O jovem inventor guineense, Ricardo Cá, vai apresentar a sua máquina de descasque da castanha de cajú no salão africano de invenção e inovação tecnológica a realizar-se em Brazzaville, capital do Congo Brazzaville (África central). O jovem inventor da “Praça de Bandim”, de 31 anos de idade é um dos maiores inventores guineenses, cujas habilidades criativas são reconhecidas no país.
Ricardo Cá apresentou recentemente uma máquina capaz de produzir seis blocos de uma só vez e 180 por hora.
Cá vai apresentar no salão africano a máquina de descasque da castanha de cajú, que funciona sem energia elétrica e com a capacidade de produzir até 15 quilogramas da castanha limpa por hora. A máquina funciona sem energia elétrica, apenas a pedais.
O operador senta-se na máquina, que tem a estrutura de uma bicicleta, e vai dando pedaladas, podendo produzir até 15 quilogramas de castanha descascada em uma hora.
RICARDO CÁ VAI A BRAZZAVILLE SEM REGISTO DA SUA INVENÇÃO
O jovem inventor disse, na entrevista ao nosso semanário, que está confiante no produto (máquina) que vai apresentar no salão africano de invenção e inovação tecnológica em Brazzaville, que reunirá dezenas de jovens inventores de diferentes países. Contudo, disse que vai com a esperança de figurar na lista de seis inventores a serem selecionados para a atribuição de prémios.
Apesar de estar otimista, Ricardo Cá afirmou estar preocupado com a situação da sua obra que ainda não tem o número de registo dos direitos de autor oficialmente, tendo enfatizado que o registo da sua máquina está em processo e que até ao momento da entrevista não tinha recebido o número de registo da máquina que vai apresentar a concurso. Frisou que uma das exigências do concurso é o registo da obra, porém explicou que o mesmo não o impede de participar, porque “tê-la-iam recusado à candidatura no OAPI Central”.
Cá reconheceu que a Guiné-Bissau tem pouca experiência em termos de participações de seus inventores em concursos de género, por isso desconhecem vários pormenores exigidos para participar no salão africano de invenção e inovação tecnológica. O jovem inventor explicou que, para participar num evento desta natureza, o representante de um país deve apresentar um certificado que tenha ganho no salão nacional, bem como deve apresentar o registo do equipamento a nível local e apresentar um prémio ganho no concurso realizado internamente.
Perante estes fatos, o jovem inventor lembrou que representou a Guiné-Bissau em 2018, no salão africano de invenção e inovação tecnológica realizado em Benin, mas foi desclassificado nesse evento, porque a Guiné-Bissau nunca tinha organizado o salão local naquela altura, uma das condições para que pudesse tomar parte naquele evento.
Ricardo Cá informou que recebeu, juntamente com o seu acompanhante que servirá de tradutor, uma ajuda do governo através do ministério do Comércio e Indústria no valor de duzentos (200 000) mil Francos CFA cem (100 000) mil Francos CFA cada.
Sublinhou que receberam a promessa do titular do pelouro do Comércio e Indústria, Artur Sanhá, a garantia de mais apoios para a sua participação no próximo salão africano de inventores, bem como a promessa de mais incentivos para todos os jovens inventores guineenses.
“Tenho dificuldades no que toca ao desenho técnico do meu trabalho. Tive que recorrer à outra pessoa para me ajudar nos desenhos. Eu tinha enviado uma imagem, mas era uma fotografia convertida em desenho, e depois de terem recebido esse desenho, a comissão recomendou que enviássemos um desenho técnico que explicaria, em detalhes, a minha invenção. Apesar de toda essa exigência, aceitaram os meus documentos para concurso”, revelou.
Ricardo Cá frisou que a sua participação está a ser financiada pela Organização Africana de Propriedade Intelectual da Guiné-Bissau (OAPI), a mentora da iniciativa a nível nacional e que o selecionou para representar a Guiné-Bissau no concurso regional.
Por: Djamila da Silva
Foto: D.S