Reportagem: ONG’s DE BAFATÁ PREPARAM “PLANO OPERACIONAL” PARA APOIAR ACTIVIDADES AGRÍCOLAS E AMBIENTAIS

A Plataforma das Organizações Não Governamentais e das Associações de Base da Região de Bafatá está a conceber um plano operacional regional de desenvolvimento nas áreas de agricultura, floresta e meio ambiente, que permitirá as organizações que intervêm naquelas áreas obterem um maior sucesso nos seus trabalhos.

De acordo com o secretário-executivo da plataforma das ONG’s e Associações de Base daquela região, Bubacar Djaló, a iniciativa visa apoiar tecnicamente os camponeses e ambientalistas com informações adequadas e materiais para desenvolver os trabalhos no terreno.

Em entrevista concedida aos repórteres do semanário “O Democrata” que se deslocaram recentemente à cidade natalícia de fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana (Amílcar Cabral), Bubacar Djaló explicou que a componente agrícola e florestal do “Plano Operacional” será dirigida pela organização Não governamental – Guiarroz, uma ONG que opera no sector de Contubuel e especializada na produção de arroz. Enquanto os planos desenvolvidos para os sectores da água e ambiente serão dirigidos pela Associação de Saneamento Básico, Proteção da Água e Ambiente de Bafatá (ASPAAB), entidade responsável pela intervenção na área de água e saneamento na região.

PLATAFORMA CONSIDERA DE POSITIVOS OS TRABALHOS DESENVOLVIDOS PELAS ONG’S E ASSOCIAÇÕES

O Secretário-executivo fez ainda uma avaliação positiva das intervenções das organizações não governamentais que operam na região durante o primeiro semestre do ano em curso.

Embora tenha reconhecido que algumas intervenções não correram bem, porque “não foram concluídas algumas obras e outras devido ao seu impacto na comunidade”, Djaló sustentou que, conforme as informações recolhidas junto das comunidades, mais de setenta e cinco (75) por cento de projectos foram muito bem implementados, sobretudo nas áreas da água, saneamento básico, construções de escolas, entre outras.

Djaló revelou ainda que a plataforma está a desenvolver uma acção conjunta com o Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), sobretudo no que concerne à divulgação de um conjunto de leis sobre os direitos humanos junto da comunidade, entre as quais, o abandono das práticas nefastas, a equidade de género, as violações, entre outros.

Segundo o activista de desenvolvimento comunitário, a Região de Bafatá apresenta aparentemente, a maior probabilidade da prática da excisão feminina no país, devido ao predomínio das etnias ligadas àquela prática.

Djaló destacou a parceira que a sua organização estabeleceu com o Gabinete Nacional de Ajuda Não-Governamental, tutelado pela secretaria de Estado da Cooperação, que concede apoios à sua organização e orientação às intervenções das ONG’s naquela região.

ONG’S PREPARAM “PLANO OPERACIONAL” REGIONAL PARA AJUDAR CAMPONESES E AMBIENTALISTAS

O Secretário-executivo da Plataforma das ONG’s explicou ainda que já está em curso, em Bafatá, um Plano Operacional que visa apoiar o desenvolvimento regional, sobretudo nas áreas da água, de saneamento e que está a ser coordenado pela Associação de Saneamento Básico, Protecção da Água e Ambiente de Bafatá (ASPAAB).

Ainda segundo Djaló, as componentes agrícolas e florestais do plano operacional de desenvolvimento regional serão coordenadas pela ONG – Guiarroz, uma organização especializada na produção de arroz e que opera no sector de Contubuel, que igualmente possui técnicos que podem ajudar nos trabalhos de conservação e exploração racional da floresta.

Assegurou que no âmbito da preparação do plano operacional regional, já foram realizados vários encontros com as organizações que intervêm naquela área, nos quais conseguiram produzir algumas recomendações que serão úteis para a finalização do plano.

Não obstante os trabalhos de orientação dos projectos executados pelas organizações feito pela plataforma, esta não tem competências para se imiscuir nos assuntos internos das ONG’s e associações suas parceiras, por esta razão adoptou-se um mecanismo denominado “indicador de reação comunitária” para avaliar as intervenções das organizações.

“Esse mecanismo implica fazer inquéritos junto das comunidades, recolhendo informações que permitam avaliar o impacto da intervenção de uma organização”, concluiu.

PLATAFORMA PERSPECTIVA “FESTIVAL DAS ONG’S” PARA SENSIBILIZAR AS COMUNIDADES LOCAIS

Bubar Djaló anunciou que a plataforma perspectiva para breve a realização de um “Festival das ONG’s”, com o intuito de sensibilizar as comunidades locais sobre as acções desenvolvidas no terreno. Adiantou ainda que a organização do festival contará com a participação do Gabinete Nacional de Ajudas Não – Governamentais, com vista à avaliar as acções das ONG’s que operam na região de Bafatá.

“São milhões e milhões de Euros que entram anualmente na região Bafatá, mas o que mudou de concreto em termos do desenvolvimento regional?”, questionou o activista, que entretanto, avançou que esta será uma das questões que serão respondidas no referido festival.

Na sua visão, a Região de Bafatá é uma zona piloto daquele evento que posteriormente será alargado para todo o país. Acrescentou, no entanto, que o festival permitirá ao governo avaliar as intervenções dos seus parceiros de desenvolvimento.

Bubacar Djaló mostrou-se disponível em ajudar na criação de plataformas similares em todas as regiões do país, com vista a orientar as intervenções das ONG’s.

Relativamente às dificuldades enfrentadas pela plataforma, Bubacar Djaló explicou que no primeiro momento de funcionamento não recebiam apoios da parte de organizações nacionais e internacionais, nem mesmo um fundo de funcionamento. No entanto, contou, que a organização que dirige conseguiu funcionar graças a fundos internos e algumas contribuições dos associados.

Em relação às dificuldades detectadas junto de algumas associações de base, Djaló apontou a falta dos recursos humanos qualificados, como também o problema de recursos financeiros para viabilizar o funcionamento ou a execução das actividades desenvolvidas pelas organizações. Sublinhou neste particular que é necessário reforçar a capacidade dos recursos humanos e institucionais das associações de base.

A baixa taxa de participação da camada feminina nas organizações não escapou à análise do Secretário-executivo da plataforma, que no seu entender é uma das dificuldades das organizações de base daquela região lestenha.

 

 

Por: AlceneSidibé / Sene Camará

 

 

 

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