Crise Política e Parlamentar: MISSÃO DA CEDEAO AVALIA IMPLEMENTAÇÃO DE ACORDO DE CONACRI COM ATORES POLÍTICOS

Uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chefiada por ministro togolês dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e da Integração Regional, Robert Dussey, se encontra em Bissau desde ontem,17 de Janeiro de 2018-, com o intuito de avaliar o processo da implementação do ‘Acordo de Conacri’ com os atores políticos.

A missão integra igualmente o Secretário Geral da Presidência da República da Guinée-Conakry, Nabi Bangoura (Ministro Conselheiro), em representação do mediador da crise guineense, Presidente Alpha Condé. Após a sua chegada ao aeroporto internacional Osvaldo Vieira, a missão seguiu diretamente para o Palácio da República, onde foi entregar uma mensagem dos chefes de Estado da CEDEAO ao Presidente José Mário Vaz.

Depois de audiência que durou cerca de uma hora com José Mário Vaz, o chefe da missão, Robert Dussey explicou, na sua curta declaração, que o teor da mensagem entregue ao chefe de Estado guineense é de encorajamento dos seus homólogos no sentido de prosseguir com diálogo com a classe política para a implementação dos acordos resultantes da crise que o país vive.

“Não queremos fazer muitos comentários sobre isso. Estamos no país  e vamos nos reunirmos  com as partes envolvidas nesta crise”, disse.

PAIGC ACREDITA NA MEDIAÇÃO DA CEDEAO PARA O CUMPRIMENTO DO ACORDO DE CONACRI

Em representação da delegação do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Comandante Manuel dos Santos, diz que o seu partido está convencido que desta vez a CEDEAO vai exigir o cumprimento do acordo de Conacri.

“A CEDEAO está com a disponibilidade de fazer cumprir o acordo, por isso vai tentar fazer com que o acordo seja cumprido”, assegurou.

Manecas dos Santos insiste dizendo que se os libertadores (PAIGC) não acreditassem na mediação da CEDEAO não estaria nas negociações com a delegação porque, segundo disse, “em todos os aspectos temos dado satisfação daquilo que a CEDEAO sempre pretendia”, nota.

Esse dirigente do PAIGC não fez, contudo, nenhum comentário quanto à possibilidade de o Presidente da República afastar o nome Augusto Olivais ao cargo do Primeiro-ministro, conforme prevê o primeiro ponto do acordo de Conacri, mas deixa a impressão de que se o Presidente não nomear Augusto Olivais, “ele incorre obviamente, de facto de ter problemas com a CEDEAO”.

PRS ESTÁ DISPONÍVEL A APOIAR QUALQUER SOLUÇÃO QUE VISE ESTABILIZAR O PAÍS

Florentino Mendes Pereira, Secretário-geral do Partido da Renovação Social e chefe da delegação do partido, disse aos jornalistas que os renovadores estão sempre disponíveis para quaisquer soluções que visem estabilizar o país.

“Nós reiteramos aqui, que não somos parte da crise na Guiné, mas sim, damos sempre a nossa contribuição, sempre somos chamados para contribuir. Fomos chamados para a Conacri, fomos a Conacri. Fomos solicitados a pronunciar-se sobre o nome do primeiro-ministro entre os três, demos a nossa contribuição. Fomos convidados para integrar o governo, portanto integramo-lo. Tudo o que nos foi pedido, sempre respondemos na perspectiva de ajudar a Guiné-Bissau a sair desta crise”, vincou.

Em relação a eventual apoio do PRS a Augusto Olivais, como primeiro-ministro, Florentino Pereira deixa a seguinte resposta: “Nós já pronunciamos sobre isso”.

GRUPO 15 PEDE ANULAÇÃO DE CONFERENCIAS DE BASE DO PAIGC E ADIAMENTO DO CONGRESSO

Coordenador do grupo dos 15 deputados dissidentes da bancada parlamentar do PAIGC, Braima Camará, disse que o Presidente José Mário Vaz já deu passos importante para a implementação do acordo de Conacri com a exoneração do Primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, por isso pediu igualmente a direção do PAIGC de anular todas as conferências de base da seleção dos delegados ao congresso, bem como o adiamento do próprio congresso agendado para fim do mês em curso.

Questionado se o grupo estaria disposto a integrar ao partido nas condições anunciadas pela direção do partido, respondeu que o grupo não está limitado apenas aos 15 deputados, mas sim há militantes, altos dirigentes que fazem parte deste grupo, desde Aristides Ocantes, Botche Candé, Luís Oliveira Sanca, entre outros, razão pela qual não podem aceitar as condições anunciadas pelo partido.

“Estamos disponíveis a regressar e razão pelo qual estamos abertos ao diálogo, porque a cultura de ‘matchundadi’ não nos leva ao lado nenhum.

Relativamente a figura do novo primeiro-ministro, explicou que o grupo insiste a pedir o partido a anulação das conferências de base [processo de eleição de candidatos a delegado para congresso] e o adiamento do congresso, depois se procura o consenso em torno da escolha do novo primeiro-ministro.

Advertiu neste particular que a escolha do novo Primeiro-ministro está condicionado aon cumprimento do roteiro apresentado por Presidente José Mário Vaz na Cimeira dos Chefes de Estado e do Governo da CEDEAO, em Abuja (Nigéria).

 

 

Por: Assana Sambú/Aguinaldo Ampa

Foto: A.S

 

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