A história do mercado de bandim caracteriza-se pela sua rápida evolução. Contudo, o seu surgimento remonta ao início da década de 60. O entreposto recebeu, numa primeira fase, a denominação de beco de bandim, alterada alguns anos mais tarde, com o incremento das trocas comerciais, para a feira de curva de bandim.
Nos finais dos anos 40, entretanto, iniciou-se um processo de intensificação dos laços tradicionais e comerciais entre o regulado de Bôr e o reino de Intim, em decorrência das vantagens emergentes da autorização dada pelo Governo colonial português para a criação de postos comerciais junto aos terminais de transporte localizados, ao longo das principais artérias que ligavam os reinos de Bissau – Bôr – Prabis – Biombo.
No cume do planalto do reino de Intim (Alto Krim) e ao longo da via que dá acesso ao reino de Bôr foram criadas três grandes terminais de transportes.
O primeiro, localizado no alto Krim, junto aos armazéns comerciais da, então, Casa Gouveia, onde hoje se situa o supermercado Titina e Assembleia Nacional Popular;
O segundo, junto à então taberna de Caracol, no nó viário de acesso ao reino de Bandim e à Chapa de Bissau, onde actualmente se localiza o pólo secundário do mercado de Bandim – conhecido por feira de caracol; e
O terceiro e último, situado no nó viário intermediário que liga a estrada de Bôr à entrada de Bandim e que dá acesso aos estaleiros do, então, Porto de Paralta (Curva de Bandim). É neste local que nasceu o actual mercado de bandim.
Por conseguinte, o mercado de Bandim não surgiu na base de uma planificação urbanística previamente concebida pelas, então, autoridades municipais de Bissau. O seu surgimento deve-se, principalmente, a imperativos de ordem económica, ditados pela necessidade dos habitantes de Bôr de aproveitar as melhorias das vias comunicação com Bissau visando dinamizar as relações comerciais, no que concerne à evacuação dos seus produtos.
Dada a crescente dinâmica das transacções comerciais, devido a intervenção das autoridades coloniais, particularmente no domínio das infra-estruturas rodoviárias, em Bissau e nas localidades limítrofes como Bôr, Biombo, etc., a Feira de Curva de Bandim começou a apresentar novas exigências. Para já começou a colocar-se um problema de espaço, mas também, se levantava o problema da segurança das pessoas que frequentavam a zona da feira.
Uma vez que a feira se situava junto à estrada, a aglomeração de cada vez pessoas, devido à intensificação das trocas comerciais, associada ao aumento dos acidentes de aviação. A situação levou as autoridades coloniais a prestarem uma certa atenção à sua evolução.
A solução encontrada veio a ser a mudança da feira para um novo espaço, mais seguro, onde actualmente se situa o mercado de bandim.
É evidente que esta transferência do mercado cedo começou a pôr em relevo o problema de espaço, sobretudo, porque o novo espaço do mercado fazia parte de uma importante aldeia de regulado pepel de Intim: Krim. Nesse território havia lugares sagrados de veneração da etnia pepel, onde ao mesmo tempo se realizavam e comercializam bens.
A Guiné-Bissau tem, segundo o censo de INEC – 2009, uma população estimada em 1.548.000 habitantes, entre os quais cerca de 1/3 vive na cidade capital – Bissau, estes por sua vez dependem, indirecta ou directamente, do mercado de bandim para o seu sustento, em termos de alimentação, sobrevivência, rendimento individual ou familiar.
Há, por conseguinte, uma necessidade premente da melhoria da qualidade de instalações físicas do mercado de bandim, tanto para o benefício dos seus utentes (comerciantes), quanto para os seus “beneficiários” de bens e serviços oferecidos no mercado mais popular guineense, na medida em que, estamos perante o maior centro comercial do país que movimenta – milhões de dólares anualmente – para a economia nacional.
É preciso, no meu ponto de vista, criar, estruturar e implementar a planificação e organização urbanística do mercado de bandim para fazer face aos novos desafios. Ou seja, que acompanhe a evolução urbana, populacional e comercial dos dias actuais.
Santos Fernandes
Fonte: Bandim: subsídios para uma política de apoio ao pequeno negócio. Lala Kema. INEP. Bissau, 2001.
Boa noite!
Gostaria de saber mais sobre a familia Bandim, tenho o mesmo como meu sobrenome e queria saber de mais informações e se alguem poderia me falar.