
A seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau continua a optar nos sistemas tácticos muito defensivos, com adversários teoricamente ao seu nível, ou até inferior tornando assim uma seleção que nem consegue meter medo aos seus adversários como é o caso da recém derrotada seleção são tomense.
Desde a partida frente ao Benim da segunda jornada do grupo F do CAN-2019, o selecionador nacional Baciro Candé alinhou com uma equipa na minha opinião altamente defensiva, jogando sem médio ofensivo de raíz, ou seja, os Djurtus vêm apresentando desde a referida partida, um onze inicial com apenas 3 jogadores de características ofensivas, sendo que o meio campo vem sendo composto por três jogadores todos de características defensivas, alias todos são médios defensivos (posição 6), Sori Mané, Bura e Pelé, este último também joga como médio centro.
Continuo ainda a não perceber porque é que a seleção nacional apresenta uma equipa altamente defensiva com adversários teoricamente do seu nível como é o caso do Benim e São-Tomé e Príncipe a mais fraca. Jogando com estas equipas desta forma, com que seleções apresentaremos uma equipa ofensiva? Resumo dizendo que Os Djurtus não conseguem meter medo a ninguém alinhando com este tipo de 11.
Alinhando com Jonas Mendes, Juary, Rudi, Mamadú Candé, Nanú, Sori, Bura, Pelé, Piqueti, Mama Baldé e Joseph Mendes, isto mostra claramente que a seleção nacional ainda continua a ter complexos de inferioridade mesmo com adversários teoricamente do seu nível, pois no onze inicial não há nenhum médio ofensivo(10). Tendo um onze inicial com apenas três jogadores de características ofensivas, Mama Baldé, Piqueti e Joseph Mendes,isto evidencia a estratégia do Mister Candé em aproveitar a velocidades dos seus extremos (Mama Baldé e Piqueti) saindo em contra-ataques sendo que os dois são muitos velozes e igualmente participam tanto no jogo defensivo ajudando os laterais.
Há quem diga que a seleção não consegue construir uma jogada completa, de defesa, meio campo e ataque, digo que sim, mas não me estranha porque o sistema montado não permite identificar o fio do jogo dos Djurtus, a única coisa que se pode notar é ver a seleção a defender com 10 jogadores, e aguardar o spint do Piqueti, Mama Baldé ou (Toni) por isso quando esta ideia é neutralizada a seleção só aguarda as bolas paradas para conseguir marcar, e a maioria dos golos da seleção surgem desta forma.
Para uma seleção com jogadores de qualidade como é da Guiné-Bissau, perante alguns adversários como Moçambique, Benim e São Tomé e Príncipe a atitude não deve ser aguardar os erros dos mesmos, mas sim é de provocar os erros à estes adversários porque temos jogadores com qualidades para o fazer.
Na minha modesta opinião, a equipa técnica liderada pelo Baciro Candé tem tido uma certa complexidade no que se diz respeito às opções, porque pelo que é visível é mais fácil jogar quando o jogador é defesa, pois os jogadores com características ofensivas são relegados ao banco em detrimento dos defensivos como podemos notar no nosso meio campo que nos últimos três jogos, sem médio centro de raíz e sem médio ofensivo. Assim torna-se difícil tirar proveito da velocidade e capacidade técnica dos extremos como Piqueti, Mama Baldé, Toni ou Jorginho. O meio campo da Guiné-Bissau precisa de um jogador com características do Francisco da Silva Santos Jr. (Santos) já fora da seleção, ou então do Moreto Cassamá que merece uma oportunidade.
Com Bura, Sori e Pelé, o meio campo da Guiné-Bissau fica desprovido de um construtor do jogo, ou seja, o médio capaz de servir os extremos como Piqueti e Mama Baldé e assim torna-se difícil ter a ligação entre o meio campo e ataque, o que impossibilita boas arrancadas a não ser que os mesmos entrem no meio do terreno a procura da bola como o Piqueti tem vindo a fazer ultimamente e por isso é menos crucificado pelos menos atentos e quanto aos avançados (Ponta de Lança), Frédéric Mendy e Joseph Mendes, melhor é não falar porque a bola nem chega ali, as suas ações são notórios só nos pontapés de cantos ou em livres.
