Início do ano letivo: PRINCIPAIS LICEUS DE BISSAU DESERTOS E SEM ALUNOS

Apesar de o governo da Guiné-Bissau ter declarado, oficialmente, no passado dia 29 setembro último, o início do ano letivo 2020/2021 para esta segunda-feira, 05 de outubro, as salas de aulas dos principais liceus de Bissau visitados pelo repórter de O Democrata, nomeadamente: Liceu Nacional Kwame N’krumah, Rui Barcelos Cunha, Agostinho Neto, Samora Moisés Machel e Liceu Jorge Ampa Cumelerbo, estavam totalmente vazias, sem alunos, não obstante a decisão do executivo liderado por Nuno Gomes Nabian, que declarou 05 de outubro deste ano como data para o começo das aulas em toda a extensão do território nacional.

Esta manhã, o repórter do semanário O Democrata percorreu os cinco principais liceus da capital esta segunda-feira, 05 de outubro do ano em curso, mas não encontrou alunos nas salas de aulas. Dos poucos alunos que se encontravam na escola, a maioria estava concentrada no recinto, a confirmar a inclusão dos nomes nas listas afixadas nos painéis de informação, para identificar as turmas, os horários e os períodos de frequência de aulas, como também nas salas da confirmação de matrículas, para aqueles que ainda não tinham regularizado as suas situações.

Na sequência das medidas restritivas adotadas pelas autoridades sanitárias, em decorrência da crise sanitária provocada pelo novo Coronavírus em termos da higiene, o repórter constatou, nos liceus visitados, baldes com água e sabão colocados junto aos portões principais de cada liceu para a lavagem das mãos antes de acessar ao interior da escola, como também o uso obrigatório das máscaras como forma de evitar a contaminação e a propagação da doença, que está a ceifar vidas humanas em todo mundo.

Ouvido pelo o repórter do Jornal O Democrata, o diretor do Liceu Nacional Kwame N’krumah, Idrissa Cassamá, disse que a ausência de alunos das salas de aulas tem a ver com a confirmação tardia das matrículas dos alunos internos como também os de novo ingresso.

“Só hoje, no dia em que se deveria iniciar as aulas, é que os alunos começaram a frequentar massivamente a escola para regularizar as matrículas em curso há dois meses”, criticou.

O responsável do liceu Nacional Kwame N’krumah assegurou que os professores daquele liceu estão prontos para lecionar, desde que haja alunos nas salas de aulas. Idrissa Cassamá informou que a escola que dirige decidiu colar nomes de todos os alunos internos nas respetivas turmas, permitindo que cada aluno trouxesse apenas a sua peça de identificação para confirmar a matrícula.

Questionado sobre as diligências que estão a ser tomadas para evitar que a ausência de alunos se torne viral, o diretor do Liceu Dr. Agostinho Neto, Ildo da Silva, frisou que a fraca afluência já está a preocupar a direção daquele estabelecimento escolar, por isso tem em marcha um plano para mudar essa tendência negativa e que estão a fazer de tudo para manter os pais e encarregados da educação informados da situação. Ildo da Silva sublinhou que, apesar desse pequeno constrangimento, a escola dispõe de produtos de higienização para a lavagem das mãos e que igualmente preparada para controlar a medida de uso obrigatório de máscaras nas salas de aulas.  

Ildo da Silva informou que até ao momento o liceu Dr. Agostinho Neto não conseguiu atingir o número de alunos inscritos de que costumava ter, porém, estão preparados para iniciar as aulas em plenitude. Acrescentou que o liceu precisa de 3.200 alunos, mas até aqui confirmaram apenas 1.050 alunos. 

Apesar desse número baseado nos nossos dados estatísticos apareceram de manhã dois ou três de cada turma, “portanto os professores são obrigados a entrar para sensibilizá-los sobre a doença”.

Ouvido também no âmbito do início oficial do ano letivo na Guiné-Bissau, o diretor do Liceu Samora Moisés Machel, Mamudu Jaló, considera que aulas se iniciam com a publicação das listas dos nomes dos alunos, não apenas com com as presença dos mesmos nas turmas. Em termos de medidas restritivas, referiu que foram colocados dois baldes com água e sabão junto ao portão principal e um no edifício principal vigiados por segurança, que alerta frequentemente as pessoas sobre a necessidade da lavagem das mãos e uso obrigatório de máscaras.

Na observação de Mamudu Jaló, a ausência dos alunos tem a ver com pouco número que confirmou a matrícula. Pode encontrar-se em cada sala 10 ou 15 alunos. O responsável assegurou que até sexta-feira passada, 02 de outubro, apenas 1300 alunos tinham regularizado as matrículas em 28 dias de matrículas, no universo de 3120 alunos que constitui a capacidade da escola.

O jornal O Democrata fez uma ronda por todos os principais liceus de Bissau, mas na Unidade Escolar Jorge Ampa Cumelerbo recebeu do diretor Lamine Sambú garantias de que Jorge Ampa estava preparado para iniciar as aulas, a começar pelos livros de presença dos alunos e dos professores, materiais de higiene nomeadamente: baldes de água e sabão e controle do uso obrigatório das máscaras. Contudo, reconheceu que única dificuldade era o pouco número de alunos que até aquela hora tinha confirmado a matrícula. Ou seja, inscreveram-se 1214 alunos, no universo de 4 mil que a escola.

Lamine Sambú exortou os pais e encarregados da educação a regularizarem as matrículas dos seus educandos, porque “as aulas já se iniciaram e ninguém será privilegiado em detrimento de ninguém, os professores vão avançar com os conteúdos, mesmo com poucos alunos nas turmas”.

Questionado sobre o funcionamento das aulas na condição em que se encontram as salas de aulas, Sambú disse que a escola funcionava no passado com piores condições do que as que tem hoje, de maneira que estão criadas as condições para funcionar e criar, a pouco e pouco, melhores condições para acomodar, tanto professores como os alunos.  

O Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior recomendou, na sequência da crise sanitária, que as turmas que albergavam 40 alunos passassem a acomodar 30, para melhor manter o distanciamento social, como também controlar o uso obrigatório de máscaras nas salas de aulas, tanto para os alunos como para os professores. Na sequência das mesmas medidas, as escolas estão obrigadas a passarem a funcionar no regime de quatro turnos para permitir que nenhum aluno fique de fora, devido a decisão tomada de reduzir o número de alunos por turmas.


Por: Aguinaldo Ampa

Foto: A.A  

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