O ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Abel da Silva Gomes, alertou que mais de vinte e cinco bolanhas de água salgada estão ameaçadas por inundação devido à falta de tubos, tendo advertido que se até ao final do mês de julho não forem recolocados os tubos, as bolanhas em causa estarão inundadas.
O governante fez essas advertências esta sexta-feira, 17 de julho de 2020, à margem da cerimónia da entrega das sementes agrícolas oferecidas pelo Reino de Marrocos, através do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). O ato decorreu nas instalações do Instituto Nacional da Pesquisa Agrária (INPA).
“As bolanhas ameaçadas são as da região de Biombo, de Quinara e de Tombali, todas de água salgada. Estamos a procurar meios para comprar os tubos necessários que serão instalados no local pelos nossos técnicos. É urgente a disponibilização de meios, porque se assim não for, as bolanhas correm risco de serem inundadas e a acontecer, requererá maiores recursos para o seu reaproveitamento”, explicou, para de seguida indicar que têm apenas até 10 de agosto próximo, porque depois dessa data será difícil trabalhar naquelas bolanhas, atendendo à grande quantidade da chuva que poderá fazer subir o nível da água.
Abel da Silva Gomes diz estar esperançado que receberão apoios da parte dos parceiros, de forma a evitar a inundação das referidas bolanhas e, consequentemente, evitar que as populações passem fome. Sublinhou que os parceiros do ministério que tutela têm que ser flexíveis nas ajudas.
“Os nossos parceiros não podem estar aqui com o propósito de apoiar-nos e dizer-nos o que devemos fazer! Isso não está correto, eu não defendo essa política. Os nossos quadros têm que ser capazes de defender os nossos interesses e as prioridades do país. Temos que liderar o processo do nosso desenvolvimento, não as pessoas que veem de fora a ditar-nos regras. Porque às vezes enviam-nos técnicos mas são os nossos quadros que acabam por fazer valer as suas estratégias”, alertou o ministro de agricultura, que, entretanto, insistiu que os quadros devem ser capazes de defender o interesse do país, mas “não bajular, porque isso acaba por fazê-los perder o carácter”.
Por outro lado, Abel da Silva Gomes disse que o governo deve ser capaz de dignificar os seus quadros, sobretudo a função de engenheiro agrónomo. Revelou que um engenheiro agrónomo recebe um salário mensal de 74 mil francos cfa.
“É preciso uma aposta séria do governo na dignificação dos seus quadros. Estamos a trabalhar para apresentar ao governo uma grelha especial de salários aos técnicos da agricultura à semelhança dos técnicos de outros setores. Imaginem, um engenheiro técnico aufere um salário de pouco mais de 50 mil francos cfa, um engenheiro superior recebe mais de 70 mil francos cfa. Eu tenho dificuldades de dirigir este setor, inclusive informei essa minha preocupação ao governo “, afirmou.
Sublinhou que a agricultura é a base para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, por isso é preciso um investimento para revolucioná-la e desbloquear o país.
Por: Assana Sambú
Foto: A.S