“EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS NO PAÍS NÃO TEM CORRESPONDIDO À MELHORIA DE CONDIÇÕES DE VIDA” – ONG Tiniguena

O diretor executivo da Tiniguena, Miguel de Barros, afirmou esta terça-feira, 20 de outubro de 2020, que a exploração dos recursos

naturais no país não tem correspondência com a melhoria das condições de vida, assim essa ação política não pode trazer vantagens para a comunidade.

O responsável falava na cerimônia de lançamento público do livro Guia de boas práticas na gestão dos recursos naturais na Guiné-Bissau, realizada na sede da ONG Tiniguena em Bissau. 

Miguel de Barros disse que, quando o Estado não quer perceber do estado dos seus recursos, a avaliação da sua capacidade de exploração e muito menos da adoção de políticas públicas transparentes que integrem a estrutura da sociedade na sua governança, significa que”estamos perante um estado de banditismo e isso não pode acontecer”.

O responsável da ONG Tiniguena informou que, na Guiné-Bissau, a crise do ambiente resulta na crise da governança e a crise da governança resulta da fraqueza e falta de compromisso dos atores políticos.

Adiantou que essa fraqueza da capacidade de ação política séria, ética, engajada e transformadora faz com que a visão política do Estado guineense sobre a gestão dos recursos naturais seja uma visão meramente financeira e não uma visão econômica que permita integrar a biodiversidade, enquanto elemento que deve ser preservado para que a sua exploração tenha mecanismos de durabilidade.

“É importante percebermos que o elemento mais crítico é a ação predatória do estado na exploração dos recursos naturais. Não são as comunidades que põem em causa a viabilidade dos recursos naturais, mas sim é o próprio estado, ou seja, os atores políticos engajados nas instituições do Estado que assumem papeis de agentes exploradores, usufruindo das suas posições políticas, delapidando os recursos do estado”, sublinhou.

Por seu lado, a Secretária-geral do ministério dos recursos naturais e energia, Hortência Francisco Cá, em representação do ministro, assegurou que o ministério dos recursos naturais está ciente de que a boa gestão dos recursos naturais permite o desenvolvimento e crescimento das empresas e das cidades em plena harmonia com o ambiente e que o uso consciente e controlado desses recursos ficam por mais tempo.

A Embaixadora da União Europeia no país, Sonia Neto, disse que o Guia visa colmatar as lacunas existentes na falta de materiais informativos,didáticos e adequados à população local e às organizações da sociedade civil, facilitando a apropriação dos mesmos e a melhoria da capacidade na tomada de decisões a favor do desenvolvimento das comunidades, acrescentando que a exploração dos recursos naturais na Guiné-Bissau é uma temática muito atual e de uma importância relevante, numa altura em que o país é caraterizado por uma biodiversidade extraordinária, que é um bem precioso.


Por: Aguinaldo Ampa

Foto: A.A

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *