O Presidente da República, Úmaro Sissoco Embaló, voltou a reafirmar que ganhou as eleições presidenciais de 29 de dezembro de 2019 para reformar a Guiné-Bissau e, consequentemente retirá-la do “ponto morto” em que se encontra encravado há decadas. Embaló fez estas afirmações durante o seu discurso na tradicional mensagem do fim de ano dirigido aos guineenses, no qual mostrou a sua firmeza de engajar-se na mudança e reforma, mas sempre com o suporte nos preceitos constitucionais.
“Posso afirmar, sem qualquer exagero, que os dez primeiros meses do meu mandato, já forneceram bastantes provas de que a situação está a mudar. Vai continuar a mudar para corresponder às legítimas aspirações dos guineenses”.
O Presidente da República disse que o ano de 2021 marca também o início de uma década (a década de 2021-2030), que segundo ele, serão dez anos de grandes desafios. Acrescentou, neste particular, que será igualmente um tempo desafiante para a sua geração, que apelida da “geração de concreto” e, adiantando que esta geração vai deixar o legado de uma Guiné-Bissau muito diferente, de desenvolvimento económico e justiça social.
“Como aconteceu, e ainda está a acontecer no mundo, a Guiné-Bissau também não escapou aos graves efeitos da pandemia da COVID-19. No estado de saúde da nossa população, no desempenho escolar das nossas crianças e jovens, na atividade económica, etc. Todas as famílias guineenses foram atingidas, com maior ou menor intensidade” disse o chefe de Estado, que entretanto, aproveitou a oportunidade para agradecer aos profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, auxiliares, pelo esforço e por tudo o que fizeram para, no contexto difícil da pandemia, correr riscos, tratar doentes e salvar vidas.
Eis na íntegra o discurso dd Presidente da República…
Caros compatriotas,
Fidjus di Guiné,
Chegou ao fim o Ano de 2020. Um Novo Ano vai começar. Começar um Novo Ano é também uma boa ocasião para celebrarmos a nossa UNIDADE NACIONAL, O ORGULHO DE SERMOS GUINEENSES.
Fidjus di Guiné,
GRATIDÃO, é a palavra que vos dedico, hoje, quando se passou praticamente um ano, depois da última eleição presidencial. Os guineenses foram às urnas e, livremente, escolheram o seu Presidente da República. Com civismo.
Sob a garantia de competência e transparência da Comissão Nacional de Eleições. E, ainda sob o olhar atento dos observadores internacionais.
Ao povo guineense, exprimo, pois, toda a minha gratidão. Por ter feito recair, na minha pessoa, o sentido do seu voto maioritário, garantindo, assim, a minha vitória eleitoral inequívoca. Tenho a certeza de que a minha vitória eleitoral foi uma aposta na MUDANÇA, uma determinação de gente cansada dos discursos de arrogância, de discriminação negativa e de ódio.
Quero deixar aqui o meu público reconhecimento a todos os Observadores Internacionais e, em particular, à CEDEAO, NAÇOES UNIDAS, UNIÃO AFRICANA, CPLP. A verdade é que a comunidade internacional, que acompanhou de perto o nosso processo eleitoral nunca hesitou. Foi imparcial. E, muito cedo, soube quem foi o justo vencedor das eleições presidenciais, de dezembro de 2019.
Fidjus di Guiné,
O ESTADO Guineense, é a nossa UNIDADE POLÍTICA.
“Estado piquinino ka tem” – é a frase que tenho repetido mais vezes. Que me serviu para resgatar o SENTIDO DE ESTADO. Reafirmar a CULTURA de SOBERANIA.
A nova geração de guineenses precisava tanto desse RESGATE. Para novamente poder caminhar de cabeça ERGUIDA. Confiante. Sem complexos de Inferioridade. Sem MEDO. Com suporte na nossa autoestima nacional.
Foi exatamente assim que fechamos o ano de 2020. Sem nenhuma Missão Militar estacionada no nosso território nacional. Sem nenhuma Missão Política de “acompanhamento”. Tudo isso, acabou, de vez.
A consequência desta política de Estado, é evidente. Devolvemos DIGNIDADE às Forças Armadas Guineenses, símbolo da nossa Identidade nacional.
