O presidente da Federação de Boxe da Guiné-Bissau, Mamadu Saliu Sanhá, prometeu trabalhar nos próximos anos para colocar os jovens atletas nacionais da modalidade no certame internacional, como potenciais campeões africanos e mundiais.
“Atualmente os nossos jovens estão a praticar um bom nível de boxe. São jovens com muita coragem, valentia e capacidade de assimilar as técnicas. Realmente se continuarmos a trabalhar neste ritmo, nos próximos tempos poderemos ter atletas campeões em África e no Mundo”, perspetivou.
Saliu Sanhá deixou essa intenção durante uma entrevista concedida esta quarta-feira, 25 de novembro 2020, ao Jornal O Democrata para falar da vida da modalidade e dos programas em agenda desta federação para os próximos tempos, tanto a nível nacional como internacional.
Sanhá reconhece que é um trabalho bastante difícil. Contudo, assegurou que, apesar das dualidades, a sua direção conseguiu erguer boxe na Guiné-Bissau, desde que assumiu a liderança da modalidade, o que terá permitido a participação de 4 atletas guineenses na primeira eliminatória da zona africana no Senegal, Dakar, mas não conseguiram garantir a passagem para os Jogos Olímpicos de Tóquio, agora adiados para 2021, devido à crise sanitária provocada pelo novo Coronavírus (Covid-19).
Segundo a explicação do responsável federativo, para garantir o acesso aos próximos Jogos Olímpicos, os atletas terão que participar na segunda fase da competição africana, já em França, que deverá ter lugar em finais de dezembro ou princípio de Janeiro do próximo ano.
Saliu Sanhá reconhece que o potencial demostrado pelos atletas guineenses na competição em Dacar, mas lamenta o fato de não terem conseguido qualificar-se logo na primeira fase, devido à falta do ringue de qualidade na Guiné-Bissau para competições e melhorar a performance.
Apesar destas dificuldades, o presidente da Federação de Boxe da Guiné-Bissau, que foi atleta dessa modalidade, disse que está determinado em levar avante e relançar a prática de boxe e continuar apostar nas camadas jovens.
“Pensamos que com os talentos que temos no país e com a vinda dos treinadores cubanos podemos alargar os nossos centros de formação em todo o território nacional e já temos projetos para replicar esta iniciativa concretamente nas 6 regiões”, contou.
A nível das competições internas, Mamadu Saliu Sanhá revelou que a federação perspetiva abrir mais 4 academias, totalizando 10, que vão permitir formar os jovens atletas que nos próximos anos poderão começar a competir a nível nacional.
Em relação ao engajamento do governo para o desenvolvimento de boxe no país, Sanhá assegurou que o executivo tem participado nos eventos da modalidade, através do Secretário de Estado dos Desportos, embora não conseguiu disponibilizar fundos para a instituição, devido às dificuldades do país.
“A federação está sempre aberta e à espera que no futuro próximo possa merecer uma atenção especial das autoridades nacionais”, sublinhou.
“No Brasil, por exemplo, o boxe tem vivido tempos de sucesso. Nos últimos anos, conquistou várias medalhas em competições internacionais. Acredito que isso pode acontecer também na Guiné-Bissau”, afirmou, salientando que uma das pessoas por trás desse êxito “é o treinador João Carlos Soares de Barros, de 58 anos, natural da Guiné-Bissau”, contou Sanhá ao repórter de O Democrata.
O técnico nasceu na ilha de Bolama, no arquipélago dos Bijagós, e ganhou uma bolsa de estudos para concluir o ensino secundário e superior em Cuba. Foi aí que tirou o curso de Educação Física, especializando-se na modalidade de boxe. Conheceu o Brasil a convite de outro boxeador.
Por: Alison Cabral