A situação política no Zimbabwe continua tensa nesta quarta-feira, após o Exército ter cercado com blindados os acessos ao Parlamento, à sede do partido no poder (ZANU-PF) e às instalações onde o presidente Robert Mugabe se reúne com os membros do governo, em Harare.
Início da crise
O vice-Presidente Emmerson Mnangagwa cai num comício de militantes presidido pelo Presidente Robert Mugabe, levando a evacuação, a 15 de Agosto deste ano, do dirigente partidário para a África do Sul.
Dias depois, Mnangagwa acusa África do Sul companheira do círculo presidencial de tentar envenená-lo.
Após o seu gresso ao Zimbabwe, e na sequência de desentendimentos entre Emmerson Mnangagwa e a primeira-dama, Grace Mugabe, ambos potenciais candidatos à sucessão do presidente Robert Mugabe, o chefe de Estado exonerou o seu vice-presidente, no dia 6 de Novembro de 2017.
Desenvolvimento da crise
Com a exoneração de Mnangagwa, antigo ministro da Defesa, desencadeou um descontentamento na classe castrense.
O então vice-presidente partiu de exílio na África do Sul onde prometeu que regressará ao seu país para dirigir o partido governamental.
É assim, que segunda-feira o chefe do Exército do Zimbabwe, general Constantine Chiwenga apela ao fim das purgas na Zanu-PF, ameaçando as forças armadas agir para salvar a revolução.
Reacções internas
Várias reacções foram emitidas dentro do país, uma das quais, do principal partido da oposição do Zimbabwe (MDC), cujo alto dirigente Gift Chimanikire, deplorou a tomada do poder pelos militares considerando tal passo de retrocesso da democracia.
No mesmo diapasão interveio a Liga da Juventude da Zanu-PF, que exortou terça-feira, num comunicado a manutenção do governo civil após o impasse entre o Exército e o partido no poder.
Os Resultados da crise
Face ao acentuar da crise, terça-feira, observadores detectaram uma coluna de tanques a dirigir-se para a capital , Harare.
Finalmente, na madrugada desta quarta-feira, numa mensagem lida na televisão nacional, o general Sibusiso Moyo anunciou o lançamento de uma operação que visa neutralizar “criminosos” no seio da comitiva do chefe de Estado, Robert Mugabe, sem no entanto referir-se a um golpe de Estado militar.
Para o general, não se trata de um golpe Estado contra o governo e assegurou que o chefe de Estado e a sua família se encontram “sãos e salvos” e”em segurança”.
Reacções internacionais
Mas prevalecem na imprensa internacional os rumores de um golpe de Estado militar e de que o presidente Robert Mugabe se encontra detido pelo Exército.
A agência noticiosa francesa France Presse (AFP) divulgou, citando um comunicado da Presidência sul-africana, noticiou que o líder zimbabweano telefonou ao seu homólogo sul-africano, Jacob Zuma, dizendo que estava detido pelo Exército, que tomou o controlo da capital do Zimbabwe.
“O presidente Zuma conversou hoje cedo (quarta-feira) com o presidente Robert Mugabe que lhe disse que estava detido na sua residência mas acrescentou que estava bem”, noticiou a AFP.
Já a agência norte-americana Associated Press noticia que o Exército do Zimbabwe anunciou que tem sob custódia o presidente Robert Mugabe e a esposa, controla os edifícios oficiais e patrulha as ruas da capital, Harare, após uma noite de agitação que incluiu a tomada da televisão estatal.
Quarta-feira de manhã, os soldados estavam a impedir a passagem dos veículos defronte ao Parlamento, segundo a AFP.
A acção dos militares gerou especulação quanto a um golpe de Estado, mas os apoiantes dos militares disseram tratar-se de uma “correcção sem derramamento de sangue”, escreve a Associated Press.
Ainda hoje o líder da potência regional da África Austral a África do Sul, Jacob Zuma, pronunciou-se contra a mudança “inconstitucional” de governo no Zimbabwe.
O estadista exortou igualmente às autoridades e o exército do país a “resolver amigavelmente o impasse político” actual e pediu às forças de defesa zimbabweanas para “garantir que a paz e a segurança no país não sejam comprometidas”.
Conclusão
Só a intervenção da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) como tem o feito em crises políticas anteriores pode levar as partes desavindas às negociações e até agora a organização regional optou pela prudência, e as suas decisões podem levar a União Africana (UA) a agir face a nova situação criada neste país membro da SADC, da UA, e da ONU.
In angop
Foto: EPA/AARN UFUMELI