Os comerciantes e agricultores da província norte exigiram esta quinta-feira, 15 de outubro de 2020, maior envolvimento do governo guineense para poderem desenvolver e dinamizar as suas atividades relacionadas ao comércio, à agricultura e ao setor industrial.
As exigências foram tornadas públicas pelo presidente da Associação dos Comerciantes, Agricultores e Industriais da Província Norte (ACAIPN), Amadú Ju Jaco Canté, na inauguração da sede nacional da organização, em Bissau.
Em declarações aos jornalistas, Amadú Ju Jaco Canté acusa o governo de minar os esforços dos seus associados, porque havia um acordo de parceria entre o executivo e a sua organização sobre a isenção das taxas de importação, mas que nunca foi cumprido.
“Temos parceiros no exterior que querem investir no país e dos quais podemos adquirir diferentes produtos de qualidade para abastecer o mercado nacional, mas o maior problema continua a ser as taxas que nos são aplicas na Guiné-Bissau, por isso estamos a operar até agora em silêncio “, indicou.
Apesar das críticas ao governo, Amadú JuJaco Canté referiu que ACAIPN já recebeu sinais positivos vindos do ministro da Agricultura para um possível encontro, onde serão definidos planos para a futura cooperação entre as duas instituições, tendo revelado que dada à burocracia da Guiné-Bissau, a organização não conseguiu enviar os seus estudantes para as universidades com quais tem parcerias.
“Enviamos os pedidos de visto desde agosto de 2019, mas ainda não conseguimos resolver nada, não obstante termos recebido da universidade para onde iam estudar o E-mail com os nomes dos estudantes. É o reflexo da desorganização do país e da falta de atenção dos nossos dirigentes. Prova disso, convidamos as duas instituições, comércio e agricultura, mas só a agricultura se fez representar”, criticou.
Defendeu no seu discurso que o desenvolvimento do país não pode ser materializado sem que os setores do Comércio, Indústria e Agricultura constituam prioridades na ação governativa, tendo frisado que o mundo está consciente que sem a produção, a industrialização e o comércio global não será possível sonhar e concretizar o desenvolvimento económico durável e sustentável.
“Esses setores são os pilares para o impulso da economia de um país, por isso devem merecer atenção especial do governo que deve criar as condições que os possa dinamizar”, assinalou, destacando que a sua organização apostará na capacitação dos seus associados, sobretudo em mecanismos de produção agrícola, transformação e comercialização de produtos nacionais, defender a sua valorização através da certificação internacional, bem como garantir que o país chegue a ter bons ingressos económicos que permitam investimentos consideráveis.
Amadú Ju Jaco Canté apelou, por isso, às autoridades nacionais a criarem as condições necessárias para que a Guiné-Bissau tenha uma boa organização das cadeias ou fileiras de produção dos produtos agrícolas, que possam ser comercializados a nível interno e exportados para o mercado internacional.
Para enfrentar esses desafios, Amadú Ju Jaco Canté destaca a formação de recursos humanos de qualidade e instituir programas de curta duração para o reforço de capacidade institucional e de recursos humanos, bem como a implementação do programa de fundo de promoção.
Por: Filomeno Sambú
Fotos: F:S