A recente revelação de compra de viaturas a favor de quatro dirigentes sindicais de educação e saúde confirma a prática de promiscuidade galopante entre os representantes dos trabalhadores e o poder político. A reação dos interessados sobre a grave revelação, além de ser vergonhosa para quem comunga o princípio da ética, é testemunho da vulnerabilidade moral que caracteriza uma importante fatia dos filhos da Guiné-Bissau.
A perversão de valores tem vindo a legitimar/normalizar todos tipos de vícios perante o império de impunidade ilimitada neste país. Um sindicalista que confessa ter recebido uma viatura da parte do Presidente da República, de forma secreta, e orgulha-se da oferta em nome das suas relações pessoais, é um autêntico negociante. Sem vergonha na cara, os ditos dirigentes sindicais, em jeito de teatralização, tentam cobrir o céu com as próprias mãos, guiados pela ilusão de sempre em como neste país é possível enganar toda gente.
A tamanha desvergonha dos que em princípio foram eleitos para representar os mártires trabalhadores (categoria mais pobre deste país) é um golpe duro à imagem de todo o sindicalismo nacional. O comportamento infantil dos dirigentes sindicais durante a conferência de imprensa coloca a bola agora do lado dos professores e todo pessoal de saúde que imperativamente devem fazer a limpeza de casa. A classe trabalhadora não pode pretender impor o merecido respeito se é dirigida por gente com marca de corrupção e clientelismo.
É urgente a convocação de congressos extraordinários dos respectivos sindicatos para sancionar os implicados na operação de compra de viaturas, caso contrário os próprios trabalhadores (professores, médicos, enfermeiros, parteiras) serão igualmente responsáveis pelo descréditoprovocado pelos “sindicalistas de corredores”.
Qualquer tentativa de encobrir os ditos negociantes sindicais, em nome de falsa solidariedade corporativa, seria um fiasco e uma bala no próprio pé. A emancipação da classe trabalhadora passará necessariamente pela observação de valores éticos e por uma cultura de responsabilização e de transparência na gestão de assuntos do interesse público. Um sindicalista que recebe presente de um político, longe de olhar público, é um corrompido, pião ao serviço de interesses obscuros.
Ademais, o silêncio cúmplice do Presidente da República perante a gravíssima revelação só confirma o ditado popular português: quem cala, consente! Que interesse teria o Presidente da República em cimentar relações com dirigentes sindicais, comprando-os carros que não são entregues publicamente? O Chefe de Estado, José Mário Vaz, tem interesse em dar o esclarecimento à opinião pública nacional sobre esta nebulosa história.
Por: Redação
Tanto o senhor presidente da República de Guiné Bissau, assim como os quatro sindicalistas precisam esclarecer sobre o caso, ou seja, devem ser chamado pelo ministério público para esclarecer.
s alguém naquele país sabe de onde vêm os sindicatos? ? Alguns destes jornalistas de cáca têm noção do que é trabalhar duro 40 ou mais horas semanais e ver o dinheiro apenas do lado de lá?? Sinto muita vergonha por haver jornais destes na Guiné Bissau (maior do que a vergonha que sinto da nossa classe política) … É repudiante ler palavras dessas sobre um sindicato num jornal ou não é um jornal? ? Pois se calhar não chega a isso
Senhor/a Dara, pode mostrar a culpa do jornal neste artigo? Sr/a Dara que um jornal sério deve ficar em silêncio perante a tamanha cumplicidade entre Sindicatos e Presidente de República.