O grupo de 15 deputados dissidentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) quer o diálogo para promover a reconciliação e acabar com a crise no partido, disse esta quarta-feira o deputado Rui Diã de Sousa, noticia a Lusa.
A abertura de canais de diálogo através de uma comissão paritária entre a direcção do PAIGC e os 15 deputados é uma das recomendações de um encontro de reflexão promovido por aquele grupo juntando outros militantes em desacordo com a direcção.
A conferência de três dias decorreu numa unidade hoteleira de Bissau, sob o lema “Reflexão para Salvação do PAIGC de Cabral”, visando preparar o partido para os próximos desafios de forma coesa.
Os conferencistas apontaram um “diálogo franco e sincero” como “única via” para acabar com a crise política que dividiu os militantes e dirigentes do histórico partido guineense em dois grupos antagónicos.
Também apelaram às organizações da sociedade civil e a comunidade internacional para se juntarem aos esforços de aproximação das partes desavindas no PAIGC e ainda a retoma do funcionamento normal do parlamento para que aquele órgão possa aprovar pacotes de leis sobre as reformas no país.
Divergências entre actores políticos motivaram o bloqueio do Parlamento guineense há cerca de dois anos.
A antiga ministra do Interior Satu Camará, um dos 15 deputados expulsos da bancada do PAIGC, acusou o líder do partido, Domingos Simões Pereira, de promover a divisão de militantes e ainda de estar a querer mudar o posicionamento ideológico daquela força política.
Segundo Satu Camará, Domingos Simões Pereira quer que o PAIGC passe a ser um partido de direita “quando é e sempre foi de esquerda”, disse.
O grupo dos 15, coordenado por Braima Camará, que ficou em segundo lugar na corrida à liderança do partido, ganha por Domingos Simões Pereira, entrou em ruptura com a direcção do PAIGC, tendo-se juntado ao PRS no parlamento para chumbar o programa de Governo do então primeiro-ministro, Carlos Correia.
O grupo dos 15 é um dos signatários do Acordo de Conacri, patrocinado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que prevê a formação de um governo consensual integrado por todos os partidos representados no parlamento e a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do chefe de Estado, bem como a reintegração daqueles elementos no PAIGC, entre outros pontos.
O actual Governo da Guiné-Bissau, de iniciativa presidencial, não tem o apoio do partido do PAIGC, ganhou as eleições com maioria absoluta, e o impasse político tem levado vários países e instituições internacionais a apelarem a um consenso para a aplicação do Acordo de Conakry.
In lusa