Opinião: AS PERSPETIVAS DO INVESTIMENTO – QUAIS AS ALTERNATIVAS?

De forma genérica, quando se escreve sobre uma determinada matéria da economia, finanças ou negócios, escreve-se mais na perspectiva interna, ou seja, há tendência a fazer-se resenha voltada às questões internas das organizações ou das empresas.
Contudo, na Guiné-Bissau, nos últimos vinte anos (20 anos), falar do Investimento Directo Estrangeiro “IDE” parece-nos uma “miragem” ou “irrealismo”, não obstante algumas situações excecionais de investimento, pontualmente.
Por quanto, o défice de credibilidade e a falta de estabilidade que o país tem vivido e enfrentado, desde o conflito político-militar de (7/6/1998), quer interna, quer externamente, tem comprometido, sobremaneira, grande parte do investimento que se pretende atrair para o país, designadamente em variadíssimos setores económicos estruturantes: (Transportes, Serviços Portuários e Aeroportuários, Industrialização, Infra-estruturação, Pontes, Estradas, etc).
No passado mês de Julho/2018, o presidente da república popular da China efetuou uma visita à alguns países africanos, em franco crescimento e desenvolvimento, i.e: Ruanda e Senegal.
Durante a sua estadia, a primeira do género na África Ocidental, Xi Jinping manteve encontros com o seu homólogo senegalês, Macky Sall, tendo presidido, inclusivamente,  a cerimónia de assinatura de vários acordos de cooperação entre os dois países.
O Senegal, pelas suas ligações económico-políticas com a Guiné-Bissau, merece à nossa devida atenção, na medida em que trata-se da visita de um INVESTIDOR, extremamente, importante para o continente africano: CHINA.
Num texto assinado pelo presidente Xi Jinping e publicado no jornal senegalês “Le Soleil”, o presidente chinês recorda que a China é o “segundo maior parceiro comercial do Senegal”, tendo as trocas comerciais crescido (16 vezes) nos últimos dez anos.
Assinalou, por outro lado, que a China é a “maior fonte de financiamento” e enumera alguns projetos lançados com fundos chineses, como a ponte de “Foundiougne” e a auto-estrada que liga as cidades de Thies  e Touba, que vão permitir ao Senegal “aumentar fortemente o seu crescimento económico”.
“Para que haja desenvolvimento e prosperidade entre todos, temos de nos juntar e criar uma relação China-África ainda mais forte e com olhos postos no futuro”, realçou o presidente chinês.
Paralelamente à esta visita, teve, também, lugar a 10.ª Cimeira “BRICS”, que reuniu um grupo de potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) teve como tema a “Colaboração para o Crescimento Inclusivo e Prosperidade Partilhada na 4.ª Revolução Industrial” e decorreu entre os dias (25 e 27 de julho de 2018) em Joanesburgo, África de Sul.
Nos últimos anos, a China realizou vários investimentos em África, incluindo uma base naval na costa do Djibuti que custou cerca de 590 milhões de dólares (cerca de 503 milhões de euros).
Ora, face aos inúmeros investimentos chineses em países vizinhos nossos, poderíamos formular as seguintes perguntas:
Por quê que a Guiné-Bissau não se tem constituído numa agenda ou rota “séria” de Investimento Estruturante?
Como é que devemos proceder para atrairmos mais Investimentos à favor da infra- estruturação do país?
Quando é que podemos tirar maior proveito da “nova sinergia”, através do Banco do Desenvolvimento de BRICS?
Onde é que podemos identificar os mecanismos de atração e consolidação do Investimento?
Enfim, salienta-se que seria bom que essas e outras questões tivessem as devidas anotações, na agenda pública do desenvolvimento da Guiné-Bissau, tendo em conta que o nosso país vizinho (Senegal) não “facilita” e, objetivamente, não “brinca” com os seus interesses geo-estratégicos e económicos.
Significa que nós, guineenses, havemos de encontrar alternativas de “atração e consolidação” de investimento, para que possamos arrancar, de uma vez por todas, para seguirmos à senda do desenvolvimento dos países vizinhos africanos.
Caso contrário, corremos sérios “riscos” do “açambarcamento” da economia “alheia” senegalesa, devido à sua capacidade de atração e de retenção do Investimento; devido à sua afirmação no contexto das nações (positive network).
Ademais, pressupõe, da nossa parte, um enorme exercício da “diplomacia económica”; Pressupõe, por conseguinte, a criação de uma Estabilidade político-institucional duradoura e sincera.
Significa, acima de tudo, ter uma “Liderança Visionária e Empreendedora”, voltada para as planificações e ações de médio e longo prazo.
Apenas uma opinião!
Por: Santos Fernandes
Bissau, 3 de Agosto de 2018.

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