O Porta-voz do Movimento “Nino Ka Muri”, Justino Sá, afirmou esta sexta-feira, 02 de março de 2018, que depois da morte do ex-presidente da República, General João Bernardo Vieira em 2009, algumas pessoas juntaram-se, com a colaboração em parte dos antigos combatentes, para apagar a história de Nino Vieira. Sem precisar nomes, acrescentou ainda que nesse mesmo ano foram produzidas camisolas sobre um simpósio realizado em Guilédji, onde constavam todos os nomes dos heróis nacionais, exceto o de Nino Vieira.
Justino Sá falava na cerimônia da comemoração de nono aniversário do assassinato do General João Bernardo Vieira, sob o lema, “Guerreiro e General mais lendário da Guiné-Bissau”, realizada no salão da UDIB, depois de terem sido depositadas coroas de flores nas campas do falecido Presidente da República e do ex-Chefe de Estado-maior, General Tagme Naye, no Cemitério Municipal de Bissau. Na ocasião, Justino Sá assegurou haver gente que quer apagar a história de um combatente como João Bernardo Vieira, o que poderá significar simplesmente apagar a história da Guiné-Bissau.
O Porta-Voz do Movimento “Nino Ca Muri” advertiu que a ingratidão e traição já são uma prática no país. Nesse sentido, exortou os guineenses para contarem a verdade uns aos outros. Disse ainda que mesmo os líderes que estão à frente das organizações políticas e sociais que não andam no bom caminho têm a obrigação de dizer a verdade para mudar, em vez de bater palmas para depois darem a volta e conspirar para matar ou dar golpes.
No que diz respeito ao arquivamento do processo de assassinato do João Bernardo Vieira pelo ministério público, Justino Sá explicou que o arquivamento de processos faz parte do trabalho do ministério público, quando realiza investigações e não for possível apurar a responsabilidade. Mas não é apenas levantar-se e dizer que não há responsabilidades e arquivar. É preciso ter elementos suficientes para dizer que não se pode avançar com o processo.
“Estamos a falar do processo de assassinato do ex-presidente da república cuja segurança é, normalmente, garantida por (600) homens. Estes homens não estavam no local antes de Nino Vieira ter sido assassinado. Isso mostra que esses elementos tinham informações desse ato. Essas informações terão permitido que eles se retirassem ou fossem enviados para fazer cobertura. Sem reagir. Esses homens podem trazer a verdade sobre o ocorrido, deixando de lado o argumento de que apenas a esposa que poderá explicar o assassinato do seu marido. Portanto, sobre o arquivamento do processo, mesmo os leigos em matéria podem perceber. A não ser que não queira investigar o crime ou têm medo”, espelhou Justino Sá.
Para o Antigo Combatente, Carlos Correia, que estava presente na depositação de coroa de flores no cemitério municipal de Bissau, João Bernardo Vieira é uma pessoa que deu a sua vida para a libertação nacional da Guiné-Bissau e dirigiu algumas instituições importantes nomeadamente, a Assembleia Nacional Popular e a Presidência da República. Morreu de uma forma brutal no exercício da sua função como Chefe de Estado.
Carlos Correia adiantou ainda que nessa data do seu assassinato, os guineenses devem render-lhe a devida homenagem, pedindo a Deus para que a sua alma descanse em paz e continuarmos a levar para frente os ideais que nortearam a luta de libertação nacional e sabermos ultrapassar a crise política que o país está a viver a mais de três anos.
De recordar que o General João Bernardo Vieira foi assassinado em 2009 na sua residência em Bissau por um grupo de desconhecidos. Neste momento o processo da investigação do assassinato foi arquivado pelo ministério público.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A