
Presidente da Organização não governamental “Protege”, Mamadu Saido Djaló, denunciou esta quinta-feira, 28 de novembro de 2019, que Comando da Polícia da Ordem Pública do setor de Bigene, região de Cacheu, norte da Guiné-Bissau, cobra quinze (15.000) mil francos CFA, como condição primária para deslocar agentes do seu comando para efetuar diligências juntos de suspeitos de crime de abusos sexuais, violação doméstica, casamento precoce e forçado.
E a nível do setor de saúde, denunciou igualmente que para ter acesso a parecer médico sobre eventual violação dos menores ou práticas nefastas, a ONG e ativistas são exigidos a pagarem valor de cinco (5.000) mil francos CFA. Essa organização não governamental repudiou esses atos e sublinha que contribuem para proliferação de casos ligados a crime de abusos sexuais, violação doméstica, casamento precoce e forçado e a não escolarização das jovens raparigas.
O ativista fez esta denuncia à margem da cerimónia de declaração pública de cinco comunidades do setor de Bigene (Cunaia, Tabadjan, Bairro Cenral, Bigene e Bairro Nobo) sobre o abandono da Mutilação Genital Feminina, Casamento Precoce e Forçado, bem como a não escolarização das meninas. A ONG “protege” é uma das entidades que trabalhou na sensibilização dessas comunidades sobre as consequências das práticas tradicionais nocivas à saúde da mulher e criança durante dois anos. O evento desta quinta-feira decorreu na localidade de Cunaia, arredores do setor de Bigene, e foi patrocinado pelo Comité Nacional Para o Abandono das Práticas Tradicionais à Saúde da Mulher e Criança, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para População (FNUAP) e Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF).
No seu discurso, Mamadu Saido Djaló teceu duras críticas ao comportamento do comando e dos agentes de saúde, tendo realçado que a averiguação ou seguimento das denúncias relacionadas e esses fenómenos, que acontecem recorrentemente nas comunidades, não devem e nem podem ser condicionadas a nenhum tipo de contrapartida, quer seja material ou financeira.
Por Sua Vez, Presidente interino do Comité Nacional Para o Abandono das Práticas Tradicionais contra a Saúde da Mulher e Criança, Bubacar Baldé, sublinha que a coragem demostrada pelas comunidades locais em declarar publicamente abandono de Mutilação Genital Feminina e outras práticas tradicionais contra a saúde da mulher e criança. Porém, exortou todos os membros dessas comunidades declaradas livres da MGF e outras práticas tradicionais a manterem-se vigilantes no concernente a eventuais tentativas de reativar ou continuar a prática.

O Democrata registou no local que tanto líderes tradicionais quanto religiosos, decisores, e jovens assumiram todos de que a prática não existe e nem está fundamentada na religião muçulmana e apelaram por isso à escolarização das meninas para o seu empoderamento efetivo e a mudança de comportamento no seio das famílias. Como também pediram para que haja, permanentemente, partilha de informações sobre essas mesmas práticas.
Entretanto, uma fonte no local confidenciou a`O Democrata que no ano passado, 2018, quatro casos foram levados ao Tribunal Provincial, em Bissorã, mas nenhum dos quatro conheceu ainda a sentença final.
Por: Filomeno Sambú