Não se pode pensar numa tática de contra-ataque, sem ter um médio centro e médio ofensivo capaz de iniciar uma joga mortífera, e um dos vítimas deste sistema é o Toni Silva, perdeu o lugar para o Mama Baldé que ainda não conseguiu estar ao seu nível devido a falta do médio capaz de lhe(s) servir. Pode-se notar que desde a saída de Santos na seleção, as ações ofensivas do Toni Silva reduziram tal como as do Piqueti, isto mostra o quanto é urgente colocar as peças no devido lugar, pois, Pelé tem ultimamente jogado na posição que não é dele (posição 10) e já é alvo de muitas críticas.
Do resto o sistema montado ultimamente pelo selecionador nacional vem queimando os jogadores porque não lhes permitem jogar na posição habitual o que provoca o fraco rendimento. Zezinho, ex-capitão foi vítima deste sistema porque pondo um médio centro a jogar como médio ofensivo com adversários como Zâmbia e Camarões e demais, é simplesmente lhe dar uma tarefa a mais, pois não vai sair tanto da sua posição habitual.
Zezinho esteve na equipa ideal do CAN-2017 apesar como suplente, porque teve um rendimento positivo devido a posição em que jogou no CAN-2017, jogou como médio centro, ou seja Nanísio como 6, Zezinho (8) e Santos (10). Mas depois disto foi adaptado em certas partidas e não deu certo, como é o caso do jogo com Zâmbia, Moçambique e Camarões onde foi colocado a jogar como 10, tendo Pelé como (8), e Sori mais recuado na posição .
O mesmo sistema está a queimar o Pelé, contudo já o vi a jogar como médio centro no final do mundial sub 20 onde no meio campo estiveram (Danilo, Pelé, Sérgio Oliveira e Saná), neste jogo frente ao Brasil do Óscar, Pelé fez uma dupla com Sérgio Oliveira no meio campo das Quinas tendo Saná, outro internacional guineense como unidade mais avançada no centro do terreno. Mas na Guiné-Bissau, nem por isso, em vez de jogar na posição 6 ou 8 ele passou a jogar na posição 10, um papel que é sempre confiado aos jogadores de características ofensivas, porque é o segundo avançado.
Nos últimos três jogos, Pelé jogou nesta posição tendo Bura e Sori Mané mais recuados no terreno, uma posição que na minha óptica Pelé não terá um rendimento maior do que já teve e sempre ao ser substituído mostra um enorme cansaço devido ao duplo papel que tem feito.
No que se diz respeito às substituições, nada muda e é feita muito tarde. O selecionador nacional mantém sempre a filosofia do jogo desde o primeiro minuto até ao último, pois, maior parte das substituições que faz, são substituições diretas (sai Piqueti, entra Jorginho… sai Mama Baldé, entra Toni Silva… sai Pelé, entra Jaquité). É preciso que a equipa técnica tenha a coragem de fazer substituições cirúrgicas, não descansando os jogadores, porque o que se nota são apenas substituições para refrescar os jogadores. Nada muda.
Para chegar ao Mundial com estas exibições é difícil contudo continuo a defender a qualidade dos nossos jogadores em atingir este feito, mas é preciso que a equipa técnica tenha mais coragem em assumir as despesas do jogo perante os adversários do seu nível ou inferiores, porque se com São Tomé entramos com um 11 com apenas 3 jogadores de características ofensivas, com Sengal, Argélia ou Egito como faremos?
Finalmente, digo que é urgente colocar cada peça no seu respetivo lugar, permitindo que os jogadores tenham mais ações no jogo e consequentemente ter uma equipa que consiga ter controle e posse de bola, o que irá definir claramente o modelo de jogo. A Guiné-Bissau não precisa só de pontuar ou ganhar seleções como São-Tomé e Príncipe pela margem mínima, é urgente que os Djurtus comecem a fazer boas exibições, mostrando realmente o potencial e a capacidade técnica dos seus jogadores que ao nível táctico está aquém das expectativas, jogo Moçambique em Bissau, os três no CAN 2019 e último contra São Tomé mostra claramente a falta de rigor táctico da turma nacional.
Boa Sorte Djurtus!
Por: Gervásio José Francisco Lopes
Estudante do 4º Ano da Agronomia na Federação Russa e Editor do Portal Desportivo Nacional Sou Djurtu.
Weiden, Alemanha, 05 de Setembro de 2019.
É isso mesmo irmão força aí!
Grande descrição mano
Pisou bem irmão
Um olhar atento dos conhecedores da matéria , não vejo que o Mister vai mudar este estilo de jogo ,ele disse com aqueles jogadores que ganham os jogos , e realçou ainda que os críticos só criticam depois do jogo , Gervásio meus parabéns um jovem com visão e ambição em dar seu apoio à Seleção Nacional, mantenhas de Guineendade .