Quatro trofeus internacionais’2018:‘NETOS DE BANDIM’ ACREDITA NA PROJEÇÃO DO PAÍS COM APOSTA NA CULTURA

O coordenador do grupo cultural ‘Netos de Bandim’, Ector Diógenes Cassamá (Negado), acredita que é possível projetar uma Guiné-Bissau ‘positiva’ através da cultura. O grupo arrecadou recentemente quatro trofeus para o país em diferentes festivais folclóricos, todos realizados em Portugal.

O Grupo investiu mais de doze milhões (12.000.000) de francos CFA [mais de 18 mil Euros] para suportar as despesas de viagem e outros aspetos logísticos, para poder estar nos festivais internacionais no solo luso, onde liderou o pódio em todos os quatro eventos.

A exibição cultural da Guiné-Bissau foi aplaudida pelos países participantes assim como pelos organizadores dos festivais, fato que Ector Diógenes Cassamá considera de grande contentamento para a organização que lidera (Netos de Bandim).

Tudo começou quando Netos de Bandim descobriram a existência de uma federação mundial, na qual os países se registam para realizar festivais folclóricos internacionais. Portugal conta com um conselho internacional de organização de festivais folclóricos, através do qual a Guiné-Bissau se inscreveu pelo grupo Netos de Bandim, para participar no Festival de Cantanhede. A candidatura foi aprovada. A partir daí, houve convites para tomar parte em outros festivais.

Além do Festival de Cantanhede ’2018, o grupo Netos de Bandim representou o país no Festival do Alto Minho em Viana do Castelo, no ‘FestArte’ em Matozinhos e finalmente no Festival de Guimarães, sempre com a bandeira nacional ao mais alto nível.

Para materializar o sonho de participar nos festivais no solo luso, o grupo contou com o apoio do padrinho do grupo, Augusto Majour, assim como dos amigos e investiu as poupanças da organização para custear as viagens.

Ainda, de acordo com Ector Diógenes Cassamá, o grupo utilizou o dinheiro que obteve pela participação no Festival de Macau. Para o regresso utilizou o dinheiro dos “per diem” que os elementos arrecadaram nos quatro festivais folclóricos em Portugal.

DOZE MILHÕES? ‘O IMPORTANTE É PROMOVER A CULTURA GUINEENSE’

Apesar de considerar uma fortuna o capital orçado em mais de 12 milhões de francos CFA e investido na viagem dos Netos de Bandim para Portugal, Ector Diógenes Cassamá diz que o ‘importante foi a participação e difusão da Guiné-Bissau nos festivais internacionais’ “onde desejo sempre ver o país”. Cassamá manifestou o desejo de continuar na senda dos festivais folclóricos a nível mundial como forma de o mundo conhecer melhor o solo pátrio de Amílcar Lopes Cabral e a sua rica cultura, conquistando espaço mundialmente.

O Governo prestou apenas um apoio protocolar, enviando uma carta à Embaixada de Portugal em Bissau com vista a facilitar no processo de emissão dos vistos para os elementos do grupo Netos de Bandim que constituem a comitiva.

Ainda relativamente aos apoios, o músico Américo Gomes ajudou a suportar financeiramente os elementos do grupo no que tange a alimentação e alojamento durante a permanência no solo luso, depois dos festivais. Gomes também ajudou na mobilização da comunidade guineense em apoiar os Netos de Bandim, através duma campanha nas redes sociais, contou Ector Diógenes Cassamá numa entrevista ao jornal O Democrata.

NETOS DE BANDIM ABRIU CAMINHO AOS GRUPOS CULTURAIS DO PAÍS

A brilhante apresentação do grupo cultural ‘Netos de Bandim’ abriu as portas a qualquer organização cultural guineense que esteja bem organizada para participar em diferentes festivais folclóricos mundiais, basta o grupo interessado registar-se no festival em que pretende participar, garantias do Ector Diógenes Cassamá. O grupo Netos de Bandim recebeu em Portugal um livro onde estão calendarizados todos os festivais folclóricos mundiais até 2020

Apelou ao redobrar de esforços aos grupos culturais da Guiné-Bissau com vista a registar e participar no festival internacional que lhes interessem. Na sua visão, como forma de projetar a melhor imagem que o país dispõe, referindo-se à cultura.

Ector Diógenes Cassamá apela ao Governo no sentido de prestar mais atenção à cultura, acrescentando que nos festivais folclóricas internacionais podem servir como forma de vender a imagem da Guiné-Bissau assim como atrair turistas para visitarem o país.

“Porque paralelamente aos festivais, há muitos outros eventos associados, por exemplo, a gastronomia, o artesanato. Existe a apossibilidade de trazer tudo isso. É uma forma de vender a imagem positiva do país, caso apostemos em assumir os encargos financeiros de grupos culturais existentes na Guiné-Bissau. Com certeza que venderemos a bela foto da Guiné-Bissau, e a curto, médio e longo prazo, o país atrairá muitos visitantes e teremos uma Guiné diferente pela positiva”, lançou o desafio.

O grupo receberá em breve um grupo de artistas estrangeiros, que visitá a Guiné-Bissau para um intercâmbio cultural. Os visitantes aprenderão as danças e os ritmos guineenses, assim como ensinarão à parte guineense as suas danças e seus ritmos, numa ‘moradia’ cultural no país. Ector Diógenes Cassamá está convicto que tudo isso demonstra que é possível desenvolver “a Guiné-Bissau apostando na cultura”.

Ector Diógenes Cassamá garante que com a participação da Guiné-Bissau em festivais folclóricos internacionais, o país pode internacionalizar o seu carnaval. Os grupos culturais e ballets mundiais com os quais Netos de Bandim se cruzou, demonstraram muito respeito e admiração pela cultura guineense, fato que pode ser aproveitado para lhes convidar a participarem no carnaval da Guiné-Bissau.

“Se estes grupos e ballets vierem ao país, certamente que levarão algo positivo da Guiné-Bissau. Claro que podemos aproveitar este aspeto para tirar o país do beco onde se encontra”, sublinha.

Solicitado a definir numa só frase o grupo cultural Netos de Bandim, Ector Diógenes Cassamá respondeu que ‘Netos de Bandim’ ‘é uma porta de saída da pobreza da Guiné-Bissau, acrescentando que há crianças, adolescentes e jovens com condições financeiras precárias no grupo, mas que ao subirem ao palco, apenas transmitem alegria, amor e riqueza, espelhando que a Pátria de Amílcar Cabral poderá sair da pobreza em que se encontra atualmente se apostar na cultura.

O grupo cultural Netos de Bandim conta atualmente com 120 membros de diferentes faixas etárias. Diógenes Cassamá admitiu que é difícil gerir uma vasta organização cultural, sobretudo nas seleção para as saídas internacionais. Mas com base em critérios tudo se resolve, revelando que as escolhas baseiam-se na dinâmica, no respeito, na pontualidade, no desempenho escolar e comportamento. Essas são as balizas no momento da seleção, sublinhando que até aqui reina transparência e coesão no grupo, colocando o interesse do Netos de Bandim acima do de todos os elementos.

Cassamá exorta ao Estado da Guiné-Bissau a parar e pensar no contributo que o grupo tem feito até aqui em nome do país, mas com os seus próprios recursos financeiros, assinalando que precisam duma retribuição da projeção da boa imagem do país no mundo.

“Se não haver um reconhecimento, as crianças, adolescentes e jovens do Netos de Bandim podem ficar sem motivações para continuar a lutar em nome da Guiné-Bissau como têm feito desde há anos”, alertou.

 

 

Por: Sene CAMARÁ

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