Carlos Lopes: “ÁFRICA É O RESERVATÓRIO DA JUVENTUDE DO MUNDO”

O economista guineense, Carlos Lopes disse esta sexta-feira, 5 de Janeiro 2018, que a ‘África é o reservatório da juventude do mundo’. O académico dirigia-se aos jovens guineenses numa conferência alusiva ao lançamento do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral (CESAC) em Bissau.

Lopes alerta ainda aos presentes no evento que o mundo viverá nas próximas décadas a maior efervescência demográfica, voltando aos jovens. O economista considera que os jovens não são futuro de África, mas sim, a juventude já é um presente no continente ‘Berço da Humanidade’ e, não podem esperar para poderem ter protagonismo em África.

Na conferência subordinada ao tema ‘Como a juventude fará a diferença no futuro de África?’, Carlos Lopes afirma que os jovens são pessoas carregadas e imbuídas de energia particular, essas características, na sua visão, devem ser aproveitadas para fazer aquilo que o continente africano precisa mais, que é a transformação estrutural.

“Eu já não sou jovem e, por isso, não posso falar em nome dos jovens, aliás, acho que é muito importante dizer que os jovens irritam-se quando se diz que são futuro, porque eles são também presente em África, eles já são o presente. E portanto, não precisam de esperar o futuro para poderem ter protagonismo”, nota.

Durante a sua apresentação, Lopes lembrou a tenacidade da juventude africana desde o período colonial, quando jovens assumiram protagonismo nas grandes e importantes decisões do continente, apontando alguns nomes como: Amílcar Cabral; Kwameh Krumah; Gamal Abdel Nasser; Patrice Lumumba; Nelson Mandela, entre outros.

O académico guineense sublinha ainda que 54 por cento da juventude africana está atualmente desempregada e mais de três quartos de jovens são tidos como pobres. O ex- Director da Comissão da ONU para África considerou que a população africana está a crescer de uma forma muito rápida, sendo uma das taxas mais altas na história da humanidade.

Até o fim deste século, ou seja, até 2100, dez das 20 nações mais populosas do mundo estarão em África, designadamente: Nigéria; Níger; Etiópia; República Democrática do Congo; Malawi; Tanzânia; Sudão e Uganda, explica Carlos Lopes antes de assegurar que a maior força do trabalho até 2034 será a força africana, ultrapassando a China e a Índia, dois países com dimensão continental.

CESAC DEFENDE AUTONOMIA DE PENSAMENTO NA GUINÉ-BISSAU

O co-fundador do CESAC, Miguel de Barros explica ao jornal O Democrata que o Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral assentará em três linhas fundamentais, a autonomia na produção do conhecimento, salvaguardando a liberdade académica e do pensamento.

O segundo desafio do CESAC visa a renovação geracional, neste particular os seus responsáveis acreditam que é possível influenciar as decisões políticas e o modo de estar, apostando em homens e mulheres que partilham o mesmo espirito otimista com CESAC.

Finalmente, o CESAC elege a capacidade crítica de aceitar o contraditório como o elemento fundamental que permita o crescimento de todos, com olhos postos em como atrair os jovens investigadores com capacidade de produção de conhecimento imbuídos de um compromisso de transformação a partir desta idealidade científica, através de investigação fundamental com possibilidades de criar diálogo e mobilidade com correntes de pensamento a nível interno, assim como a nível do continente africano e com outros centros de investigação.

De Barros demostra ainda a vontade de petrechar os jovens investigadores com bolsas de investigação, tendo ainda um período de acompanhamento dentro de CESAC, além dos contatos diretos que terão com as comunidades e estruturas.

O evento contou com uma presença massiva dos guineenses que lotaram os lugares do auditório de um dos hotéis de Bissau, onde decorreu o lançamento oficial do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral com epígrafo CESAC.

 

 

Por: Sene Camará

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