O Comandante da zona militar nº. 05, em Ziguinchor, região sul do Senegal, Souleymane Kandé, afirmou que a ofensiva desencadeada pelas forças especiais do seu país é essencialmente para destruir as bases das forças de rebeldes que considera “bandos armados” que “ataca as populações daquelas zonas”. O oficial do exército senegalês fez essas afirmações na terça-feira, 09 de fevereiro de 2021, durante uma entrevista concedida aos jornalistas, aquando da visita às zonas das linhas de fronteira onde estão a decorrer as operações de guerra.
Souleymane Kandé indicou que para desencadeamento dessa operação militar foram definidos três grandes objetivos do qual um visa essencialmente garantir as condições de segurança naquela zona e permitir que as populações deslocadas regressem às suas tabancas que alguns abandonaram há 30 anos. Realçou a colaboração das forças da defesa e de segurança da Guiné-Bissau que, segundo a sua explanação, estabeleceram uma cooperação operacional militar através da qual partilham as informações precisas que ajudaram muito nas operações desencadeadas até ao momento.
Kandé explicou que, desde o passado dia 25 de janeiro último, o comando da zona militar nº 05 conduziu várias ações armadas com o intuito de neutralizar “bandos armados” escondidos há muito tempo nas florestas de Blage e de Bissine. Acrescentou que a operação militar levada a cabo é motivada pelas ações desencadeadas pelos “bandos armados” há três meses, ou seja, de novembro a janeiro último, contra as populações.
“Os acontecimentos mais recentes ou mais marcantes foram os de desaparecimento de dois jovens na aldeia de Gnadiou, em novembro, e dois meses mais tarde foram descobertos os restos mortais. Há outras ações que esses grupos desencadearam contra as populações que frequentam a floresta de Toubacuta, portanto estes dois grandes acontecimentos são suficientes para desencadearmos esta operação militar”, contou o comandante do exército senegalês.
Assegurou que as forças armadas estão a criar as referidas condições necessárias para permitir o Estado desenvolver as suas ações, sobretudo para ajudar as populações destas zonas a beneficiarem de todo o conforto que é preciso para sobreviver, desde os serviços sociais, tais como escolas, postos de saúde e entre outros. Enfatizou que estão a desenvolver esta dinâmica da reinstalação das populações com o apoio do governador local e que conta também com a ajuda de todas as estruturas da administração, bem como dos parceiros do desenvolvimento e as ONG’s.
“Esta ação começou desde o mês de junho passado (2020), porque algumas populações conseguiram regressar e instalar-se nas suas aldeais, concretamente nas tabancas de Bissine e Bignalon”.
Kandé disse que o segundo objetivo visa essencialmente conduzir a operação com maior segurança e celeridade possível, por isso o comando engajou-se nesta dinâmica e instalar-se nessa zona com a criação de postos militares na fronteira com a República da Guiné-Bissau.
“As forças de segurança e da defesa da Guiné-Bissau desde o passado dia 29 de Novembro, como têm visto, estabelecemos uma cooperação operacional militar com as forças armadas guineenses com as quais agora partilhamos na verdade as informações que durante essas operações foram muito bem preciosas. Portanto, durante estas operações as forças da defesa e segurança guineenses desempenharam efetivamente um grande papel. E restabelecemos nas fronteiras para criar postos militares para controlar todos os pontos de passagem, até mesmos os pontos não oficiais, mas que são usados para todos os tráficos ilícitos e transportes fraudulentos de mercadorias”, vincou.
Relativamente ao terceiro e último objetivo da operação, explicou que se trata da “destruição” de todos os campos da produção de canábis, porque “esta zona é considerada como maior exportadora industrial de canábis que vão descobrir hoje e que nutre a economia criminal destes “bandos armados” instalados nesta floresta Blass”.
“Hoje todos estes três objetivos são totalmente alcançados, portanto quero lançar um apelo a todas as populações deslocadas do território nacional, designadamente: Sédhiou, nas povoações de balantacunda; Kolda ou as que refugiaram no território da Guiné-Bissau e da Gâmbia para regressam rapidamente ao Senegal e instalar-se nas suas tabancas, porque quando voltarem sentirão que já existem condições de segurança”, contou.
O Coronel Souleymane Kandé informou que as ações da reconstrução das aldeias também contaram com o apoio do chefe de Estado General das Forças Armadas do Senegal, que desembolsou um envelope de 100 milhões de Francos CFA para apoiar a reconstrução das aldeias de Bissin e Bindjalon.
Questionado se prosseguirão com as operações de ataques noutras zonas das linhas de fronteira, Souleymane excusou-se falar do assunto, mas frisou que para o exército “a guerra é continuação da política por outros meios”. Contudo, enfatizou que há o envolvimento das autoridades políticas nas negociações com alguns grupos armados que já se manifestaram a vontade de entregar as armas, por isso não se pode falar na continuidade das operações de segurança nas linhas fronteiriças.
“Mas há uma linha vermelha traçada e que doravante nenhum grupo ou bandos armados serão permitidos a pisar. Ou seja, quaisquer ações destes grupos contra a população civil serão interpretadas por nós como uma declaração de guerra. E sobre isso o exército vai ser intransigente e que não admitirá que se toque nem sequer num único fio de cabelo das populações”, advertiu.
Assegurou que nesta operação militar o que conta mais não é o número de inimigo abatido ou de armas apreendidas, mas o que mais é a criação das condições de segurança para o regresso das populações às suas aldeias. Acrescentou que estão próximos da base de Bussolun que se encontra na zona oeste, mas neste momento estão a operar na base Badjon, que foi “o centro de gravidade ou a força do MFDC, que era controlado pelos dois grandes chefes de rebeldes, David Compass e…”
Por: António Nhaga e Assana Sambú