e o impasse na composição na Mesa da ANP, o sindicalista guineense teme que o pior esteja por vir e disse que ninguém garante aos trabalhadores guineenses que a luta que os políticos estão a levar acabo entres eles não vai durar como da última que durou três anos. Por isso, sustenta que a classe dos trabalhadores não vai ficar passiva a ver os dirigentes a defenderem seus interesses e a ganharem o seu pão de cada dia e os funcionários a viverem em penúria, que já dura eternidade.
“Mais de 50 por cento dos pontos que constam do caderno reivindicativo tem a ver com aplicação de imediato dos diplomas legais e não se negocia aplicação de uma lei que já foi aprovada, promulgada e publicada no boletim oficial. Portanto deixamos claro ao Chefe de Estado que essa é a nossa determinação, enquanto legítimos representantes dos trabalhadores”, observou.
Segundo Júlio Mendonça, até ao momento da sua declaração aos jornalistas, as duas organizações sindicais não tinham recebido nenhuma notificação por parte do patronato, atitude que, na sua opinião, revela sentimento de que o governo não se dignou a sentar-se a volta da mesma mesa com os sindicatos para analisar os pontos constantes dos cadernos reivindicativos entregues nos meses de janeiro e fevereiro do ano passado, respetivamente.
“Quando alguém percebe que não tem argumentos para convencer outra parte prefere refugiar-se nesse silêncio para encobrir seu pecado. É obvio que qualquer governante tem a legitimidade de pedir os sindicatos, mas nós somos donos da estratégia que definimos e estamos a cumprir esse plano que foi aprovado pelos representantes dos trabalhadores de diferentes sindicatos que compõem a estrutura central e essa luta vai permitir que os políticos ganhem a consciência e reflitam um pouco nas suas atuações”, advertiu.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A