O Secretário de Estado da Cultura, Francelino Cunha, denunciou que os funcionários do museu Memorial da Escravatura e Tráfico Negreiro em Cacheu não recebem seus salários há um ano e seis meses.
O Memorial da Escravatura e Tráfico Negreiro continua pertence a ONG-AD (Acção para o Desenvolvimento).
Francelino Cunha fez esta denúncia no quadro de uma visita conjunta efetuada, na segunda-feira feira 07 de dezembro de 2020, ao Memorial em Cacheu com a delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para as áreas de Educação e Ciência.
Segundo o governante, o museu memorial da escravatura e tráfico negreiro foi reabilitado por José Carlos Schwartz, antes do seu falecimento. “Desde então ninguém assumiu o seu papel de interlocutor entre os parceiros financiadores. Por isso os funcionários não receberam os seus salários há um ano e meio”, disse.
“O Museu Memorial de Escravatura e Tráfico Negreiro em Cacheu está num estado avançado de degradação. O governo deve assumir as despesas do museu e dos seus funcionários, por isso estamos no processo de negociação para que a secretaria do Estado de Cultura assuma a gestão do museu, a sua reabilitação e os seus funcionários”, informou.
Por sua vez, o Comissário da CEDEAO para as áreas de Educação, Ciência e Cultura, Leopoldo Amado, frisou que a sua organização está a apoiar os quinze (15) Estados membros, entre os quis a Guiné-Bissau, mas criticou que alguns desses países não têm política relacionada com a cultura.
“Sabemos que a Guiné-Bissau é um país muito rico em termos de cultura, por isso até 2021 poderá ter uma política nacional da cultura, um documento político nacional da cultura muito importante e estratégico para o desenvolvimento do país”, indicou, para de seguida revelar que o desemprego juvenil é de 50% no país, por isso as atividades culturais poderiam ser importantes para atrair jovens e ser uma oportunidade de empregabilidade juvenil e, consequentemente, sobreviver.
“A cultura tem uma potencialidade muito importante para o desenvolvimento do país, desde que seja pensada estratégica e cientificamente e transformada numa política coerente, harmoniosa e definido um plano de acção correspondente às demandas atuais”, enfatizou.
Leopoldo disse ao O Democrata que a cultura é um fator de aceleração do crescimento económico. Contudo, criticou que os guineenses nunca tiveram orgulho da sua história, porque “nunca o governo apresentou uma proposta para o prêmio do património mundial da UNESCO”.
Defendeu, por isso, que o país deve ter um plano estratégico de ação, definir as prioridades e trabalhar para o desenvolvimento dop setor.
Por: Noemi Nhanguan