Duas paradas militares – do dia 24 de setembro e do dia 16 de novembro – demonstraram uma coisa muito importante. O povo guineense voltou a respeitar e a orgulhar-se das suas Forças Armadas. E, dessas jornadas patrióticas – de 24 de setembro e de 16 de novembro -, ficou-nos uma certeza. Os nossos convidados – chefes de Estado, e a generalidade dos diplomatas acreditados no nosso país – perceberam que a Guiné-Bissau realmente mudou.
De facto, restabelecemos a autoconfiança. Voltamos a ter voz própria. A falar e a sermos ouvidos. A sermos mais respeitados. Para começar, isto já é um dado adquirido na CEDEAO e nas instituições regionais africanas. Mas vai ser assim também nas outras organizações, de que a Guiné-Bissau é Estado-membro.
Bissau está, neste momento, em obras. São obras de requalificação de algumas artérias, significativas, da nossa cidade-capital. Os seus efeitos na circulação rodoviária, vão ser, certamente, muito positivos, para benefício de todos. Mas tudo isto foi “apenas” o resultado de um ambiente diplomático novo, de simpatia, de pragmatismo, de solidariedade. Que a Guiné-Bissau, pela ação do seu Presidente da República, está a desenvolver no quadro da CEDEAO.
A REFORMA POLÍTICA é indispensável.
O longo bloqueio político, que reduziu a Nona Legislatura a uma situação de falência da nossa instituição parlamentar, é uma lição para hoje e para o futuro. A lição de que esse passado não poderá voltar a repetir-se.
Fidjus di Guiné,
Como aconteceu, e ainda está a acontecer no mundo, a Guiné-Bissau também não escapou aos graves efeitos da pandemia da COVID-19. No estado de saúde da nossa população, no desempenho escolar das nossas crianças e jovens, na atividade económica, etc. Todas as famílias guineenses foram atingidas, com maior ou menor intensidade.
Sendo a Guiné-Bissau um país pobre e, decorrente disso, com um sistema de saúde pública, longe de ser completamente resiliente ao choque da pandemia, o Estado não poupou esforços, desde o início, para debelar e controlar a anunciada crise sanitária.
Foi criada, por decreto Presidencial, a Alta Autoridade de Luta contra a COVID-19, que permitiu agilizar, no plano funcional, quer o acompanhamento quer a resposta aos riscos e às ameaças derivadas da evolução da pandemia.
Quero salientar, em particular, a presença no terreno, de uma Missão Médica Cubana. Que veio reavivar os profundos laços de solidariedade que ligam os povos guineenses e cubano, desde a nossa luta armada de libertação nacional.
Aos profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, auxiliares – quero deixar, em nome do povo guineense, o meu reconhecimento pelo esforço consentido. Por tudo o que fizeram para, no contexto difícil da pandemia, correr riscos, tratar doentes e salvar vidas.
Caros compatriotas,
Fidjus di Guiné,
Com a minha eleição como Presidente da República, abriu-se um novo ciclo político na Guiné-Bissau. Ganhei a disputa eleitoral. Mas não é para me tornar, simplesmente, “mais um Presidente”, um presidente de turno, entregue à rotina, à velha tradição de um exercício presidencial muito próximo da irrelevância.
Ganhei para MUDAR. Ganhei para REFORMAR. Ganhei para retirar a Guiné-Bissau do ponto-morto em que se encontra ‘encravado’, há décadas. Mudar e reformar, mas sempre com suporte nos preceitos constitucionais.
Posso afirmar, sem qualquer exagero, que os meus dez primeiros meses de mandato, já forneceram bastantes provas de que a situação está a mudar. Vai continuar a mudar para corresponder às legítimas aspirações dos guineenses.
É este o COMPROMISSO que assumi com o povo guineense. Um COMPROMISSO que venho RENOVAR, hoje, nesta mensagem de Novo Ano.
Com o novo ciclo político já em curso, o ano de 2021 marca também o início de uma década – a década de 2021-2030. Vão ser 10 anos de grandes desafios.
Um tempo desafiante para a minha geração – que chamo de “geração do concreto”. Esta geração vai deixar o legado de uma Guiné-Bissau muito diferente, de desenvolvimento económico e de justiça social.
Ao terminar esta minha mensagem, desejo a todos os meus compatriotas, a todas as famílias guineenses, um Novo Ano de paz, de esperança, de trabalho e de muitas realizações.
A todos os guineenses -, os residentes no nosso país e os que vivem, estudam e trabalham longe da sua terra natal, o meu abraço de fraternidade, e a certeza da minha solidariedade.
Feliz Ano Novo!
Viva a Guiné-Bissau!