Os populares da vila de Malam Baió, bairro 8, região Bafatá, a três quilómetros da ponte do rio Geba, ficaram, por vários dias, expostos ao sol e à chuva, a viver em barracas improvisadas, em consequência das inundações ocorridas nesta época das chuvas.
Os dados avançados pela equipa local de seguimento do sinistro apontam que, até 19 de setembro, as águas fluviais fizeram ruir vinte e oito (28) casas e inundaram cinquenta outras, que ficaram parcialmente destruídas, com rachaduras nas paredes.
Os responsáveis das organizações locais estimam que cerca de duzentas pessoas possam estar desalojadas e na eminência de enfrentar doenças diarreicas, o paludismo e infeções, se medidas urgentes não forem adotadas para sanar a situação e minimizar os efeitos das chuvas torrenciais deste ano.
O Serviço da Rede de Observação Meteorológica do Instituto Nacional da Meteorologia da Guiné-Bissau (INM) através do seu responsável, Cherno Luís Mendes, alertou que o período das chuvas poderá prolongar-se mais do que o habitual e que o país continuará a ter grande quantidade de chuva nos meses de setembro e outubro e com a possibilidade de chover até novembro.
Cherno Luís Mendes lembrou na entrevista ao semanário O Democrata que, depois do temporal sentido no início do mês de junho, existe também a possibilidade de ventos fortes ocorrerem em finais de setembro e inícios de outubro, com a deslocação da Frente Intertropical do norte para sul. Por isso, apela à população a ter muita cautela e evitar de recorrer às árvores de grande porte, sobretudo quando chove com intensidade e com ventos fortes.
As testemunhas da vila de Malam Baió, abordadas pelo O Democrata relataram que há trinta anos nunca tinham visto situação como a que aconteceu este ano àquela comunidade, deixando cerca de duzentas pessoas em situação de penúria, sem água potável e com sérios riscos de enfrentar a fome, porque os campos agrícolas foram também todos inundados e a produção ” está na estaca zero”.
Apesar das diligências feitas pelas autoridades locais, que forneceram duas motobombas para drenar a água do local, setenta e duas horas de tentativas de retirar a água das habitações, a comunidade continuou impotente perante a água. Um habitante local, vítima da inundação e que viu a sua casa ruir , informou ao repórter de O Democrata que a sua família está sem abrigo e que ele, enquanto chefe de família, teve que recorrer a um carro abandonado para se abrigar, mas teme que possa contrair doenças nos próximos dias se a situação se mantiver.
“As famílias estão sem abrigo. Nesta comunidade ninguém pode abrigar ninguém, todos estamos em risco de enfrentar problemas graves de saúde, devido à humidade e à condição habitacional. Seremos obrigados a aglomerarmo-nos em tempos da pandemia, sem respeitar os distanciamento físico”, lamentou Dundo Baldé, chefe de uma família que viu também a sua casa ruir.
Em reação e depois de ter recebido explicações detalhadas do deputado do Circulo Eleitoral Nº 12, Adulai Baldé (Nhiri Bui), a ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social, Maria da Conceição Évora, que fez uma escala rápida no local, proveniente de Gabú, onde esteve em missão humanitária, prometeu que enviaria tendas para socorrer os desalojados.
Contatado por telefone para confirmar a informação, o assessor da ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social para a área de comunicação social confirmou ao O Democrata que seriam quatro tendas de acampamento para cinco (4/5) famílias, o que corresponderia a uma média de cinquenta (50) pessoas por tenda (50/1). Para além das tendas de acampamento, sabe-se também que o ministério da Mulher, Família e Solidariedade Social estava a diligenciar para enviar arroz, materiais de proteção contra a Covid-19, detergente, açúcar aos sinistrados.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S