PARTIDOS DEMOCRÁTICOS ANUNCIAM O FIM NO DIÁLOGO COM JOMAV

O ‘Coletivo dos Partidos Democráticos’ da Guiné-Bissau que congrega 18 formações políticas do país, declinou-se a uma convocatória do Presidente da República, José Mário Vaz (JOMAV), agendada para manhã desta quarta-feira, 14 de Março de 2018. Ainda a partir de hoje, o Coletivo anunciou também que ‘nunca mais’ participará nos encontros promovidos pelo Chefe do Estado.

A posição do Coletivo dos Partidos Democráticos foi tornada pública hoje, numa conferência de imprensa promovida pelas 18 formações políticas, tendo como palco central o salão nobre ‘Amílcar Cabral’, na sede nacional do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que estava composto pelos militantes e simpatizantes dos partidos afetos ao coletivo.

De acordo com a convocatória presidencial, consultada pela redação do jornal ‘O Democrata’, a reunião com o Chefe de Estado, tinha como objetivo principal, encontrar uma solução para o impasse, relativamente à formação do Governo liderado por Artur Silva.

Na ocasião, o líder do partido União para a Mudança (UM), Agnelo Augusto Regalla acusou o Presidente da República, José Mário Vaz, de arranjar uma nova aliança com a Sociedade Civil, ‘para prosseguir com suas manobras dilatórias’.

Regalla acusa ainda José Mário Vaz de não querer a realização das eleições legislativas neste ano 2018, acrescentando que o Chefe de Estado da Guiné-Bissau pretende que as eleições sejam simultâneas em 2019, para poder realizar o seu desejo de concorrer-se às presidenciais e seus aliados às legislativas.

Para o líder do Partido da Nova Democracia (PND), Iaia Djaló, a democracia está ameaçada na Guiné-Bissau. Confirmou a recepção,  em 13 de Março 2018, de uma convocatória da Presidência da República que convidava o seu partido  a participar numa reunião com vista à formação do governo.

Djaló defende a revisão pontual da Lei Eleitoral do país, apontando aquilo que apelida de injusta distribuição dos mandatos dos deputados em diferentes círculos eleitorais da Guiné-Bissau. Na sua visão, a Assembleia Nacional Popular (ANP) devia se reunir pontualmente para legitimar os órgãos que permitam a realização das eleições legislativas.

“Estamos a caminhar para uma situação catastrófica”, alerta Iaia Djaló. Para de seguida, lamentar o silêncio das autoridades guineenses face aos assassinatos, segundo as suas contas, de cinco cidadãos nacionais na fronteira com o Senegal, fato que na opinião do presidente do Partido da Nova Democracia, espelha a desgovernação que a Guiné-Bissau vive nos últimos anos.

Iaia Djaló sustenta ainda que os guineenses desconhecem das receitas públicas do país, da exportação da madeira, assim como dos barcos que estão a pescar no mar da Guiné-Bissau.

PCD ACUSA PRESIDENTE JOMAV DE ASSOCIAR-SE COM AS FORÇAS DO MAL”

Por seu lado, o líder do Partido da Convergência Democrática (PCD), Vicente Fernandes disse que o Chefe de Estado associou-se ‘às forças do mal’, sublinhando que do lado do Coletivo dos partidos democráticos da Guiné-Bissau ‘estão os bons filhos da Guiné-Bissau’, assinalando ainda que o grupo de partidos democráticos tem um laboratório de análise de todos os passos do Presidente da República, José Mário Vaz.

Vicente Fernandes garante, no entanto, que ‘nunca mais’ as formações políticas que integram o Coletivo marcarão presença nas auscultações ou reuniões promovidas pelo Chefe de Estado. Uma posição tomada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que de acordo com líder do PCD coincidiu-se com a do resto dos membros do Coletivo.

“José Mário Vaz é o autor moral e material desta crise. Ele é responsável pela falta de salário, da luz e da água”, acusa Vicente Fernandes.

A segunda (2.ª) vice-presidente do PAIGC, Maria Odete Costa Semedo salientou que os libertadores são cumpridores dos acordos assinados, por isso, segundo disse, o seu partido fará tudo para que o ‘Acordo de Conacri’ seja respeitado.

Semedo afirma ainda que as eleições legislativas terão lugar ainda neste ano, exortando ao Chefe de Estado, José Mário Vaz para alinha-se no mesmo caminho.  Enalteceu neste particular o gesto da comunidade internacional que disponibilizou-se em acompanhar o país na realização das eleições legislativas em 2018.

Revelou ainda que José Mário Vaz tinha ameaçado o PAIGC de que se não assinar o ‘Acordo de Conacri’ seria sancionado, obrigando os libertadores a assinarem o referido acordo, do qual, no entender do PAIGC e o resto do coletivo, José Mário Vaz deve nomear o Augusto Olivais como Primeiro-ministro de consenso alegadamente obtido na mediação realizada em Outubro de 2016 na República da Guiné-Conacri.

Maria Odete Costa Semedo questiona, no entanto, o porquê, ou seja, que medo é que levou o Presidente da República, José Mário Vaz a ‘negar todas as tentativas de mediação desta crise, apontando a investida das mulheres, da comunidade internacional e da sociedade civil’.

Exortou o Presidente da República a nomear Augusto Olivais e salvar sua pele de ser considerado o culpado de todo sofrimento que o povo está a passar por culpa desta crise. Como alternativa Semedo convidou, JOMAV a devolver a voz ao povo, através da realização das eleições legislativas.

Presidente do Partido da Unidade Nacional (PUN), Idrissa Djaló sublinha que o país está a entrar na fase final desta luta, alertando, também que a luta chega a parte mais perigosa.

Djaló assegura que os partidos democráticos não querem ser cúmplices do Chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, na destruição do país. Acusou ainda o Presidente da República de querer apenas concentrar em si, todos os poderes.

Considera ainda que José Mário Vaz constitui um perigo individual e coletivo para todos os cidadãos guineenses.

Idrissa Djaló adverte que a dissolução da ANP, como sendo uma fuga em frente e, não uma solução à crise. Convidou todos os guineenses a pensarem sobre as suas responsabilidades perante uma situação desta.

“Nós que estamos aqui, nunca vamos aceitar que José Mário Vaz estrague esta terra, mesmo que isso custasse as nossas vidas. Vamos elaborar as nossas estratégias e vamos derrotar o JOMAV”, avisa Idrissa Djaló.

 

 

 

 

Por: Sene Camará

Foto : S.C

 

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