
Os bispos da igreja católica guineense, Camnaté Na Bissign e Pedro Zilli, apelaram hoje aos guineenses para votarem de forma consciente nas eleições legislativas de 10 de março, lembrando que o futuro do país está nas suas mãos.
Através de uma carta pastoral, a que a Lusa teve acesso, os dois bispos instaram os religiosos, os políticos e governantes, bem como homens e mulheres guineenses a deixarem para trás a resignação e o desânimo que marcaram a vida do país nos últimos anos e a participarem na votação em consciência e em liberdade.
Os prelados afirmam compreender o desânimo pelo facto de nenhuma legislatura ter chegado ao seu término, desde que o país entrou para a democracia há 25 anos e ainda tendo em conta os constrangimentos que marcaram o recenseamento eleitoral.
Todos esses fatores motivaram o ceticismo em relação às eleições, dizem os bispos, realçando também o comportamento desanimador da classe política, que afirmam, potencia a instabilidade política e governativa e ainda faz aumentar o nível da pobreza.
“O país vive, como consequência de todo esse conjunto de fatores, num clima de desconfiança generalizada, numa divisão insustentável quer entre os atores políticos quer entre a população e mesmo nas famílias, o que aumenta ainda mais a falta de esperança e confiança sobre uma possível mudança do estado atual”, referem na missiva.
Os bispos acreditam que “é precisamente neste contexto dúbio e de desencanto” que o povo guineense deve votar em políticos honestos, competentes, conscientes dos valores da democracia, dos direitos humanos e preocupados com o bem comum.
Os dois líderes da Igreja Católica guineense (Camnaté Na Bissing, em Bissau e Pedro Zilli em Bafatá, no leste) exortam a que os eleitores considerem o seu voto, no dia 10 de março, “como um ato sagrado de cidadania” e deixem de lado a ideia de “nha boka ka sta la” (não tenho nada a ver com isso).
Os religiosos apelam para que a campanha eleitoral decorra em paz, que as forças de segurança garantam a tranquilidade durante todo processo, que a comunidade internacional reforce o apoio à Guiné-Bissau e que a votação, a recolha e a contagem dos votos sejam transparentes para que os resultados “legitimamente obtidos”, sejam respeitados por todos os candidatos e eleitores.
Fonte: LUSA