Úmaro Sissoco Embaló, declarado vencedor das eleições presidenciais de 29 de dezembro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), exortou o executivo liderado por Nuno Gomes Nabiam para privilegiar o diálogo com atores sociais, garantir o funcionamento das escolas públicas, e trabalhar afincadamente no combate à corrupção e ao narcotráfico na Guiné-Bissau.
Embaló falava na cerimónia da investidura do governo dirigido pelo líder de APU-PDGB, Nuno Gomes Nabiam e formado na sua maioria por elementos do MADEM, PRS, APU-PDGB e algumas individualidades. O ato da posse foi testemunhado pelo Procurador-Geral, Ladislau Embassa, pelo Presidente do Tribunal de Contas, Dionísio Cabi, pelas chefias militares e figuras políticas e os Embaixadores do Senegal e da Gâmbia.
O chefe de Estado alertou o executivo a privilegiar o diálogo e evitar violência.
“O governo tem várias responsabilidades que devem ser partilhadas (…) Combater a corrupção e adotar uma postura de tolerância zero ao narcotráfico, ao facilitismo e nepotismo, no qual os governantes não vão se enriquecer com os bens públicos. Vamos retomar o lema ‘dinheiro de Estado, no cofre do Estado”, advertiu para de seguida apelar o Procurador-Geral da República que continue a desempenhar o seu papel de fiscalizador.
Sobre a posição assumida pelos militares guineenses, Embaló disse estar orgulhoso da posição demostrada pela classe castrense de manter-se nos quartéis durante a crise política, e espera que se mantenha a mesma postura.
Prometeu estabelecer contactos junto dos sindicatos para encontrar soluções que permitam a reabertura das escolas públicas.
NABIAM ADMITE QUE HERDA UMA GUINÉ-BISSAU PROFUNDAMENTE DIVIDIDA
O novo Primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, admitiu que herdou uma Guiné-Bissau profundamente dividida do ponto de vista social e étnico.
Nabiam disse no seu discurso que as sucessivas campanhas eleitorais e o desespero dos candidatos têm levado o país a utilizar de maneira negativa as suas diferenças culturais e sociais.
Lembrou que as eleições legislativas de março de 2019 não qualificaram o peso das diferentes forças políticas do país, pelo que o povo obrigou os atores políticos a uma partilha do poder.
Explicou que o primeiro ensaio desta partilha, com o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) não funcionou, porque não conseguiu interiorizar o conceito de partilha do poder.
Assegurou que a mensagem do povo voltou a ser a mesma nas eleições presidenciais de novembro último e a oposição percebeu a mensagem, decidiu exprimentar uma coligação e para a surpresa da comunidade internacional ganhou eleições de forma folgada.
Sobre a campanha de cajú, Nabiam promete diligências para o sucesso da comercialização da castanha que representa mais de 80 por cento das receitas de exportações globais do país.
“Uma dependência muito séria que fragiliza a nossa economia e por esta razão, a campanha de castanha tem que correr bem, para que no momento do balanço final, todos os atores que nela participam ganhem rendimento”, enfatizou.
Por: Aguinaldo Ampa/Epifânea Mendonça
Foto: AA