O diretor-geral de Epidemologia e Segurança Sanitária, Salomão Mário Crima, lamentou a insuficiência de materiais de trabalho, nomeadamente as batas descartáveis, luvas, máscaras, o álcool e o espaço físico disponibilizado que diz ser pequeno e que requer uma reabilitação adequada para adotá-lo de condições necessárias para o isolamento de pessoas diagnosticadas e, consequentemente, tratar os casos confirmados de Coronavírus.
O responsável fez estas considerações durante uma entrevista exclusiva ao Jornal O Democrata para falar das medidas acionadas pelas autoridades sobre as ameaças da epidemia de Covid-19, que já se regista no Senegal e em alguns países africanos.
O epidemolista reconheceu que o Ministério da Saúde Pública tem quadros e técnicos para fazer face à doença, mas lamenta a insuficiência dos materiais de trabalho.
“Desde a divulgação da doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde Pública guineense começou a trabalhar no rastreio e na monitorização de todas as pessoas que chegam ao país pelo Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira. Na altura eram apenas as pessoas provenientes da China e colocamos quatro equipas no terreno para estarem presentes em todos os voos que chegam do exterior”, revelou.
O responsável da segurança sanitária guineense informou que dada à evolução do Vírus, os técnicos colocados no Aeroporto são obrigados a monitorar pessoas provenientes de diferentes voos dos países onde a doença foi confirmada, para saber de onde vem a pessoa, qual é o seu endereço na Guiné-Bissau e contato telefónico para que possa ser seguida durante a sua estadia.
Salomão Mário Crima esclareceu que, apesar da paralisação das instituições na sequência da demissão do governo devido ao actual contexto político, a equipa de prevenção nunca parou de trabalhar e sempre esteve ativa com a ajuda dos parceiros, embora com a insuficiência de materiais.
“Medidas de vigilância neste momento são muito importante, sendo uma orientação que a população deve saber. O problema não é que o Coronavírus entre na Guiné-Bissau. O grande problema é quando alguém entrar com essa doença e ficar uma semana sem que as autoridades sanitárias saibam desse caso. De maneira que a vigilância é muito importante acompanhada de uma sensibilização à população sobre a lavagem das mãos, a proteção adequada ao tossir e fixação de cartazes que foram distribuídas às diferentes instituições estatais e privadas”, advertiu.
Relativamente ao controlo das pessoas nas fronteiras, Mário Crima disse que as direções regionais de saúde estão a trabalhar em colaboração com o ministério de saúde, através de colocação de técnicos e outras instituições que trabalham nas fronteiras, nomeadamente: a da Djegué e em alguns pontos de entrada em Gabú, em Bafatá, no Aeroporto e porto de Bubaque para poder ter acesso aos dados, através de preenchimento de fichas.
“É a parte insular e isso permitirá ter fichas da movimentação das pessoas e fazer seguimento ou vigilância domiciliária”, enfatizou.
Salomão Crima informou que, na sequência das medidas de prevenção desencadeadas em virtude da epidemia do Vírus, a sua equipa pretende fazer uma visita a essas localidades para constatar os trabalhos que estão a ser feitos e continuar a apoiar as regiões no que for necessário.
Salienta-se que atualmente seis países africanos já se declararam casos de infeção pelo COVID-19, nomeadamente: o Senegal a Nigéria, o Marrocos, a Tunísia, a Argélia e o Egito. Senegal, que partilha uma vasta fronteira com a Guiné-Bissau no norte e leste, conta já com três casos confirmados de Covid-19.
Para além de partilhar a fronteira, semanalmente há mais de três voos entre Dakar e Bissau. Portugal, por exemplo, que também tem mais de três voos semanais entre Bissau e Lisboa, já conta com oito casos confirmados do Coronavírus.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A