
O Chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, reuniu-se ontem, 04 de janeiro 2018, separadamente com os titulares de órgãos de soberania, designadamente o presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá e o Primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, para procurar a saída da crise que assola o país há mais de dois anos.
José Mário Vaz, recebeu ainda o diretor-geral do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) e o grupo de líderes religiosos solicitado a ajudar a encontrar a solução para a crise.
Cipriano Cassamá, presidente da Assembleia Nacional Popular, explicou à imprensa que durante a reunião vários assuntos foram abordados, entre os quais, a exoneração do Primeiro-ministro e a escolha do novo chefe do Governo.
“Na qualidade do responsável da instituição que tutela a Comissão Nacional de Eleições (CNE), falamos sobre a possibilidade de organizar as eleições com o Secretário Executivo daquela instituição e no concernente este assunto dei a minha opinião. Nós temos que renovar o mandato do Secretário Executivo e escolher o novo presidente da CNE no quadro normal da Constituição da República”, notou o líder do Parlamento, que entretanto, avançou ainda que aproveitou a ocasião para abordar a questão das viaturas oferecidas pelo reino de Marrocos à Guiné-Bissau, que se encontra no pátio do Palácio da República.
Questionado se a exoneração do chefe de executivo é a uma saída para a crise, respondeu que a solução pode ser encontrada pelos partidos políticos.
“O Parlamento que eu dirijo é emanação dos partidos políticos. Os partidos políticos com assento parlamentar devem com certeza encontrar uma solução o mais rápido possível. Também pude informar ao Presidente da República, que o seu roteiro não é uma solução para a saída da crise neste momento”, contou.
“Assembleia mas tem normas e tem um Regimento! Só a plenária poderá funcionar de acordo com a votação ou a orientação ou a decisão da Comissão Permanente que é composta por 15 elementos, dos quais seis do PRS e nove do PAIGC. Uma vez que representantes destes dois grandes partidos decidiram para que haja uma ordem do dia aprovado por eles é claro que o presidente do Parlamento não tem nada a fazer e a não ser convocar a plenária. Enquanto isso não se fazer, quem sou eu para convocar?! Portanto é falacioso e irresponsável o arguments que consiste a dizer que a Assembleia está fechada”, espelhou.
SISSOCO: “MEREÇO AINDA A CONFIANÇA DE JOMAV, DO PRS E DE OUTROS DEPUTADOS”
O Primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, disse aos jornalistas a saída da audiência que continua a merecer a confiança do Chefe de Estado guineense José Mário Vaz, bem como do PRS, do Grupo dos 15 e incluindo dos deputados do PCD e PND.
“Não senti a falta da confiança dos individuos e de partidos políticos que me apoiam”, reforçou.
Questionado se não está agarrado ao poder, assegurou que não venceu as eleições. E lembrou, no entanto, que foi nomeado na base do consenso e da confiança do Presidente da República, bem como das formações políticas que o apoiam.
Director Geral do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE), Brum Sitna Namone, advertiu que 80 por cento dos seus materiais não estão a funcionar, devido à falta de condição para a sua conservação. Contudo o responsável assegurou que é possível fazer o recenseamento dentro do prazo estipulado pela lei, se o governo desbloquear o valor de três bilhões de francos CFA, aprovado no último conselho de Ministros, e realizar eleições entre Outubro e Novembro de 2018.
Informou ainda que o encontro com o Presidente José Mário Vaz visava informar lhe sobre o processo de preparação para recenseamento e as dificuldades enfrentadas pela GETAPE na conservação dos materiais e a preparação de cartografia e digitalização.
Em representação da Comunidade Religiosa do País, Padre Domingos da Fonseca, disse que o grupo entregou uma proposta ao Presidente da República, José Mario Vaz, para a saída de crise vigente no país, mas ainda o processo de mediação vai continuar. Nesse sentido, Domingos da Fonseca, exortou os homens da comunicação social para utilizarem linguagem adequada como forma de ajudar na resolução da crise política vigente.
Por: Celeste Djata
Foto: Cortesia da Presidência da República