
O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, afirmou esta segunda-feira, 03 de agosto de 2020, que o país precisa de governantes com visão de desenvolvimento e que sabem conformar as suas atuações com os princípios da legalidade, e não de dirigentes que só sabem agir à margem das leis e decretos emanados pelo próprio Estado.
Júlio Mendonça falava à margem da comemoração de 03 de agosto, dia do massacre de Pindjiguiti, que vitimou mais de 50 pessoas em protesto pela melhoria salarial na então administração colonial.
Lembrou que todos os trabalhadores efetivos têm direito à progressão e que a iniciativa de avaliação do desempenho não deve ser da responsabilidade do trabalhador, mas do executivo. Por isso, defendeu que ninguém deve ser vítima da inércia do Estado.
Júlio Mendonça disse que a UNTG decidiu colaborar com essa iniciativa para garantir maior eficiência racionalização nas despesas do Estado, com o pessoal administrativo, garantir o reajuste de pensão dos aposentados e dignificação dos servidores públicos, através do aumento salarial com o horizonte mínimo de cem mil francos Cfa na Função Pública.
O sindicalista alertou o governo que a paciência dos sindicatos está no limite e que não permitirão jamais que os princípios da legalidade sejam violados, por isso vão lutar e proteger o bem comum dos guineenses, combater à corrupção, o nepotismo no aparelho de Estado e promover a justiça, não apenas a nível dos tribunais, como também na administração pública, apelando aos deputados da nação a aprovar o novo código de trabalho, “cumprindo assim a missão que a Constituição da República lhes conferiu”.
O secretário-geral da UNTG assinalou que, enquanto representantes dos trabalhadores guineenses, o seu objetivo resume-se apenas na promoção dos direitos e na defesa dos interesses legítimos de todos que prestam serviço, com dignidade ao Estado e os que pagam impostos na Guiné-Bissau.
Por isso nunca aceitarão o discurso que persiste na manutenção do sofrimento daquelas pessoas que serviram o Estado nas empresas públicas e por motivos inerentes à má gestão dos políticos, colocaram essas empresas públicas em dificuldades financeiras.
“Assim, exigimos ao governo que comece o mais breve possível, o pagamento faseado das dívidas contraídas com o pessoal afeto a essas empresas. As manobras dilatórias que estamos a assistir entre os ministérios das Finanças e o da Economia não serão toleradas e brevemente sentirão a nossa fúria”, alertou.
“Ficou evidente que não teremos um Estado modernizado administrativamente, se os próprios servidores públicos honestos e trabalhadores em geral não convergirem à volta das suas estruturas sindicais e lutar com base nos instrumentos legais e garantir o bem-estar almejado”, assinalou para de seguida acrescentar que a pandemia que assola o mundo permitiu a todos perceber o quanto é frágil e desorganizado o Estado e as instituições administrativas da Guiné-Bissau.
Segundo Mendonça, houve violações gravíssimas dos direitos laborais das pessoas que pagam o imposto ao Estado e contribuem para que o sistema de segurança social funcione. Porém, lamentavelmente o Instituto Nacional de Segurança Social não foi digno do nome e objetivos que nortearam a sua institucionalização. Disse que não é justo os trabalhadores contribuintes serem esquecidos ou abandonados a sua sorte por parte de uma instituição que recebe todos os meses os descontos desses mesmos funcionários.
Por: Filomeno Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche