O Diretor Executivo da Organização Não Governamental – ‘Tiniguena’, Miguel de Barros, exigiu hoje, 25 de janeiro 2018, a responsabilização criminal às atitudes das autoridades nacionais e dos autores envolvidos na corte ilegal das madeiras e suas vendas sem medidas compensatórias às comunidades lesadas.
O ativista falava durante uma conferência de imprensa realizada esta manhã na sede da sua organização, em Bissau, com o intuito de abordar a situação da corte e venda ilegal das madeiras, no quadro da recente venda de 1500 contentores de madeiras apreendidas pelas autoridades guineenses em 2015.
Miguel de Barros classifica as atitudes da direção florestal de ser um atentado grosseiro contra as leis do país, porque no entender do ativista “o governo está a salvaguardar os interesses dos que agrediram a floresta e os seus ganhos financeiros, incentivando assim mais corte no futuro e que já está acontecer na região de Bafatá e Oio”.
Para o Diretor da ONG Tiniguena, as autoridades guineenses deviam pensar nas medidas compensatórias às comunidades vitimadas com as cortes das suas florestas, através dos investimentos sociais.
Sobre a venda de 1500 contentores aprendidos em 2015, resultado das cortes verificadas desde 2012, assegurou que não foram respeitadas as leis aprovadas pelo Estado sobre a exploração dos recursos florestais e que proíbem claramente a exploração e comercialização das madeiras por cinco anos, desde a sua adopção em 2015.
“Nós não conformamos e nem aceitaremos que um governo demitido, que não tem competências para tomar decisões para além da gestão, avance com uma medida como esta de exportação destas quantidades de madeiras para o exterior sem responsabilidade e compromisso”, referiu.
Surpreendido com as atitudes da direção das florestais, Miguel de Barros, afirmou que as referidas atitudes põem em causa o princípio de transparência, bem como os princípios de justiça social e de sustentabilidade, por governo ter sido demitido.
“As autoridades destas áreas estão completamente obcecadas na filosofia financeira de exploração dos recursos naturais, sem perceber do que deve ser uma perspectiva de gestão durável de espaços de recursos naturais sem pôr em causa todos os tipos de equilíbrios necessários”, assegurou para de seguida, aconselhar as autoridades a trabalharem para a atualização dos inventariados florestais feitos nos anos 80.
O activista que trabalha na conservação da natureza, revelou que as consequências da corrupção nas explorações dos recursos nacionais já estão acontecer uma vez que se está-se a assistir às retardações das chuvas, às fortes inundações no leste do país e ao aumento da temperatura.
“O regime da monocultura também está a criar grandes impactos trocando as florestas primárias e secundarias para a plantação de cajueiros que também podem gerar, para além das causas naturais, conflitos sociais como aconteceu em Casamança, porque o país já faz parte do eixo de negócio de madeira, onde as autoridades fronteiriças ficam de mão atadas por causa do nível do encobrimento político e cumplicidade entre o setor privado e a classe política”, exortou.
Afirmou que a direção das florestas já não tem a capacidade de implementar as políticas públicas de florestas, porque no seu entender, “não tem capacidade política para a fazer e isso lhe leva a violar a própria lei da floresta, o que mostra a fragilidade do Estado”.
Por: Epifania Mendonça