
O Governo da Guiné-Bissau considera esta sexta-feira, 20 de Outubro 2017, de ‘ato isolado’, a tentativa de assalto a sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) por parte de um grupo de militantes desta formação política.
A posição do executivo liderado por Umaro Sissoco Embaló face ao ocorrido na sede dos libertadores, assim como do litígio entre feirantes de Bandim e a Câmara Municipal de Bissau foi tornada pública pelo Ministro do Turismo e Artesanato, Fernando Vaz, numa conferência de imprensa promovida na sede do governo em Brá.
Vaz disse ainda que o Governo posiciona-se contra os desacatos ou o uso da força para entrar em qualquer instituição, sublinhando que o sucedido se trata de um problema interno do PAIGC, contudo reconhece que se transborda para a esfera pública onde o governo tem que pôr a ordem e a lei, o que já foi feito.
Lamentou de seguida a forma como os acontecimentos dos dias 17 e 18 de Outubro, no Mercado de Bandim entre feirantes e a Polícia Municipal, e o confronto entre militantes fiéis à liderança do PAIGC e apoiantes do grupo dos15 deputados’ dissidentes do partido, respetivamente poderão, na sua visão, ‘manchar a boa imagem projetada e o bom desempenho do executivo nos domínios económicos e sociais’.
“Há paz social no país. A paz social é evidente e não foi posto em causa e nem será posto em causa no futuro’, afirmou Vaz, reiterando que o sucedido na sede do PAIGC não passa de ‘um ato isolado, que não tem nada a ver com o governo”.
Referiu no entanto que o executivo no comunicado do último Conselho de Ministros apelou as partes desavindas no sentido de privilegiarem e apostarem num diálogo sério e franco como a forma de ultrapassar os diferendos políticos a bem da democracia e da Guiné-Bissau.
Segundo Vaz, o governo já criou uma comissão que está a averiguar a situação do Mercado de Bandim, prometendo o pronunciamento do executivo, assim que recolher os dados necessários ouvindo as partes envolvidas no acontecimento.
Sobre a queda frequente no fornecimento da energia na capital Bissau, Fernando Vaz disse que tudo tem a ver com o número de clientes que excede a capacidade da empresa de Eletricidade e Água da Guiné-Bissau (EAGB), que atualmente produz 15 Mega Watts por dia, resultando em 90 mil litros de combustível contra os 60 mil litros gastos anteriormente. Contudo, Vaz prometeu que o executivo está a trabalhar com vista a encontrar uma resolução desta situação.
Considerou de infelizes as declarações do ex-Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, ontem na cidade da Praia, segundo as quais a Guiné-Bissau vive uma crise institucional resultante de uma interpretação pessoal da Constituição do país e do desejo de mais poder.
“Como é que uma pessoa que não acompanha a situação da Guiné-Bissau pode fazer uma análise deste género? É porque ele não conhece a nossa Constituição. O Presidente José Mário Vaz vem das escolas da democracia e não escolas ditatoriais. E JOMAV nunca pertenceu ao regime que fuzila pessoas, só tem opiniões diferentes, nota Fernando Vaz.
Na ocasião, Vaz revelou que o governo descobriu que 7.000 (Sete Mil) funcionários recebiam indevidamente, ou seja, ilegalmente na função pública guineense, fato que motivou o governo a abrir um novo recenseamento para atualizar e ajustar a situação no aparelho do Estado.
Por: Sene Camará
Foto: Benvindo Mango