HOMENS FARDADOS VANDALIZAM A RÁDIO CAPITAL

As instalações da Rádio Capital FM (CFM) foram assaltadas na madrugada deste domingo, 26 de julho de 2020, por um grupo de homens fardados e armados com AK-47, que destruíram os equipamentos e deixaram alguns materiais no lixo, impedindo a estação emissora privada de funcionar nos próximos dias. 

A Capital FM é uma iniciativa lançada em 2015, por um grupo de jornalistas liderados por Lassana Cassamá, atualmente correspondente da Voz de América no país.

Para além da estação em Bissau, o grupo Capital Média, dono da rádio, conta também com uma rádio comunitária na região de Gabú, a “Leste FM” e um jornal online, a Capital News.

O assistente técnico do diretor executivo da Rádio Capital FM, Sabino Santos, explicou na sua declaração aos jornalistas que o assalto “é reflexo de covardia, de incompetência e de ignorância de muita gente”. Contudo, diz não acreditar que pessoas instruídas deste país e que provavelmente estão a frente dos destinos do país possam concordar com atos desta natureza.

“Eu digo isso, porque!? Por que, infelizmente, baseando nas explicações do segurança de serviço na momento do assalto, quem veio à rádio foram homens armadas com armas automáticas. Armas que só o Estado tem o direito de possuir, enquanto garante de segurança das pessoas e bens. Usavam uniformes policiais. Essa descrição de quem esteve presente faz-nos acreditar que o ato tem alguma ligação com pessoas do Estado”, referiu.

O jornalista e apresentador do programa “Grande Júri” da Rádio Capital assegurou que a direção não vai dizer que terá sido o Estado quem ordenou o assalto, mas “provavelmente o Estado não conseguiu controlar os seus homens e vieram praticar um ato ignóbil, covarde e de injustiça que não deveria acontecer no estado do direito”.

Solicitado a pronunciar-se sobre as frequentes ameaças que a rádio e os seus jornalistas recebem todos os dias, disse que não quer acreditar que as pessoas não tenham  capacidade de avaliar e compreender a linha editorial da rádio.

“Desde a nossa existência e já lá vão cinco anos, sempre que alguém diz que nós estávamos a ser empurrados por outra pessoa, cujo nome não vale a pena aqui mencionar, foram cinco anos e nestes anos todos, nós convivemos praticamente com seis ou sete regimes e a linha editorial foi sempre a mesma. Não havia motivos porque as pessoas compreenderam que não trabalhamos com base em algum tipo de motivação! O problema que se coloca é que nós trabalhamos aqui com muito profissionalismo,  tanto que não temos nenhum jornalista com processo judicial, porque nós estamos num estado de direito. Nós acreditamos que,se eventualmente alguém se sentir lesado com alguma informação da rádio capital, que avance para a instância judicial”, frisou.

O ministro da Presidência do Conselho de Ministro, Assuntos Parlamentares e Porta-voz do Governo, Mamadu Serifo Jaquité, esteve no local acompanhado pelo ministro do Interior, Botche Candé e pelo Secretário de Estado da Comunicação Social, Conco Turé, para demostrar a solidariedade do executivo com a direção da rádio.  

O governante aproveitou a ocasião para condenar o assalto que considera um ato de vandalismo, ignóbil e desproporcional à garantia do direito de estado democrático.

“O governo liderado por Nuno Gomes Nabian condena veementemente essa atitude de pessoas que estão contra o desenvolvimento da Guiné-Bissau, porque numa sociedade democrática, dejustiça e que aspira o desenvolvimento, não é admissível, de forma alguma, atentar contra os direitos fundamentais de qualquer cidadão, sobre o direito à voz, à  opinião e direito à livre expressão” assegurou para de seguida garantir que o executivo ordenou ao Secretário de Estado da Comunicação Social para reunir imediatamente as organizações da classe (SINJOTECS e ORDEM DE JORNALISTA).

Jaquité informou que a Polícia Judiciária já esteve no local para efeitos de investigação, tendo prometido que o governo vai fazer também o levantamento necessário e que vai apurar  responsabilidades do assalto.

“Qualquer pessoa que tiver alguma informação capaz de ajudar o governo a apurar responsabilidades sobre o assalto à rádio, que faça o favor de nos ajudar a chegar a identificação dos responsáveis. Amanhã, segunda-feira, o governo vai emitir oficialmente um comunicado para repudiar esse ato. Somos apologistas da democracia, da liberdade de expressão e de uma Guiné em que todos tenham o direito de se expressar livremente, mas de forma responsável”, sublinhou.


Por: Assana Sambú

Foto: A. S  

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