“NÃO PODEMOS SER HERÓIS NO GOLPE DE ESTADO OU CRIAR INSTABILIDADE” – MINISTRO DEFESA

O ministro da defesa nacional e dos combatentes da liberdade da Pátria, Sandji Fati, advertiu aos militares guineenses que não podem ser heróis com golpes de Estado ou a criar instabilidade no país, porque não foram recrutados para criar instabilidade, mas sim devem trabalhar para assegurar a estabilidade para que o país possa desenvolver-se. 

O tenente general na reserva fez estas advertências durante a cerimónia do encerramento do curso de capacitação dos comandantes de batalhões dos três ramos das Forças Armadas (Exército, Força Aérea e Armada – Marinha de Guerra Nacional), que contou com a participação de comandantes (altos oficiais) do Comando da Guarda Nacional. A cerimónia contou com a presença do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General Biague Na N’Tan, do seu adjunto e de chefes de ramos e de vários altos oficiais.

O curso teve a duração de 90 dias úteis. A formação iniciou no fim de 2019, mas foi interrompida por causa das eleições presidenciais e da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e retomado agora para a sua conclusão. Dentre os 52 formandos, 47 são do sexo masculino, apenas cinco feminino, que no fim da cerimónia receberam o certificado de participação do curso.

A cerimónia serviu igualmente para condecorar os formadores, homenagear o padrinho do curso, Embaixador de boa vontade, José Braima Baldé, o ministro da defesa e o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.

Presidindo a cerimónia de encerramento, Sandji Fati disse na sua comunicação que o que caracteriza um militar ou um oficial é aaprendizagem contínua e permanente para que possa estar a altura das missões que o governo ou a pátria lhes confia. Acrescentou que durante o curso, os formandos puderam debruçar-se sobre a história e arte militar que considera extremamente importante.

“As Forças armadas da Guiné-Bissau têm uma história rica. Ouvi aqui as doutrinas ministradas pelos formadores, como da NATO e do Pacto de Varsóvia. Recordo que na nossa tese, defendemos que a doutrina da Guiné-Bissau é híbrida. No período da luta, ouvimos que havia um corpo do exército, comparando-o com a da NATO (ocidente) e Varsóvia (leste) não são a mesma coisa. O corpo de exército é constituído por três bi-grupos e conta ainda com um grupo que usa RP-17 e mais a bateria, então chamamos a este grupo de corpo do exército. A NATO tem um batalhão composto por 600 efetivos e nós com 200 homens, mas conseguimos confrontá-los”, notou.  

“Quem perde com a instabilidade ou a guerra, são os próprios militares. Os nossos políticos dizem que querem um estado do direito e democrático, mas como é possível ter um estado do direito democrático  sem umas forças armadas democráticas e republicanas!? Como…? O esforço do governo deve ser basear-se na criação das condições para que os nossos militares se transformem numas forças armadas republicanas e não há outra forma”, assegurou.

O ministro da defesa nacional afirmou que, nas reuniões semanais que mantém com o chefe de Estado-Maior, concluíram que um dos maiores pontos fracos registado tem a ver com a gestão criteriosa dos recursos humanos. Questionou, neste particular, a forma de atribuição de patentes nas forças armadas, que deve ser redefinida para acabar com especulações junto dos mais novos.  

“Temos a responsabilidade de formar e ajudar na transformação das nossas forças armadas numa força republicana. Não podemos entrar emespeculações do tipo; Biague promoveu o fulano porque é balanta. Recusou de promover-me, porque sou mandinga, não é assim. Temos que basearmo-nos num critério bem definido”, exortou. 

Em nome dos formandos, o Major Arnaldo Feitas Embana, disse que a missão de comandar é insubstituível e que a mesma requer deles a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante a formação, para fazer face aos desafios atualmente impostos aos militares, em particular a um oficial superior”.


Por: Assana Sambú  

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