O porta-voz de Grupo de funcionários (médicos, enfermeiros e pessoal menor) do Hospital Raoul Follearau, Delfim Vicente Mendes, revelou que de 2012 a 2019 já morreram 11 funcionários por infeção portuberculose e outras doenças e 25 estão com problemas de saúde e a lutar pela vida, porque “carecemos de condições para nos prevenirmos de infeções”. O jovem médico fez estas revelações esta segunda-feira, 20 de julho de 2020, durante a reivindicação que fizeram frente ao portão do hospital, em que bloquearam a entrada a pacientes, para exigir melhores condições de trabalho.
O hospital Raoul Follereau é especializado em tratamento de doentes de tuberculose, mas está sob gestão da Organização Não Governamental – Associação Internacional de Saúde e Desenvolvimento (AHEAD) através de um protocolo de acordo assinado em 2012.
Em entrevista ao semanário O Democrata, Delfim Vicente Mendes insurgiu-se contra a passividade da direção do hospital e da organização AHEAD na resolução dos seus problemas, por isso exigiu a criação de melhores condições de trabalho, tendo em conta a especificidade do hospital e o tratamento dos pacientes com problemas respiratórios, de forma a não permitir o contágio dos funcionários.
Delfim Vicente Mendes revelou que os profissionais daquela instituição têm trabalhado sem máscaras protetoras, nem luvas nem desinfetantes, “elementos básicos para garantir a proteção dos funcionários”.
O porta-voz disse que os serviços de raio-X e de análises não funcionam há um ano. Sustentou que, na sequência da paragem desses sérvios, atualmente os doentes não conseguem fazer algumas análises, nomeadamente: o hemograma (análise de sangue) completo, bioquímica e gota espessa. Apenas está em funcionamento a expetoração (análise de cataro) naquele laboratório. Segundo Delfim Vicente Mendes, todos esses constrangimentos estão relacionados com afalta de reagentes.
Denunciou igualmente que os doentes são obrigados a comprar mosquiteiros, porque o hospital não os tem.
“Há falta de ventilação, apropriada para a infraestrutura e esta está degradada. Quando chove há infiltrações na maior parte das salas. Para evitar que a água inunde as salas colocamos baldes e outros recipientes”, sublinhou
Frisou que a situação é do conhecimento, tanto da direção daquele centro hospitalar bem como do ministério da Saúde Pública. Eles sabem “as péssimas condições que o hospital de referência para diagnóstico e tratamento de tuberculose tem”.
“Já recebemos muitas promessas, mas nada mudou… Atéum receituário não temos. A direção coloca à disposição de cada técnico cinco máscaras mensalmente. Estamos a exigir apenas que nos criem condições de trabalho, sem asquais não podemos trabalhar”, disse.
O nosso jornal tentou contatar a organização encarregue da gestão do centro hospitalar, mas o responsável disse que estava numa reunião no ministério de Saúde Pública. Contudo, prometeu pronunciar-se sobre a reivindicação dos funcionários através de uma comunicação a imprensa.
Por: Assana Sambú
Foto: A.S