O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Cirpiano Cassamá, renunciou, na manhã deste do domingo 01 de março de 2020, o cargo do presidente interino da República para que foi “investido com todos os efeitos legais”, em salvaguarda dos “interesses maiores”.
Cassamá renunciou o cargo do qual foi investido por 52 deputados numa sessão parlamentar realizada na noite de 28 de fevereiro.
O líder do Parlamento fez esse anúncio na sua residência que estava cercada por elementos de forças da defesa Guineense, da ECOMIB (força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental -CEDEAO) e do seu corpo de segurança.
Dirigindo-se aos guineenses através de uma “carta de renúncia”, Cipriano Cassamá, diz que sentiu fortes ameaças à sua integridade física e a do seu corpo de segurança por homens fortemente armados o que, por conseguinte, põe em perigo a sua segurança e a da sua família.
“Eu, Cirpiano Cassamá, eleito Presidente da Assembleia Nacional Popular nesta décima legislatura, tendo sido investido ao cargo de Presidente da República Interino da República da Guiné-Bissau, no passado dia 28 de Fevereiro, nas circunstâncias da vacatura deixada pelo Presidente cessante [José Mário Vaz], e em decorrência da disputa pós-eleitoral que levou a investidura ao mesmo cargo pelo 1° vice-presidente da Mesa da ANP, numa clara violação das leis da República do candidato declarado vencedor pela Comissão Nacional de Eleições no dia 27 de fevereiro” lê-se na carta.
Cassamá revelou que é evidente a invasão pelas forças armadas ao Parlamento, como também as ameaças à sua vida e à da sua família, pelo que decidiu renunciar para a salvaguarda de interesses maiores e voltar ao exercício pleno do cargo de presidente da ANP.
Em reação aos jornalistas sobre a renúncia de Cassamá, a segunda vice-presidente do PAIGC, Maria Odete Semedo, disse que há trâmites a observar para efetivar a sua renúncia por meio de uma nota, a semelhança daquilo que fez para responder aos 52 deputados que o elegeram para a função do Presidente interino.
“É bom que saibam que foi forçado a fazer isso, ele não vai dizer. Mas nós, o PAIGC assumimos essa fala, porque ele sentiu-se fragilizado e a sua família também, então entendeu que a porta de saída para salvar a sua vida era renunciar”, assegurou.
A dirigente dos libertadores, afirmou que “neste momento a renúncia de qualquer cidadão é renunciar ao país. Ele, na qualidade do combatente da liberdade da pátria, não pode virar as costas à luta. Mas esperamos que ele vai repensar a sua decisão”.
“Nós estamos aqui de pedra e cal para defender a Guiné-Bissau, bem como a justiça e a democracia”, assegurou.
Por: Assana SambúFoto: A.S
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