REPRESENTANTE DA ONU AFIRMA QUE O “UNIOGBIS NÃO É UM FÓRUM JUDICIAL”

A chefe-adjunto para as operações de paz do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), Bintou Keita, afirmou que a instituição que dirige não é um fórum judicial. Bintou Keita respondia aos jornalistas a questão sobre aquilo que é considerado o silêncio do UNIOGBIS, em relação aos espancamentos de atores políticos e civis por supostos elementos das forças de segurança.

Em entrevista aos jornalistas, após a cerimónia de encerramento do escritório da ONU na Guiné-Bissau, Bintou Keita assegurou que a questão do antigo primeiro-ministro, Aristides Gomes, que se encontra exilado desde fevereiro de 2020 nas instalações das Nações Unidas, em Bissau, está em negociações entre as autoridades nacionais e o escritório da UNIOGBIS.

“Como devem calcular, é uma situação muito sensível. E quero acreditar que se estivessem deste lado, onde estou, certamente, não gostariam que fosse discutida publicamente”, aconselhou.

Questionada sobre o silêncio de UNIOGBIS em relação aos espancamentos de atores políticos e civis ocorridos em 2020, Keita disse ter entendido muito bem a questão, mas referiu que a resposta que se requer agora estará no relatório que o Secretário-geral, António Guterres, apresentou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, portanto “UNIOGBIS não é um Fórum Judicial”.

Sobre a possibilidade avançada pelo chefe de Estado de dissolver o parlamento, a diplomata de nacionalidade guineense de conakri  ao serviço das Nações Unidas, referiu que em todos os países há momentos, mas nem sempre esses momentos definem toda a agenda ou contexto de um país.

“Estou convencido que os guineenses são capazes de encontrar uma solução para cada problema que têm”, realçou.

Questionada pelo jornal O Democrata se a ONU teme uma nova crise na Guiné-Bissau, a representante-adjunto do Secretário-Geral das Nações Unidas para as operações de paz assegurou que não gosta de falar na negatividade ou usar palavras negativas e disse acreditar que é uma situação que pode ser resolvida e “vai ser resolvida”.

“Nunca gostei de usar palavras negativas ou falar em negatividade. Compreendo a situação, mas não queria que transferisse o seu sentimento ou palavra “medo” para mim. Eu estou confiante que é uma situação que pode ser resolvida e vai ser resolvida”, afirmou Bintou.

Por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros, das Comunidades e da Cooperação Internacional, Suzi Carla Barbosa, realçou a qualidade de projetos destinados à Guiné-Bissau, cuja discussão eficaz tem reforçado as ações e a capacidade dos atores políticos, as instituições do país e vários “setores importantes” da vida pública do país. Suzi Barbosa destacou, como algumas das realizações do UNIOGBIS, o processo de consolidação de paz, do Estado de direito democrático, o respeito pelos direitos humanos e a melhoria da governação  democrática na Guiné-Bissau.

A ministra dos Negócios Estrangeiros, das Comunidades e da Cooperação Internacional referiu no seu discurso que é chegada à altura “de a Guiné-Bissau começar a andar com os próprios pés, acompanhada dos seus parceiros”. Suzi Barbosa defendeu que os atores políticos devem “transcender as clivagens”, muitas das vezes, “artificiais”, enfrentar verdadeiros desafios e aceitar  trocar  os seus interesses pelo interesse comum, para que possa haver um diálogo sincero  e genuíno.

Defendeu, conrudo, uma luta comum contra a pobreza e desigualdades sociais.

“A Guiné-Bissau é um país de paz, da estabilidade e de boa liderança”, disse  


Por: Filomeno Sambú


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