O presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF), Malam Ly Baldé, anunciou esta quarta-feira, 22 de Novembro de 2017, que os dois sindicatos dos professores (SINAPROF e SINDEPROF) entregaram hoje mais um pré-aviso de greve ao executivo liderado por Umaro Sissoco Embaló, que decorrerá de 27 de Novembro a 22 de Dezembro do ano em curso.
Malam Ly Baldé que falava ao O Democrata numa conferência de imprensa conjunta dos dois sindicatos realizada na sede de SINAPROF, em Bissau, disse que a segunda vaga de greve será acompanhada com sucessivas marchas dos professores a nível nacional para exigir o cumprimento integral do “memorando de entendimento” assinado no dia 20 de Novembro de 2016, entre governo e os dois sindicatos.
O sindicalista guineense questionou os motivos que levou o governo a não se dignar validar ainda a implementação efetiva da carreira docente que está ser reivindicada pelos professores desde 29 de Março de 2011, até data presente. Adianta ainda que as justificações do atual executivo, em como a falta de implementação da carreira docente terá a ver com a não aprovação do Orçamento Geral de Estado, não correspondem à verdade.
Face à crescente atribuição de patentes no seio das forças de segurança, Baldé questiona se a mesma não reflita nas contas do Estado.
“Não é possível ter ensino de qualidade na Guiné-Bissau, enquanto os professores continuam a receber salário magro de 29 mil francos CFA. Esta situação coloca o setor educativo guineense no último plano, enquanto os governantes ostentam riquezas, através dos seus subsídios, como se fossem melhores trabalhadores da Guiné-Bissau”, lamentou o sindicalista.
Denunciou na ocasião que alguns diretores das escolas públicas do país terão rejeitado entregar horários aos professores, alegando que estes professores aderiram à greve decretada pelos dois sindicatos. Ly acrescenta ainda que cerca de 21 professores da região de Cacheu, concretamente no setor de Canchungo não receberam os seus horários pelos seus respetivos diretores.
“Maioria das escolas públicas do país, não tem condições para um bom funcionamento das aulas, mas há um fundo que é retido nas escolas de 60 por cento resultante das cobranças de matrículas para fazer manutenção dos estabelecimentos escolares. Infelizmente os diretores das escolas andam a ostentar riquezas com esse dinheiro, como responsáveis pela gerência desse fundo escolar e ninguém pergunta nada sobre este assunto. Nós vamos continuar a fazer o nosso trabalho, defendendo a dignidade da classe dos professores guineenses”, assegurou.
De recordar que desde abertura de ano letivo 2017/2018 no mês de Outubro passado, as salas de aulas continuam enceradas por causa das greves decretadas pelas duas organizações sindicais. A primeira onda de greve decretada de 6 a 15 do mês em curso. A segunda vaga de greve está prevista de 27 de Novembro a 22 de Dezembro.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A