O antigo Primeiro-ministro, Baciro Djá, afirmou que o Presidente da República, José Mário Vaz, sabe que ele é um homem sério e talvez muito mais sério que o próprio Presidente. Dja fez estas declarações à saída do Ministério Público, onde foi ouvido na qualidade de declarante no caso de ‘famoso’ cheque de 500 milhões de Francos CFA, que o envolve com o Chefe de Estado guineense.
O cheque em causa foi entregue ao Presidente da República, pelo antigo Secretário-geral da Agência de Gestão e Cooperação entre o Senegal e Guiné-Bissau para a exploração da zona marítima comum, Júlio Mamadu Baldé. O referido montante era destinado para a construção de uma avenida, que seria baptizada com o nome do falecido General-Presidente, João Bernardo Vieira, o troço que liga Praça dos Heróis Nacionais à zona industrial de Bolola.
Na entrevista coletiva com os órgãos de comunicação social nacional e internacional, no âmbito de quatro anos da sua presidência, Presidente da República, José Mário Vaz, nega ter recebido de volta o cheque que entregou a Baciro Djá para a construção da referida Avenida, tendo pedido a este que o devolva.
Esta sexta-feira, 06 de Julho, o antigo chefe de governo foi ouvido no Ministério Público e revelou à imprensa que o cheque de 500 milhões de Francos CFA foi depositado na conta do tesouro público guineense.
Baciro Djá recusa, no entanto, as acusações e diz que enquanto servia o país em nenhum momento roubou ao Estado.
“O cheque foi depositado no tesouro público. Vou entregar-vos este documento para terem a prova material da minha declaração. O Presidente sabe que sou um homem sério e talvez muito mais sério que o próprio Presidente. Aqui está. O cheque não é uma manga que se come e depois ninguém sabe se foi ou não comida, tem traços e traços falam por si só”, realça.
O político assegura que jamais voltará a falar sobre o assunto.
“Sou um político com mãos limpas e estou aqui sem precisar de levantamento da minha imunidade parlamentar nem do advogado de defesa. Vim, e, sobretudo como um simples cidadão e espero que os outros políticos o façam”, sublinhou.
Quanto ao seu futuro político, Baciro Djá não avança se vai ou não às eleições legislativas, mas disse que brevemente o seu futuro político será conhecido, através do seu projeto político que se presume ser “Frente Patriótica de Salvação Nacional”.
De recordar que Baciro Djá foi nomeado Primeiro-ministro, pela primeira vez, a 20 de Agosto de 2015 e destituído a 17 de Setembro do mesmo ano, isto depois do Supremo Tribunal de Justiça ter declarado a sua institucionalidade. Mais tarde, e pela segunda vez, foi chamado a 27 de Maio de 2016 para governar o país. Cargo que desempenhou até 18 de Novembro do mesmo ano, que culminou com a sua demissão.
Por: Filomeno Sambú