
[REPORTAGEM] “invasão” de milhares de pessoas ao mercado improvisado do Porto de Bandim, periferias da capital Bissau, transformou aquele porto de pesca numa fonte de contaminação pela doença do novo Coronavírus (Covid-19), devido ao não cumprimento das medidas preventivas e de combate recomendadas pelas autoridades sanitárias e governamentais do país.
Um grande número de citadinos dos bairros da capital recorre diariamente aquele mercado à procura de peixe e outros produtos alimentícios durante este período do estado de emergência decretado pelo Chefe de Estado da Guiné-Bissau, Úmaro Sissoco Embaló, e que obrigou o executivo a tomar algumas medidas de restrição, sobretudo as relativas ao funcionamento dos mercados que vai das 07 às 11 horas.
VENDEDEIRAS E MAIORIA DE UTENTES FREQUENTAM MERCADO SEM MÁSCRAS DE PROTEÇÃO
O repórter do semanário O Democrata constatou durante uma passeata ao mercado do Porto de Bandim, que as pessoas que estavam a vender os produtos alimentícios da primeira necessidade não tinham nenhuma proteção e muito menos as condições higiénicas nos espaços de venda dos seus produtos.
O repórter pode ainda observar “com os seus olhos de ver” que dos clientes que frequentaram o mercado naquele dia poucos estavam a usar as máscaras de proteção, o que poderá facilitar a propagação da doença e tirar vidas a muitas pessoas.
As medidas recomendadas pelas autoridades sanitárias e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são o distanciamento social, a lavagem das mãos com água e sabão e uso de máscaras de proteção, mas não estão a ser cumpridas e as pessoas continuam a aglomerar-se em números não aconselháveis.
Numa mesa, por exemplo, onde se vende peixes juntam-se mais de 8 pessoas e às vezes envolvem-se em diálogo sem máscaras de proteção.
Para os observadores atentos, o mercado improvisado no Porto de Bandim poderá, se medidas urgentes não forem acionadas ser maior fonte para acontaminação da doença na Guiné-Bissau.
Durante uma conversa com uma das vendeiras de peixe que preferiu ficar em anonimato, ficou a ideia de que a maior parte das pessoas que vende no Porto de Bandim tem a noção do perigo que enfrenta, mas arisca-se a fazê-lo para conseguir sustentar as famílias neste momento difícil que o mundo atravessa.
“Ficamos aqui a vender e a pedir ao mesmo tempo a Deus para que a doença não chegue aqui no Porto de Bandim, porque é um espaço sagrado de Bande e até neste momento que o país registou mais de 30 casos, ainda não ouvimos que alguém tenha ficado infetado neste espaço, de maneira que vamos continuar a trabalhar neste período determinado pelas autoridades, das 07 às 11 horas para conseguir algo de comer com famílias”, sublinhou.
O repórter de O Demicrata relatou ter encontrado no terreno apenas dois baldes de água para a lavagem das mãos num dos portões que dá acesso ao interior do mercado. Porém, na altura estavam vazios, porque as primeiras pessoas a chegar no local terão esgotado tudo. Segundo as informações, as forças de defesa e segurança continuam a trabalhar no senrido de fazer cumprir as recomendações das autoridades.
VENDEDORAS RECONHECEM O PERIGO DA INFEÇÃO NO NOMERCADO COM AGLOMERAÇÃO DAS PESSOAS

O jornal O Democrata falou com a presidente da Associação das Mulheres Vendedeiras do Porto de Bandim. Inácia da Silva foi bastante crítica em relação ao período decretado pelas autoridades nacionais. Conduto, disse que apesar de ser muito reduzido permite as vendedeiras conseguir algo para sustentar a família.
A responsável das mulheres vendedeiras reconheceu o perigo que o porto representa neste momento da doença de Coronavírus, devido à grande aglomeração e circulação de pessoas, mas é a única forma de ajudar as populações para conseguirem algo para comer. Pediu por isso às autoridades a apoiarem-nas com máscaras de proteção e produtos de higiene para se prevenir da doença e evitar que se propague.
“Chegamos às 6 horas da manhã para vender e às 10h:30 minutos começamos a abandonar o local, portanto queremos louvar essa medida das autoridades do país que ajudou não só as vendedeiras como também a população em geral”, notou.
Inácia da Silva explicou que devido à ameaça que essa doença reptesenta decidiran sair do interior do mercado para vender seus produtos no ar livre, evitando assim sufocar as pessoas, porque “é o caminho mais fácil para apanhar a doença”.
“Vender perto do mar é melhor, porque a água salgada é sagrada e evita várias coisas entre quais a doença, por isso apelamos às autoridades nacionais para que nos mantenham aqui e no mesmo horário estipulado para ajudar o povo que neste momento enfrenta não só a doença como também corre o risco de passar fome neste período de quarentena”, lamentou.
Assegurou que a sua organização limpa o porto todos os sábados como forma de manter as condições higiénicas para que as pessoas possam praticar atividades, sem contaminação.
Inácia da Silva aproveitou a entrevista para pedir às autoridades no sentido de lhes apoiar com os produtos de limpeza, máscaras e luvas para a higenização própria e do local.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A
6.04.2020